São Cristóvão (SE)

O conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico de São Cristóvão concentra o maior número de ações do Iphan em Sergipe. Os primeiros tombamentos ocorreram na década de 1940 e o conjunto foi tombado em 1967. A cidade é considerada um registro único e autêntico de um fenômeno urbano singular no Brasil, período durante o qual Portugal e Espanha estiveram unidos sob uma única coroa, nos reinados de Felipe II e Felipe III, entre 1580 e 1640.

Em São Cristóvão, houve a fusão das influências das legislações e práticas espanhola e portuguesa na formação de núcleos urbanos coloniais. Primeira capital de Sergipe e quarta cidade mais antiga do Brasil, está situada no alto de uma encosta e, portanto, dividida entre cidade baixa e alta, onde as construções religiosas determinam seu traçado.  O chão de pedra, a arquitetura colonial, as igrejas e museus compõem o seu patrimônio histórico, artístico e cultural. A música faz parte desse cenário secular.

História - Cristóvão de Barros fundou a povoação, sob a denominação de São Cristóvão de Sergipe d'EI Rei, em 1590, após construir o Forte Cotengiba, junto à foz do rio Sergipe. Esse local foi o centro inicial da colonização e organização da Capitania de Sergipe. Sem boas condições de segurança, por duas vezes o povoado deslocou-se de lugar até se estabelecer definitivamente à margem do rio Paramopama, em 1607, com o nome de São Cristóvão. Também nessa época foi transferida para São Cristóvão a sede da capitania.

A povoação tornou-se distrito da freguesia de Nossa Senhora da Vitória, na Bahia, em 1617. Em 1636, foi invadida, assaltada e incendiada por tropas holandesas, só retornando ao controle do governo português, em 1645. No período da presença holandesa no Brasil (1630 – 1654) a cidade foi praticamente destruída e, durante seu lento processo de reconstrução, a arquitetura religiosa teve papel preponderante na sua nova configuração. Em 1763, a Bahia, Sergipe, Ilhéus e Porto Seguro foram reunidos em uma só província, e Sergipe tornou-se responsável por um terço da produção açucareira baiana.

No começo do século XIX, Sergipe tinha economia própria e o seu principal produto era o açúcar. Criava-se gado e produzia-se também algodão, couro, fumo, arroz, mandioca, produtos exportados para as capitanias vizinhas. Em 1823, São Cristóvão passou à categoria de cidade, quando foi criada a província de Sergipe. Nessa época, a cidade baixa se ampliou com funções de residência e comércio e a cidade alta, limitada topograficamente, atingia o auge de seu desenvolvimento. A partir de 1855, com a transferência da capital da Província de Sergipe para Aracaju, o município viveu um processo de despovoamento e crise, retomado nas décadas seguintes com o advento da via férrea e das fábricas de tecidos.

Monumentos e espaços públicos tombados: Convento e Igreja de Santa Cruz; Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo; Museu Histórico do Estado de Sergipe; Conjunto Carmelita; igrejas da Matriz de Nossa Senhora das Vitórias, da Ordem Terceira do Carmo (Igreja de Nosso Senhor dos Passos), de Nossa Senhora do Amparo, de São Francisco e de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos; praças da Bandeira,  de São Francisco, e do Senhor dos Passos (Largo do Carmo); ladeiras de Epaminondas (Beco da Poesia), do Porto da Banca, e do Açougue; Beco do Amparo; Largo do Rosário; e Engenho Poxim e Capela de Nossa Senhora da Conceição, entre outros.

Praça de São Francisco - Destaca-se, entre o patrimônio tombado e apresenta um conjunto monumental excepcional e homogêneo, composto de edifícios públicos e privados. Construída entre os séculos XVI e XVII, demonstra de forma singular a fusão das influências das legislações e práticas espanhola e portuguesa na formação de núcleos urbanos coloniais. A Praça constitui um assentamento urbano que funde os padrões de ocupação do solo seguidos por Portugal e as normas definidas para cidades estabelecidas pela Espanha. Dessa forma, sua autenticidade está explícita em seu desenho, entorno, técnicas, uso, função, e contexto histórico e cultural.

O entorno da Praça abriga a Igreja de Misericórdia, o Palácio Provincial e Casario Antigo, Igreja e Convento de São Francisco, a Capela da Ordem Terceira (atual Museu de Arte Sacra), Santa Casa, Museu de Sergipe e a Casa do Folclore Zeca de Noberto. Implantada de acordo com o comprimento e a largura exigida pela Lei IX das Ordenações Filipinas, incorpora o conceito de Praça Maior tal como empregado nas cidades coloniais da América hispânica, inserida no padrão urbano português de cidade colonial em uma paisagem tropical. Por isso, pode ser considerada uma simbiose notável do planejamento urbano de cidades de origem ibérica. Edifícios institucionais civis e religiosos relevantes - o principal deles é o complexo da Igreja e Convento de São Francisco - transmitem valor universal excepcional e estão intactos e completos.

Museu Histórico de Sergipe - Localizado na Praça São Francisco, é um prédio do século XVIII e abriga os principais elementos que ajudam a contar a história de Sergipe. O acervo reúne relíquias como o famoso quadro de Horácio Pinto da Hora, que retrata Ceci e Peri (personagens principais do romance, O Guarani, de José de Alencar), móveis, documentos, moedas, louças e outros objetos que revelam a importância de São Cristóvão no contexto histórico.
 
Igreja Matriz de Nossa Sra. da Vitória - Edificada no largo de um outeiro, configurou o núcleo inicial da cidade alta. Após a década de lutas entre holandeses e portugueses no território de Sergipe (1637-1647), a cidade começou a ser reconstruída e expandida a partir de ligações e prolongamentos derivados da implantação do Convento de São Francisco (1693), do Convento e Igreja da Ordem Terceira do Carmo (1699), da Igreja e Santa Casa de Misericórdia (do início do século) e da Igreja do Rosário dos Homens Pretos (1746).

Convento e Igreja de Santa Cruz (Convento e Igreja de São Francisco) - Atual Museu de Arte Sacra, reúne um dos acervos mais completos do Brasil. A pedra fundamental para construção do convento foi lançada em 1693 e as obras contaram com as esmolas recolhidas entre a população da cidade. Durante o século XIX, as instalações do convento foram utilizadas pela Assembleia Provincial e Tesouraria-Geral da Província, e também hospedaram as tropas federais que combateram os revoltosos de Canudos, em 1897. O convento foi reformado por frades alemães, em 1902.

Obras do PAC Cidades Históricas

Restauração:
Sobrado do Balcão Corrido
Sede da Prefeitura Municipal
Antiga Casa de Câmara e Cadeia
Igreja Nossa Sra. do Amparo
Igreja Nossa Senhora do Rosário
Convento São Francisco
Prédios da Estação Ferroviária e Capelinha
Museu de Arte Sacra de São Cristóvão

Requalificação urbanística:
Esplanada dos prédios da Estação Ferroviária e Capelinha

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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