Sítio Roberto Burle Marx, a botânica como obra de arte

Sítio Roberto Burle Marx, a botânica como obra de arte.O ensaísta Pietro Maria Bardi, marido da arquiteta Lina Bo Bardi, escreveu um ensaio dedicado ao “novo poeta de canticum botanicum”. Ele, na ocasião, falava sobre Roberto Burle Marx: artista, arquiteto, paisagista ou jardineiro, como ele mesmo definia seu ofício. 

Hoje, 17 de abril, quando se comemora o Dia Nacional da Botânica, o nome de Burle Marx surge quase que obviamente. Para o paisagista, a natureza era uma tela a ser repintada de um jeito brasileiro, explorando o uso da diversidade da flora tropical em harmonia com os elementos que se interconectam à paisagem. 

Sua obra está espalhada em algumas cidades do Brasil, contudo pode ser contemplada de maneira concreta e diversa no Sítio Roberto Burle Marx, antigo Sítio de Santo Antônio da Bica, em Barra de Guaratiba, no estado do Rio de Janeiro. O espaço era sua antiga residência, comprada junto com o irmão Siegfired, para onde transportou sua coleção de plantas, iniciada ainda na infância, e restaurou as construções, como uma antiga capela dedicada a Santo Antônio. 

Em 1985, a propriedade foi doada pelo próprio Burle Marx ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com a intenção de preservar suas experiências. Atualmente, o Sítio, ainda sob tutela do Instituto, funciona como um centro cultural ativo, promovendo exposições, visitas e outras atividades. Além disso, este bem cultural foi incluído pela Unesco na Lista Indicativa brasileira do Patrimônio Mundial, em 2015. Assim poderá, futuramente, receber o título de Patrimônio Mundial. 

Sítio Roberto Burle Marx, a botânica como obra de arte.Coleção botânica 
Em uma área de 365 mil metros quadrados, estão reunidas coleções de floras tropicais e semitropicais. Ao lado dos jardins, ao ar livre, esta coleção apresenta aos visitantes mais de 3.500 espécies de plantas, entre as quais, exemplares únicos das famílias Araceae, Bromeliaceae, Cycadaceae, Heliconiaceae, Marantaceae, Palmae e Velloziaceae. O conjunto botânico foi considerado Patrimônio Cultural Brasileiro em 1985, e o Sítio foi tombado, integralmente, pelo Iphan, em 2000.

A disposição de cada planta, de cada árvore, das construções tocadas por ele e a disposição de cada jardim revelam a sensibilidade artística e o humanismo do paisagista. Como observa o crítico Pietro Maria Bardi, “Burle Marx [...] pensa que a natureza é assim como algo despenteado e, por isso, a arruma com sutil experiência”. 

Referência
BARDI, Pietro Maria. Burle Marx. In: XAVIER, Alberto (Org.). Depoimento de uma geração. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, p. 366.

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