Começam as obras do memorial Congonhas

publicada em 10 de novembro de 2009, às 14h18

 

Espaço valorizará conjunto artístico e arquitetônico e abrigará Centro de Referência do Barroco e Estudos da Pedra

Em aproximadamente dois anos, o conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, em Congonhas (MG), Patrimônio Cultural da Humanidade, será enriquecido com a criação de um novo espaço cultural: o Memorial Congonhas - Centro de Referência do Barroco e Estudos da Pedra. Nesta quinta-feira, 12, às 11 horas, uma solenidade na Romaria, próxima ao canteiro de obras, marcará o início da construção do Memorial, orçada em R$ 15 milhões e financiada com recursos da Lei Rouanet. O projeto é uma iniciativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) realizada em conjunto com a Prefeitura Municipal de Congonhas e a UNESCO no Brasil.

A implantação do Memorial acontece em uma área de 3.452,30 m² próxima ao conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos. O terreno, de propriedade da Prefeitura de Congonhas, situa-se em frente à Alameda Cidade de Matosinhos de Portugal. 

Segundo o autor do projeto, o arquiteto Gustavo Penna, a obra prevê uma implantação neutra, sem competição volumétrica com o conjunto principal e com espaços e percursos claros e amplos. “A dinâmica dos espaços busca ecoar a dimensão simbólica dos valores do Santuário. O sentido de contemporaneidade afirma-se com uma atitude atemporal de respeito, equilíbrio e harmonia”, explica o arquiteto, selecionado em concurso realizado pela UNESCO no Brasil.

A obra será executada pela Prefeitura Municipal na medida em que os recursos de captação forem disponibilizados. A etapa que tem início nesta quinta-feira corresponde aos serviços de execução de contenções, fundações e superestruturas em concreto do setor 3 do Memorial. O contrato celebrado com a Sengel Construções, escolhida por meio de concorrência pública, é de R$ 3.452.749,00 para execução em dez meses. As empresas patrocinadoras dessa primeira etapa são a CSN - Cia Siderúrgica Nacional, a Gerdau e o Banco Santander.

Na encosta posterior ao edifício, está prevista a reconstituição da paisagem natural com a criação de um parque público (em fase de implantação pela prefeitura). A medida oferecerá, ao visitante, atrativos que contribuirão para aumentar seu tempo de permanência na cidade e, ao morador, melhor qualidade de vida urbana.

Para o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, a criação de novos equipamentos culturais tem sido parte da estratégia do Monumenta por funcionar como um fator de requalificação das áreas de intervenção do programa. “No caso de Congonhas, o Memorial vai se somar a um conjunto de medidas de restauração e conservação já tomadas pelo Iphan e pela prefeitura, como a recuperação da Ladeira de acesso, do Adro e das capelas dos Passos.”

Espaço expositivo
O Memorial permitirá que o visitante tenha uma melhor compreensão dos aspectos artísticos e religiosos do Santuário considerado pela UNESCO, desde 1985, Patrimônio Cultural da Humanidade. Segundo Célia Corsino, consultora da UNESCO para a formulação das diretrizes museológicas, o espaço funcionará como uma “sala interpretativa” do conjunto. “Atualmente, as pessoas descem do carro, vêem os profetas e seguem viagem. O Memorial vai enriquecer essa visita, atraindo o turista para vivenciar os múltiplos significados do Santuário.”

Um dos pontos altos do Memorial será a exposição sobre “ex-votos”, peças devocionais depositadas pelos fiéis em agradecimento a graças alcançadas. Essa tradição, além da grande carga de significados que possui, reproduz o valor simbólico da própria basílica, construída pelo português Feliciano Mendes depois de recuperar-se de uma grave enfermidade. O Memorial reunirá, em uma exposição, os dados dos estudos e das pesquisas existentes sobre o conjunto arquitetônico e escultórico, em seus aspectos históricos, artísticos e religiosos. Terá, ainda, espaços para exposições temporárias, seminários e reuniões.

Profetas
A remoção dos profetas de pedra sabão do adro da basílica e sua substituição por réplicas, há tempos cogitada como forma de combater atos de vandalismo e a ocorrência de lesões à pedra causadas por fungos e bactérias, está temporariamente afastada. A afirmação é da coordenadora de Cultura da UNESCO no Brasil, Jurema Machado. “Como os especialistas não têm uma posição conclusiva sobre o assunto, prevalece, até o momento, a decisão de que o mais relevante é tomar medidas de prevenção e conservação das peças como estão hoje, no espaço público.” 

A criação do Memorial não prevê, portanto, a retirada das esculturas do adro da basílica para abrigá-los em seu interior. Seu objetivo é contribuir para a solução do problema com o fortalecimento dos estudos sobre a conservação de monumentos em pedra e com a promoção da educação e da conservação preventiva como formas de preservação. “Caso um dia se decida pela remoção, o Memorial poderá ser ampliado e se tornar a melhor alternativa para a apresentação das esculturas ao público”, completa Jurema Machado.

O prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, também é taxativo quanto à hipótese de remoção dos profetas. “Se um dia essa medida for reavaliada, nada será feito sem a prévia autorização e orientação do Iphan, assim como a anuência da Arquidiocese de Mariana e uma ampla discussão com a sociedade.”

O Memorial se incumbirá da confecção de modelagem dos profetas, medida urgente e essencial para sua recomposição em caso de danos às peças. Os moldes serão feitos em meio eletrônico e em silicone. No espaço interno do Memorial, recursos tecnológicos darão suporte à exposição. “Nesse sentido, está sendo avaliada uma proposta de fazer réplicas virtuais em cooperação com instituições européias que dominam a técnica. É uma medida inédita no país”, anuncia Jurema Machado. “A confecção desses moldes virtuais, além de oferecer insumo fundamental ao Memorial e à segurança das peças, será uma oportunidade de transferência de tecnologia em um campo no qual instituições brasileiras não têm experiência.”

Estudos da pedra
A implantação de um Centro de Estudos da Pedra representa uma antiga aspiração da cidade e dos moradores de uma região cuja história, do século XVII até hoje, está fortemente ligada à mineração. Com a importante missão de monitorar a integridade das esculturas do Santuário e aprimorar as técnicas de conservação e restauração, o Centro de Estudos funcionará como uma rede de articulação de instituições de pesquisa, ensino e extensão, desenvolvendo projetos conjuntos com ênfase na difusão do conhecimento sobre as rochas.

Um circuito expositivo mostrará todo o processo de extração, tipos de rochas e monumentos, a arte da cantaria e os processos de degradação e restauração. Outro destaque serão os ateliês para a qualificação do artesanato em pedra sabão produzido na região, com incentivo ao uso de outros materiais pétreos na construção civil e no design.

O mesmo local abrigará o Centro de Referência do Barroco, que terá área de pesquisa e de documentação e uma biblioteca especializada.

Educação patrimonial
O Memorial Congonhas também será um espaço destinado à educação patrimonial, visando à preservação do conjunto tombado. Atividades específicas despertarão o visitante para o conhecimento das rochas utilizadas nos monumentos, sua origem e características. 

O espaço será dotado de estrutura para atender estudantes e outros grupos especiais.  Com o apoio de recursos tecnológicos, serão desenvolvidas atividades educativas voltadas para a conscientização sobre a importância do patrimônio cultural e sua inserção nos contextos histórico e religioso.

Para o prefeito Anderson Cabido, a criação do Memorial representa um marco no desenvolvimento sócio-cultural da região. “Os visitantes terão motivos para permanecer mais tempo na cidade e a população terá mais oportunidades de ocupação e renda. Além disso, o novo espaço, com suas linhas modernas, fará um contraponto com o ambiente barroco e o majestoso universo de Aleijadinho, compondo um quadro surpreendente.”

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