Aleijadinho e o Santuário patrimônio da humanidade

publicada em 20 de novembro de 2014, às 13h16

 

Inscrito no livro do tombo de Belas Artes pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1939 e considerado patrimônio mundial pela Unesco em 1985, o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG), é a obra prima do mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Datada de 1757, a construção deveu-se a uma promessa do português Feliciano Mendes por ter sido curado de enfermidade adquirida com a lavoura da mineração. Assim, inspirado em outros dois templos religiosos de seu país - Bom Jesus do Monte, em Braga, e o de Matosinho, na cidade do Porto – o Santuário brasileiro foi custeado inicialmente por Feliciano via esmolas recolhidas nas estradas mineiras e, posteriormente, pelos administradores do espaço.

Com grande visitação turística, o conjunto é formado por uma igreja, com interior em estilo rococó; seis capelas dispostas lado a lado denominadas de Passos – ilustrando a Via Crucis de Jesus Cristo; um adro murado e uma escadaria externa monumental decorada com estátuas de 12 profetas esculpidas em pedra-sabão entre 1800 e 1805 por Aleijadinho. 

A escolha de 12, dentre os 16 profetas que constituiem a série do antigo testamento, deveu-se, de acordo com a especialista em arte sacra e colonial do Brasil, Myriam Andrade, a já disposição arquitetônica dos suportes para as esculturas. Assim, o artista restrito a este número, selecionou os profetas na ordem de sua entrada na bíblia, excluindo Miquéias para dar lugar a Habacuc. Cada um deles traz lateralmente o texto de sua profecia gravados em latim nos rolos de pergaminhos.

A riqueza de detalhes pode ser percebida pelos visitantes, seja no expressionismo das estátuas ou nas exóticas vestimentas dos profetas barrocos. Esta última foi inclusive tema de pesquisa do historiador Robert Smith, que verificou referências à arte religiosa portuguesa no período de 1500-1800, inspirada nas pinturas flamengas do final da era medieval.

Entretanto, a genialidade de Aleijadinho pode ser apreciada durante todo passeio pelo Santuário. Na banqueta do altar mor da igreja, estão dispostos quatro bustos dos santos Ambrósio, Augostinho, Jerônimo e Gregório. Nas seis capelas que representam a Via Crucis – ceia, horto das oliveiras, prisão, flagelação, coroação de espinhos, cruz-às-costas e crucificação – estão 64 esculturas de madeira em tamanho natural que evocam cenas de drama teatral dado o movimento, a perfeição dos traços e as expressões das figuras executada por Aleijadinho e seus oficiais durante três anos, de 1796 a 1799.

Com idade já avançada e enfermo devido a doença degenerativa que o acompanhava, suas atividades em Congonhas podem ser consideradas, segundo a especialista Myriam Andrade, a última obra importante na carreira de Aleijadinho, cuja atividade nos dez anos que precederam sua morte, em 1814, reduziu-se praticamente à supervisão do trabalho de seus discípulos.

Profetas digitalizados em 3D
Em 2011, um trabalho realizado pelo Iphan e pela Unesco buscou estudar e guardar em meio digital toda a particularidade da obra executada por Aleijadinho em seus 12 profetas. As estátuas receberam o que existe de mais moderno em tecnologia de digitalização em 3D (três dimensões) e robótica, e pela primeira vez no mundo, um robô industrial utilizado em linhas de produção, como de automóveis, foi usado em um projeto de preservação de obras de arte.

Digitalizá-las possibilitou monitorar o estado de conservação das peças frente ao tempo, como também uma melhor compreensão das técnicas utilizadas pelo artista. Assim, atividades mais precisas na preservação e restauro das obras, bem como a produção de réplicas com grande precisão, poderão ser efetuadas.
 
Todo esse trabalho de escaneamento dos Profetas poderá ser visto por meio de um vídeo que comporá a exposição do futuro Museu de Congonhas – Centro de Estudos da Pedra e do Barroco, a ser inaugurado em 2015. O espaço reunirá uma exposição permanente com informações sobre o conjunto arquitetônico e escultórico, em seus aspectos históricos, artísticos e religiosos; um Centro de Estudos da Pedra, que funcionará como uma rede de articulação de instituições de pesquisa, ensino e extensão, para a difusão do conhecimento sobre as rochas, monitorar a integridade das esculturas do Santuário e aprimorar as técnicas de conservação e restauração; e um Centro de Referência do Barroco, que terá área de pesquisa e de documentação e uma biblioteca especializada.

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