Programa \'Observatório de Museus e Centros Culturais\' acompanha relação dos museus com a sociedade

publicado em 17 de outubro de 2006, às 12h25

 

Traçar o perfil dos visitantes de cada museu, identificar as diferentes modalidades de visita, acompanhar a relação dos museus com a sociedade e sua evolução. Estes são alguns dos objetivos que o Programa Observatório de Museus e Centros Culturais (OMCC) pretende alcançar com a Pesquisa de Perfil-Opinião nos museus brasileiros. Após diagnosticar, em 2005, 11 museus das cidades do Rio de Janeiro e Niterói, o Observatório segue este ano nos museus dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais.

O projeto está sendo desenvolvido pelo Departamento de Museus e Centros Culturais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Demu/Iphan) e pelo Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, em parceria com a Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCT) e a Superintendência de Museus de Minas Gerais.

O OMCC pretende integrar, em um sistema de rede, os dados das pesquisas e serviços sobre museus e instituições afins, além de conhecimentos diversos sobre o setor com a sociedade. A principal ferramenta do programa é a Pesquisa Perfil-Opinião, inspirada na experiência do Observatoire Permanent des Publics, do avaliador francês Lucien Mironer.

A pesquisa é realizada nos museus por meio de um questionário preenchido por visitantes selecionados, aleatoriamente, ao final da visita. O visitante responde questões sobre as circunstâncias da visita; os serviços oferecidos pelo museu; dados sobre perfil socioeconômico, como escolarização, faixa etária, cor e sexo.

Após o período de coleta de dados, o material é analisado por um grupo de estatísticos que identifica os processos e contextos que promovem o acesso de diversos segmentos sociais aos museus. O diagnóstico tem como finalidade contribuir para a reflexão sobre o papel atual dos museus na sociedade e os fatores e situações determinantes de experiências culturais, como, por exemplo, a predominância do público feminino e altamente escolarizado em certos museus.

Segundo a coordenadora técnica do Observatório, Luciana Köptcke, o Observatório traz um retorno significativo para o museu e a sociedade. “É importante que o museu dialogue com seus visitantes e saiba porque ele atrai ou deixa de atrair determinado público. Essas informações são essenciais na prática cotidiana do museu, na medida em que apontam estratégias para políticas públicas e melhoria de sua relação com a sociedade”, diz.

Adesão
A adesão ao programa é espontânea. Os museus que aderiram ao programa este ano foram: o Museu de Biologia Mello Leitão, no Espírito Santo; em São Paulo, o Museu Lasar Segall, o Museu de Arqueologia e Etnografia da USP. Estão em negociação o Museu de Arte Moderna (MAM) e os Museus da DEPHA. No Rio de Janeiro, os Museus Castro Maya, Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), Museu da Maré. Em Minas, Museu de Artes e Ofícios, Museu Histórico Abílio Barreto, Museu de Mineralogia Djalma Guimarães, Museu de História Natural Jardim Botânico da UFMG e o Instituto Giramundo.

A pesquisa deste ano iniciou-se em janeiro e será finalizada em novembro deste ano. O diagnóstico será publicado em um boletim, em maio de 2007. O informativo tem como objetivo contribuir na elaboração e avaliação de políticas públicas nos campos da cultura e afins; na prática profissional, na pesquisa e promoção de um espaço de discussão de estudos sobre museu, voltado para o visitante e não-visitante, de forma que amplie o debate sobre o setor na sociedade.

Em 2007, o Observatório pretende realizar a pesquisa nas Regiões Centro-Oeste, Norte e Sul.

Quem visita os museus? Pesquisa Perfil – Opinião 2005
Divulgado em agosto deste ano, o boletim com o resultado da Pesquisa Perfil – Opinião de 2005, realizada em 11 museus do Rio de Janeiro e Niterói. Participaram do programa o Museu Aeroespacial (MA); o Museu Antonio Parreiras (MAP); o Museu de Arte Contemporânea (MAC); o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST); o Museu Casa de Rui Barbosa (MCRB); o Museu Histórico Nacional (MH); o Museu do Índio (MI); o Museu Nacional de História Natural (MN); o Museu do Primeiro Reinado (MPR); o Museu do Universo Planetário da Cidade (MU) e o Museu da Vida (MV).

Dados
A pesquisa revela que o museu pode ser considerado um programa de baixo custo que atrai pessoas empregadas, com alta remuneração. Três quartos dos visitantes declararam exercer atividade remunerada, dentre estes, 62,4% são empregados do setor público ou privado, 13,5% são autônomos e 10,2% são profissionais liberais. Os bolsistas ou estagiários remunerados (5,7%), assim como os empresários (5,5%), estão pouco presentes nos museus. Dentre aqueles que declararam não exercer atividade remunerada, mais da metade (53,4%) estuda. Os aposentados e pensionistas constituem um público potencial (17,9%).

O Observatório também aponta que o nível escolar dos visitantes dos museus é elevado: 45,7% declararam ter concluído o ensino superior, enquanto o nível médio de anos de estudo da população da Região Metropolitana do Rio de Janeiro é de 8,3 anos, correspondendo ao ensino fundamental.

Com relação à renda mensal domiciliar, cerca da metade dos visitantes (48,8%) participantes da pesquisa declarou renda superior a dois mil reais. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, apenas 7,2% das famílias informaram renda mensal superior.

Quanto à faixa etária, adultos e jovens de cor branca é maioria entre os visitantes. A presença de adultos, na faixa entre 30 a 49 (48,7%) é predominante. Já os jovens, na faixa de 15 aos 29 anos, representam 36,6% dos visitantes com distribuição homogênea nas faixas de 15 a 19 (11%); 20 a 24 (12,7%) e 25 a 29 anos (12,9%). O número de visitantes acima de 50 anos é restrito (14,7%).

No quesito cor, o número de visitantes que se declaram brancos (67%) é maior que o da população residente na Região Metropolitana (57%), segundo os dados da PNAD/2004. Os que recebem maior proporção de visitantes não brancos são o Museu do Índio (52,7%), o Museu de Astronomia e Ciências Afins (48%) e o Museu da Vida (46%).

Com relação à renda mensal domiciliar, cerca da metade dos visitantes (48,8%) participantes da pesquisa declarou superior a dois mil reais. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro apenas 7,2% das famílias informaram renda mensal superior.

O que também pode variar de acordo com o museu é o sexo. Segundo o levantamento, o público de visitantes das instituições pesquisadas é predominantemente do sexo feminino, com exceção do Museu Aeroespacial, onde predomina o masculino (68%). Mas esse resultado é compatível ao observado na população residente na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, de acordo com os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD.

A pesquisa também mostra que a fonte de informação mais usual entre os frequentadores é o “boca a boca” e a maioria dos visitantes (64,4%) declarou ser a primeira visita àquele museu. Quanto à motivação pela visita, a maioria costuma ser em família para matar a curiosidade, conhecer coisas novas e também pelos assuntos expostos. Cabe ainda destacar que, para 60,5% dos visitantes, a diversão conta entre os motivos para a visita e que 43,3% visitaram para acompanhar outras pessoas.

Fatores que dificultam a visita - Os visitantes afirmaram que a falta de divulgação é um fator que dificulta a visita aos museus (72,4%). O segundo motivo foi a violência urbana (53,3%). Custos da visita – transporte e alimentação (39,9%) e dificuldade de transporte (38,6%) foram mencionados por cerca de 40% dos visitantes. A duração da visita dura de 30 a duas horas e 81,8% pensam em retornar nos próximos 12 meses.

 

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