História - Igatu (Andaraí - BA)

Cidade Iguatu (BA)

Este território foi primitivamente habitado ou visitado pelos índios Cariri e os Maracá, sendo resquícios daquela época os nomes indígenas de Andaraí e Igatu. A presença de pinturas rupestres na região indica que esta área foi ocupada por tribos indígenas. Andiray (depois transformado no topônimo Andaraí) significa andira (morcego) e y (rio) = rio de morcegos. O nome Igatu significa "água boa": é a junção dos termos y (água) e katu (bom).

O município de Andaraí localiza-se na região da Chapada Diamantina, e presume-se que a designação do nome da cidade tenha sido inspirada pela presença de grandes grutas, habitat de morcegos. O descobrimento daquelas terras ocorreu entre 1845 e 1846 e a colonização ocorreu devido ao ciclo dos minérios, cabendo a criação do povoado ao capitão José de Figueiredo, seus dois filhos, genro e alguns escravos, procedentes de Santa Isabel do Paraguaçu (atual Mucugê). 

O avanço inicial no território tinha como objetivo descobrir minas de diamante e de ouro, e aqueles pioneiros obtiveram grandes resultados na exploração de pedras preciosas. Entretanto, acossados pelas febres, eles se retiraram com destino ao Arraial da Serra do Grão-Mogol, em Minas Gerais, onde difundiram a grande fama das minas de Andaraí, o que ocasionou a invasão da região por bandos de garimpeiros que ali se instalaram, vindos de povoados vizinhos. 

Como as pedras preciosas continuavam a surgir em abundância, melhores edificações foram estabelecidas, criou-se o comércio local e indústrias de transformação, construiu-se a capela. O garimpo de diamantes impulsionou o desenvolvimento de toda a região conhecida como “lavras diamantinas” e Igatu era ponto de parada dos viajantes que percorriam os caminhos entre Andaraí e Mucugê. Quando os garimpeiros encontraram diamantes, no rio Cumbucas (região de Mucugê), o povoado recebeu muitos homens que se espalharam pela região e logo trouxeram suas famílias - de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, entre outras províncias - para o local.  

A corrida em busca de ouro e diamantes trouxe levas de garimpeiros atraídos pelas pedras preciosas encontradas, praticamente, na superfície do solo. Para a construção das casas, as famílias garimpeiras utilizaram as pedras, material abundante na região. A povoação se iniciou na área da atual sede do município, parte de Santa Isabel do Paraguaçu (atual Mucugê). 

Os primeiros povoamentos surgiram em áreas de fazendas de agricultura e pecuária que serviam aos garimpos da Chapada Velha e Rio de Contas: as mercadorias eram levadas pelos tropeiros aos povoados da região como  Comercinho, Piranhas e Passagem, este último à beira do rio Paraguaçu, em trecho que permitia a navegação e transporte até às áreas do município de Cachoeira. 

Na região, existem remanescentes dos quilombos Orobó, Tupins e Andarahy. Em 1796, o fazendeiro Dom Rodrigo de Souza Coutinho registrou a presença desses quilombos que foram destruídos e alguns de seus integrantes presos e devolvidos aos seus donos. A atual comunidade de Fazenda Velha, nas margens do rio Santo Antônio, é remanescente dos quilombos. 

O fim da escravatura, o começo da República e o achado de jazidas diamantíferas na África do Sul marcaram o começo da decadência. A produção só foi salva graças ao carbonato (o diamante negro), utilizado na indústria, que tinha mercado na construção do Canal do Panamá, na América Central. Mais tarde, seria descoberto o diamante sintético que substituiria o carbonato. 

Em 1884, Andaray foi elevada à Vila Igatu e passou à condição de distrito. O ouro verde do Brasil, o café, era também fonte de riqueza na região onde o Vale do Pati se destacou como um centro produtor de café e outros víveres, muito rico e movimentado. Sua decadência respondeu à política da época que, no intuito de favorecer os cafeicultores do sul, levou à destruição dos seus cafezais pelos produtores locais. Ao longo do tempo, o impacto ambiental provocado pela atividade garimpeira artesanal provocou o assoreamento nos rios, o que foi agravado no século XX: entre 1970 e 1980 o garimpo mecanizado utilizava dragas com motores a diesel que despejavam óleo nos rios contaminando as águas.

Finalmente, o assoreamento dos rios, a devastação das matas nativas e a poluição levaram à extinção da atividade, em 1996. Entretanto, o garimpo ainda se sobressai como um traço cultural e econômico no município, e os garimpeiros buscam a regularização de sua atividade junto aos órgãos públicos responsáveis pela conservação do meio ambiente, com projetos que reduzam o impacto ambiental por meio de reflorestamento e reconstituição do solo explorado.

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