Vilanova Artigas, construtor da arquitetura humanista

Acervo Vilanova ArtigasNesta terça-feira, 23 de junho,quando se comemora o centenário de nascimento, do arquiteto paranaense, radicado em São Paulo, João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), é importante lembrar não só suas construções emblemáticas como o prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e o Estádio do Morumbi. A marca de Artigas está nas ideias impressas na materialidade dos seus projetos, voltados à arquitetura da beleza, do uso social pelo do povo e calcados no humanismo. Como enfatizou Lina Bo Bardi, “a casa de Artigas é a mensagem paciente e corajosa de quem vê os primeiros clarões de uma nova época: a época da solidariedade humana”. 

Se essa época chegou não se sabe, contudo o arquiteto deixou um legado para outras gerações que reverbera, atualmente, e problematiza questões atuais enfrentadas nas cidades, como a especulação imobiliária, falta de moradias populares e o abismo social que exclui a população para regiões sem saneamento e infraestrutura. Apesar do temperamento retraído, a militância em prol do povo estava fincada na sua conduta e nas suas aulas como professor da FAU, que foram caladas pela ditadura militar e retomadas, somente, em meados da década de 1980. 

Seus projetos primavam pelo uso humano e pela sensibilidade da criação, como ele mesmo declararia “o arquiteto é antes de tudo um artista”. Renegava o pensamento mercadológico e, meramente, decorativo. Para ele o valor estava na cultura. “Cada casa de Artigas quebra todos os espelhos do salão burguês”, enfatizou Lina Bo em texto. Isso fica claro em entrevista que Artigas concedeu a Lívia Pedreira:

“O arquiteto não é um profissional da indústria da construção, um apêndice de uma máquina constrangedora e terrível. Ao contrário, cabe-nos ajudar a dominar e submeter a estrutura impositiva que transforma o homem em coisa, em vítima de sua própria cultura [...] E o problema da casa popular, que ainda não foi além dos nossos esboços, apesar dos meros institutos que dela se têm encarregado deve ser resolvido em pedra cal, em cimento e ferro”. 

Sua arquitetura não era um amontoado de formas, como expressa as declarações acima, antes de tudo estava fincada nas estruturas de um pensamento em que a democratização aos espaços, à moradia e a uma urbanidade humanizada deveria ser elaborada e efetivada como um desejo do povo, com o qual se construiria uma nova linguagem arquitetônica. 

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