São Paulo tem patrimônio artístico na internet

publicado em 10 de setembro de 2008, às 15h38

 

Governo estadual lança site para apresentar obras de arte espalhadas em secretarias e órgãos. Painel Tiradentes, de Portinari, e trabalhos de Aldemir Martins e Hélios Seelinger já estão disponíveis (reproduções)

Agência FAPESP - O governo do Estado de São Paulo tem um tesouro escondido em secretarias, órgãos, fundações, autarquias e empresas com participação do Estado. São obras de arte, algumas de artistas famosos ou importantes, todas de inestimável valor histórico, que ficam dentro de gabinetes, escolas, saguões de prédios, enfim, espaços normalmente não destinados à visitação pública.

Desde o fim de agosto, a população pode ter acesso a parte dessas obras pela internet. O site Catálogo do Patrimônio Artístico do Estado foi lançado com 140 obras, das cerca de 3 mil que compõem o patrimônio estadual e não pertencem a museus ou ao Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do governo paulista.

Segundo o governo de São Paulo, o portal continuará sendo alimentado até que todas elas estejam disponíveis na internet. Entre os tesouros que já podem ser vistos estão o óleo sobre tela Retrato de Benedito Calixto, de autoria de Bernardino de Souza Pereira, da segunda metade do século 20, localizado em uma escola no litoral.

Outro destaque é O tríptico, pertencente ao Instituto Florestal, de autoria de Hélios Seelinger, outro importante personagem da história da arte brasileira, fundador da Casa dos Artistas e das Sociedades Brasileira de Belas Artes e dos Artistas Nacionais. Diversas obras de Aldemir Martins, na maioria retratando animais de nossa fauna, que se encontram na Fundação Zoológico, também estão presentes.

Uma das obras de arte mais antigas encontradas durante a catalogação do patrimônio estadual e já disponível no site é a escultura em madeira Sant'Ana, de artista anônimo, encontrada no Palácio dos Campos Elíseos. "Talvez essa obra nem tenha sido feita por um artista profissional, mas seu valor decorre do fato de ter sido produzida no século 16, quando comumente obras desse tipo eram feitas, por exemplo, para catequizar os índios. Ela tem um valor histórico muito grande", disse Pedro Jacintho Cavalheiro, coordenador do Patrimônio Artístico do Estado (Grupo de Catalogação e Divulgação do Acervo Artístico do Estado), órgão da Casa Civil.

Outra importante obra do patrimônio estadual é o painel Tiradentes, de Cândido Portinari, exposto no Memorial da América Latina.

O site foi pensado para permitir o acesso da população às obras de arte e como ferramenta para professores, estudantes, pesquisadores e demais interessados em arte. As imagens privilegiam detalhes das obras e, no caso de esculturas, permitem que se veja o objeto por vários ângulos.

Além das imagens das obras é possível encontrar informações sobre os artistas que as produziram, o período e o movimento artístico a que pertencem.

Pesquisadores, estudantes e professores também têm a possibilidade de solicitar, pelo site, uma visita individual à obra. O agendamento da visita, porém, dependerá da disponibilidade do ocupante do espaço onde a obra fica.

Algumas peças estão em local de acesso ao público. "O Metrô, por exemplo, tem muitas obras que podem ser vistas pela população nas estações. Outro espaço que também abriga obras do acervo do governo é o Memorial da América Latina, que tem painéis de Portinari, Poty e Caribé no salão de Atos Tiradentes. Essas obras, que estarão no site em breve, podem ser vistas por quem visita o Memorial", disse Cavalheiro.

Ele explica que há muitos anos o governo paulista foi um grande mecenas. Comprou diversas obras de arte, que foram distribuídas em secretarias, órgãos, fundações e autarquias. Aquelas que não ficaram nos palácios (dos Bandeirantes, de Campos do Jordão e do Horto) ou museus, como a Pinacoteca, não foram catalogadas.

Cavalheiro lembra que há cerca de dois anos foi iniciada a identificação e catalogação de todo o patrimônio artístico-cultural que não pertence a museus ou ao Acervo Artístico-Cultural dos Palácios.

Foi um trabalho árduo, uma vez que o governo de São Paulo tem quase 90 órgãos subordinados às 26 secretarias, além de fundações, autarquias, empresas estatais e as cerca de 6 mil escolas espalhadas por todo o estado. "Foi um verdadeiro garimpo. Tivemos que identificar o que era obra de arte e o que não tinha nenhum valor artístico-cultural, já que não é possível ter uma pessoa especializada em arte em cada órgão do governo", disse Cavalheiro.

Mais informações:
www.saopaulo.sp.gov.br/patrimonioartistico

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