Iphan lança livro sobre o Bumba-meu-boi maranhense
publicada em 23 de novembro de 2011, às 14h23
O trabalho de duas pesquisas realizadas pelos professores Joaquim Antonio dos Santos Neto e Tânia Cristina Costa Ribeiro para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão (Iphan-MA) resultaram no livro Bumba-meu-boi: som e movimento.
O objetivo das pesquisas realizadas em 2010 era gerar relatórios analíticos sobre a música e a coreografia das toadas e bailados do Bumba para que o Conselho Consultivo do Iphan pudesse julgar o pedido de registro do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão como Patrimônio Cultural do Brasil. A ideia da publicação é instigar novas pesquisas sobre o tema, além de buscar o reconhecimento da riqueza estética do bumba-meu-boi.
O Bumba-meu-boi
O Bumba-meu-boi do Maranhão é uma celebração múltipla que congrega diversos bens culturais associados, divididos entre plano expressivo, composto pelas performances dramáticas, musicais e coreográficas, e o plano material, composto pelos artesanatos, como os bordados do boi, confecção de instrumentos musicais artesanais, entre outros. Em todo seu universo, destaca-se também a riqueza das tramas e personagens.
De um modo geral, o auto do Bumba-meu-boi é apresentado como a morte e a ressurreição de um boi especial. As apresentações cômicas são feitas com grande participação do público e são entremeadas por toadas curtas contando a história sobre um boi precioso e querido pelo seu amo e pelos vaqueiros. Pai Francisco, o escravo de confiança do patrão, mata e arranca a língua do boi para satisfazer os desejos de grávida de sua esposa, Mãe Catirina. O crime de Pai Francisco é descoberto e por isso ele é perseguido pelos vaqueiros da fazenda, caboclos guerreiros e os índios. Quando preso, são infligidos terríveis castigos e, para não morrer, Pai Francisco se vê forçado a ressuscitar o animal. É quando o doutor entra em cena para ajudar a trazer à vida o boi precioso, que, ao voltar, urra. Todos, então, cantam e dançam em comemoração.
Profundamente enraizado no cristianismo e, em especial, no catolicismo popular, o Bumba-meu-boi envolve a devoção aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal. Os cultos religiosos afrobrasileiros do Maranhão também estão presentes, como o Tambor de Mina e o Terecô, caracterizando o sincretismo entre os santos juninos e os orixás, voduns e encantados que requisitam um boi como obrigação espiritual. O parecer do Departamento de Patrimônio Material – DPI/Iphan destaca que o Bumba-meu-boi do Maranhão reúne também outras manifestações culturais e, por isso, é chamado de complexo cultural. Muitas vezes definido como um folguedo popular, o Bumba-meu-boi extrapola a brincadeira e se transforma em uma grande celebração tendo o boi como o centro do seu ciclo vital e o universo místico-religioso.
Assista ao vídeo desse Patrimônio - http://youtu.be/VIxUesGk_7w
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