Global Rock Art reúne os maiores especialistas em arte rupestre de todo o mundo

publicada em 15 de julho de 2009, às 13h37

 

Foi realizado entre os dias 29 de junho e 3 de julho, no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, o Global Rock Art – um congresso internacional de arte rupestre com a participação de pesquisadores e estudiosos do mundo inteiro. Durante cinco dias, especialistas em arte rupestre de mais de 30 países apresentaram seus trabalhos para um público formado por arqueólogos, cientistas de áreas correlatas, técnicos, autoridades, estudantes e cidadãos. O congresso foi promovido pela Federação Internacional de Organizações de Arte Rupestre (Ifrao) e a Associação Brasileira de Arte Rupestre (Abar), com apoio do Iphan. 

Em sua 12ª edição, o encontro – que acontece a cada dois anos – foi realizado pela primeira vez no Brasil e foi o maior até o momento. O local escolhido foi a região da Serra da Capivara, que reúne a mais expressiva concentração de sítios com registros rupestres em todo o mundo. Os excelentes resultados obtidos com a conservação do patrimônio e a participação da comunidade local em todo o processo fazem com que este conjunto de bens culturais que compõe o Parque Nacional, localizado em São Raimundo Nonato, seja um exemplo para todo o planeta.

Vinte e cinco mesas redondas trataram de diferentes temas como pesquisa, documentação, conservação, gestão e interpretação das pinturas rupestres em todo o mundo. Equipes de pesquisadores e alunos de graduação em Arqueologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) também participaram ativamente do encontro. Os participantes ainda puderam conhecer in loco os diversos roteiros preparados para visitação dos sítios arqueológicos e trilhas do parque.

O Iphan foi representado no evento pela superintendente regional no Piauí, Diva Figueiredo, e pelo diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização (Depam), Dalmo Vieira Filho, que compôs uma mesa de autoridades com a presença do ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende. O Aeroporto Internacional São Raimundo Nonato – uma antiga reivindicação da comunidade local e prestes a ser inaugurado – recebeu o seu primeiro voo com a chegada de autoridades que foram participar do congresso.

A arte rupestre presente na Amazônia, no Vale do Peruaçu (MG) – região com mais de 140 cavernas –, na Pedra Ingá (PB) e no Vale do Catimbau (PE) também foram temas de debate no Global Rock Art. Na ocasião, alguns especialistas também cobraram a criação de políticas públicas incisivas para a preservação das pinturas rupestres. 

O Parque Nacional e o rico patrimônio
O estado do Piauí é referência não somente pela proteção e conservação dos sítios arqueológicos. O patrimônio arqueológico é utilizado como uma base para a melhoria de vida da população da região, com a geração de emprego e renda, além da inserção de jovens no mercado de trabalho. Estes são treinados para serem guias nos passeios no interior do Parque Nacional Serra da Capivara e famílias inteiras fabricam cerâmicas e artesanatos com os desenhos que podem ser vistos nos sítios da região. 

A história do Parque se confunde a evolução da pesquisa arqueológica no sudeste do Piauí, que foi iniciada na década de 70, pela arqueóloga Niéde Guidon, que liderou uma equipe interdisciplinar franco-brasileira. O trabalho prossegue hoje com equipes brasileiras integradas por pesquisadores de uma nova geração. Muitos deles trabalham hoje nos laboratórios da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham).  

Na Serra da Capivara, há vestígios da presença do homem com datações de até 60 mil anos. Os vestígios de diferentes períodos podem ser observados no Museu do Homem Americano, ou diretamente nos sítios, por meio das pinturas rupestres dos abrigos, material lítico lascado (pedra lascada) e cerâmicas deixadas pelos grupos pré-coloniais. 

A região onde é hoje o Parque Nacional também serviu como refúgio para grupos indígenas, vindos de diferentes cantos do Brasil, de onde haviam sido expulsos pelo homem branco. Os colonizadores chegaram à região em torno de 1830, exterminando os nativos que ali viviam. O que resta hoje desses grupos são alguns vestígios, descobertos pelos pesquisadores da Fundham e que estão expostos em São Raimundo Nonato.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação Iphan
Fones: (61) 3414-6187 / 3326-8907 / 3326-6864 
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www.iphan.gov.br

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