Unesco reconhece Museu da Música, em Mariana – MG

publicada em 02 de dezembro de 2011, às 14h39

 

Um dia de festa para Mariana, primeira cidade de Minas, que está em plena comemoração dos 300 anos de elevação a “vila do ouro”. O Museu da Música, instituição vinculada à arquidiocese local, recebe nesta sexta-feira, dia 02 de dezembro de 2011, no Rio de Janeiro (RJ), o Diploma do Registro Regional para a América Latina e o Caribe, em reconhecimento à importância de seu acervo de manuscritos.

O título é concedido pelo Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Este título é de grande importância, pois se trata de uma certificação internacional. Dessa forma, esse patrimônio passa a ser não só de Mariana, mas da humanidade.

O Museu da Música, em funcionamento no antigo Palácio dos Bispos, prédio do século XVIII, abriga um dos mais importantes acervos latino americanos de música sacra manuscrita, com mais de 2 mil partituras originais. Ao longo dos anos, com serviço de restauro das obras respeitando a concepção dos seus autores, o conjunto foi salvo da deterioração, pois se encontrava em estado precário.

A cerimônia de entrega do diploma será às 14h, na Ilha Fiscal, no Rio.

Documento
A concepção do Programa Memória do Mundo é de que “o patrimônio documental mundial pertence a todos, deveria ser plenamente preservado e protegido e, com o devido respeito aos hábitos e práticas culturais, acessível de maneira permanente e sem obstáculos”. Esse é um trecho de Memória do Mundo: Diretrizes para a Salvaguarda do Patrimônio Documental, de autoria de Ray Edmondson (Paris, 2002).

Em setembro de 2004, o Ministério da Cultura criou o Comitê Nacional do Brasil do Programa Memória do Mundo da Unesco, e, desde a sua instalação oficial, em 2007, foram lançados três editais de nominação ao Registro Memória do Mundo do Brasil, dos quais resultaram 38 acervos documentais certificados.

Memória do mundo
O Instituto Memória do Mundo valoriza o patrimônio documental dos povos e traça a evolução do pensamento, dos descobrimentos e das conquistas da sociedade humana. Conforme os especialistas, a “memória do mundo” se encontra em bibliotecas, arquivos e museus do planeta, embora grande percentual corra perigo atualmente. A razão é que o patrimônio documental tem se dispersado devido ao deslocamento acidental ou deliberado, em função de “estragos das guerras” e outras circunstâncias históricas. O programa reconhece patrimônios documentais de relevância internacional, regional e nacional, mantém o seu registro e lhes confere um certificado, que os identifica. Além disso, facilita a preservação e o acesso de todos, trabalhando para despertar a consciência coletiva do patrimônio documental da humanidade.

Conheça mais sobre a cidade de Mariana/MG
Mariana tem sua origem ligada à exploração do ouro pela expedição do Coronel Salvador Fernandes Furtado de Mendonça, que, fixando-se à margem de um ribeirão, ali fundou um arraial no dia 16 de junho de 1696, ao qual deu o nome de Ribeirão do Carmo, em homenagem ao dia de Nossa Senhora do Carmo, iniciando a construção de uma capela provisória. A Vila do Ribeirão do Carmo, ou Vila do Carmo, chamou-se também Vila de Albuquerque, em homenagem a Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, Capitão-General da Capitania de São Paulo e Minas Gerais (1710), responsável pela criação, em 1711, das primeiras Vilas, sendo a primeira delas a Vila do Carmo. Através de carta régia datada de 23 de abril de 1745, Vila do Carmo foi elevada à categoria de cidade, com o nome de Mariana, em homenagem a D. Maria Ana D'Austria, esposa de D. João V.

Em todo período da Colônia foi a primeira Vila, a única cidade e a principal capital de Minas Gerais. Berço da civilização cristã e da educação em Minas Gerais, pioneira em vários aspectos da sociedade estabelecida pelo ouro no centro do Brasil, sede do primeiro Bispado do Estado, Mariana ainda hoje vive fundamentalmente em torno da Igreja, presente em praticamente todos os seus empreendimentos importantes. Tombada pelo Iphan em 14/5/1938 e erigida Monumento Nacional a partir de 1945, a antiga Vila do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo foi ainda a única da província que teve seu traçado urbano planejado no período colonial, distanciando-se, nesse aspecto, das demais vilas do ciclo do ouro. Projetada pelo arquiteto português José Fernandes Pinto Alpoim, Mariana apresenta traçado com ruas retas e praças retangulares, seguindo os preceitos modernos.

Sede do Bispado, ali fundou-se o Seminário Menor, com sua bela capela, obra iniciada em 1750 e concluída entre 1780 e 1790, constituindo-se na primeira casa de instrução de Minas. Com o florescimento das Ordens Terceiras, na segunda metade do século XVIII, Mariana, como ocorreu em outras cidades da capitania e do País, foi beneficiada com a construção de seus templos. Assim, na Praça João Pinheiro, a poucos metros uma da outra, estão as igrejas construídas pelas poderosas irmandades, a de São Francisco de Assis e a do Carmo. Já as igrejas de Nossa Senhora das Mercês e do Rosário, pertencentes às Irmandades dos pretos, se distanciam daquelas, a primeira situada a cinco quarteirões da praça e a outra numa elevação mais afastada.

Catedral de Nossa Senhora da Assunção, a Sé marianense, antiga matriz, é uma das mais ricas, importantes e antigas igrejas mineiras, construída a partir de 1713, tendo suas obras se prolongado até a primeira década do século passado. Trata-se de uma vigorosa construção de pedra e cal, caracterizada externamente pelo seu aspecto sóbrio e rico interior povoado de obras de arte, alfaias, prataria e pintura, tendo ali trabalhado Manuel Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho, o construtor português José Pereira Arouca (que atuou tanto em outras igrejas como em edifícios civis marianenses) e o maior pintor do período barroco mineiro, Manuel da Costa Ataíde, que ali foi batizado, no dia 18 de outubro de 1762. José Pereira Arouca é apontado também como autor da planta da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, cuja obra, iniciada em 1784, se prolongou por mais de quarenta anos. Considerada a mais bela igreja de Mariana, corresponde à terceira modalidade do barroco mineiro. Um dos exemplares mais curiosos da arquitetura colonial de Mariana, a antiga Casa de Câmara e Cadeia, hoje sede da Prefeitura e Câmara Municipal, teve sua construção iniciada em 1768, com planta de Arouca, tendo sido concluída trinta anos depois. Juntamente com as igrejas do Carmo e São Francisco, cujas fachadas estão em ângulo reto, forma o belo conjunto arquitetônico da Praça João Pinheiro. Instalado na antiga Casa Capitular, o Museu Arquidiocesano de Mariana, obra do final do século XVIII e também planejada por Arouca, possui mobiliário raro e magníficas peças de arte sacra. Enfim, a cidade conta com um acervo arquitetônico composto por nobres monumentos que marcam os anos áureos da opulência do passado, cabendo ainda mencionar o conjunto de sobrados com casas comercias no térreo e sacadas na andar superior, localizados na rua Direita, incluindo a casa onde viveu o poeta Alphonsus de Guimarães, reformada para se transformar em Museu, além de antigas pontes e capelas dos Passos.

Obrigado!

Mais informações:
Glayson Nunes
Assessor de Comunicação
Superintendência do Iphan em Minas Gerais
glayson.nunes@iphan.gov.br
(31) 3551 3260 / 3222 2440
(31) 9315 6621

 

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