Concurso de Monografias Sílvio Romero 2011

publicada em 12 de dezembro de 2011, às 14h05

 

O Concurso de Monografias Sílvio Romero, criado em 1959, marcava uma das primeiras iniciativas de abrangência nacional da então Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro – hoje Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular –, criada em 1958 com o objetivo de a um só tempo fomentar, reconhecer e divulgar pesquisas sobre folclore. Ao longo desses anos, o prêmio espelha as mudanças teóricas e metodológicas no campo de estudos das culturas populares, e ainda acompanha a institucionalização desses estudos nas universidades, nas áreas de antropologia, história, literatura e etnomusicologia no país. 

Para esta edição, foram apresentadas 22 monografias, sendo três delas desclassificadas por não atenderem os termos do regulamento.

1º lugar
Carnavais da Abolição – Diabos e Cucumbis no Rio de Janeiro (1879 - 1888)
Eric Brasil Nepomuceno
O carnaval é uma festa plural, assim como o conceito de liberdade o é. Sempre que vivenciados, permitem vários significados, dependendo dos atores envolvidos e das relações sociais em jogo. A partir dessas premissas, esse trabalho pretende analisar a festa carnavalesca carioca na última década de vigência do regime escravista no Brasil. Neste período e, sobretudo, nesse espaço urbano, o carnaval e a liberdade foram disputados intensamente por diversos grupos sociais.

2º lugar
O carteiro e cultura popular na Belle Époque: Alexandre Gonçalves Pinto e O choro
Pedro de Moura Aragão
Este trabalho propõe uma releitura do livro O choro: reminiscências dos chorões antigos, de Alexandre Gonçalves Pinto, a partir de ferramentas metodológicas da memória social e da etnomusicologia. O livro, lançado em 1936, se insere entre os primeiros discursos sobre a música popular urbana em um período marcado por intenso processo de solidificação da indústria fonográfica no Brasil, e aponta para a construção da memória musical do país, ao eleger uma prática musical – o choro – como fator de identidade de uma rede formada por diversos estratos sociais do Rio de Janeiro.

MENÇÕES HONROSAS
1ª Menção honrosa

Entre a roda de boi e o museu: um estudo da careta de cazumba
Flora Moana Mascelani Van de Beuque
Este trabalho apresenta uma etnografia da produção, do uso e da circulação de uma máscara, a careta de cazumba. Seu ponto de partida é a visão de que os objetos participam intensamente da vida social e cultural, ao agirem sobre a realidade por meio da ativação de diversos mecanismos de simbolização. Esta máscara, originalmente utilizada pelo personagem cazumba em uma das modalidades maranhenses da brincadeira do boi – o bumba-meu-boi encontrado na região da Baixada –, transita por contextos sociais exteriores à festa, sendo utilizado em “performances” teatrais, figurando em paredes de residências, compondo acervos de museus, etc.

2ª Menção honrosa
Entre as rodas de capoeira e círculos intelectuais disputados pelo significado da capoeira no Brasil (1930-1960)
Jorge Maurício Herrena Acuña
Como a capoeira baiana passou a ser imaginada como símbolo da identidade brasileira por intelectuais e capoeiristas entre as décadas de 1930 e 1960, buscando responder a duas questões principais: quais foram os aspectos que levaram alguns intelectuais do período a se debruçarem sobre a capoeira baiana, selecionando, para isso, certos traços, especialmente sua característica musical, na busca de interpretá-la como um símbolo de identidade regional e nacional? Como alguns dos principais capoeiristas baianos exploraram as relações e interpretações destes intelectuais e representantes do poder, confirmando ou contrariando suas ideias?

3ª Menção honrosa
O intelectual “feiticeiro”: Edison Carneiro e o campo de estudos das relações raciais no Brasil
Luiz Gustavo Freitas Rossi
O trabalho investiga a trajetória social e intelectual de Edison Carneiro (1912-1974). Não se trata, contudo, de uma biografia ou interpretação da totalidade da obra do autor. Antes, o foco do trabalho recai sobre os aspectos da prática e produção intelectuais de Edison Carneiro que dão conta de seu envolvimento com o campo de estudos ao qual ele esteve sensivelmente ligado, a saber, o campo de estudos das relações raciais e das culturas de origem africana na sociedade brasileira.

COMISSÃO JULGADORA
Daniel Bitter, doutor em Antropologia Cultural, professor adjunto da Universidade Federal Fluminense; Maria Elizabeth da Silva Lucas, doutora em Etnomusicologia, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Rosilene Alves de Melo, doutoranda em Antropologia (PPGAS/UFRJ), professora assistente da Universidade Federal de Campina Grande; Sandra Maria Corrêa de Sá Carneiro, doutora em Antropologia, professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Simone Sayuri Takahashi Toji, mestre em Antropologia Social (UFRJ), pesquisadora da Superintendência do Iphan em São Paulo.

 

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