Artesanato do Rio Negro em exposição no Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular

publicada em 05 de março de 2010, às 11h21

 

Entra em cartaz, no dia 11 de março, quinta-feira, às 17 horas, a exposição da Sala do Artista Popular “Trançados e entalhes de Novo Airão”. A mostra ficará em cartaz até 11 de abril, oferecendo ao público a oportunidade de conhecer e adquirir o artesanato produzido nessa cidade, situada no norte do Amazonas, na margem direita do rio Negro.

Esculturas em madeira representando tatus, tartarugas, jabutis, capivaras, pacas, tucanos, araras, sapos, peixes-boi, botos e peixes, além de trançados em fibras vegetais como o tupé, esteira em diferentes tonalidades formando desenhos, compõem parte do repertório dos artesãos da Nov’Arte e da AANA, duas importantes associações. 

A produção dos artesãos de Novo Airão segue a tradição indígena do alto rio Negro e se tornou um fator de fixação de moradia e valorização do trabalho e dos saberes locais, apontando para um futuro voltado para a preservação das tradições culturais de herança indígena e da floresta amazônica.

Tradição e qualidade
As técnicas de entalhe em madeira são passadas para as novas gerações pelos filhos de artesãos que se encantam pelo trabalho dos pais e também por intermédio de cursos de capacitação oferecidos anualmente pela Fundação Almerinda Malaquias, fundada em 1992 com o objetivo de gerar renda e fortalecer os artesãos como trabalhadores autônomos.

As esculturas têm origem em pedaços de madeira morta, refugo de serrarias, troncos ou galhos de árvores caídas nos arredores da cidade. As madeiras são escolhidas em função da dureza e densidade que apresentam, pois permitem um entalhe mais fino quanto mais duras forem. É a própria madeira que define o tipo de peça e acabamento do que será esculpido.

Hoje, o carro-chefe de vendas é o “sapo cantor”, que emite sons suaves e melódicos, feito em marchetaria de espécies de diferentes tonalidades. Mas também fazem sucesso colheres, garfos, escumadeiras, caixas e outras peças, cuja qualidade vem sendo reconhecida e premiada por entidades atuantes no setor.

Trançados
Dona Percília Clemente Martins trouxe a técnica dos trançados em fibra de arumã da tradição indígena do alto rio Negro. A matéria-prima é coletada nos igarapés próximos à cidade, especialmente no período da seca (de agosto a abril). Os coletores, geralmente maridos das artesãs, são seus parceiros na implantação de áreas de manejo sustentável, que envolve comunidades locais em práticas de exploração com preservação da espécie.

O trabalho é feito em etapas que requerem muito cuidado e atenção: limpeza do igarapé, retirada dos troncos e galhos caídos para a passagem da canoa, demarcação da área, medição da densidade e da extensão do “arumanzal”, traçando pontos de medidas nas touceiras que servem para o monitoramento anual das espécies.

Além do arumã, os produtos levam fibras de tucumã e cipó ambé. O processo de trabalho em cada peça envolve frequentemente várias mulheres nas etapas de tingir, destalar, tecer e arrematar. A pigmentação das fibras é feita com tinturas e resinas retiradas de árvores e arbustos como a goiaba de anta, urucu, castanheira, tintarana, entre outros. Depois de pintado, o talo é “destalado” em tiras com o auxílio de uma faca pequena e posto para secar ao sol por cerca de duas horas. A largura da tira depende da peça a ser produzida. 

A exposição é uma das ações previstas junto a esse polo pelo Promoart – Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural, uma realização da Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro (Acamufec), por meio de convênio firmado com o Ministério da Cultura, que conta com a gestão conceitual e metodológica direta do CNFCP/Departamento de Patrimônio Imaterial/Iphan, e com a parceria institucional e apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Serviço:
Sala do Artista Popular “Trançados e entalhes de Novo Airão”
Inauguração:
11 de março de 2010
Horário: às 17h
Data: 12 de março a 11 de abril de 2010
Exposição e venda: de terça a sexta-feira, das 11 às 18h
Sábados, domingos e feriados, das 15 às 18h

Apoio
Nov’arte
Associação dos Artesãos de Novo Airão 

Parceria institucional e apoio financeiro
BNDES 

Realização
Associação Cultural de Amigos do Museu de Folclore Edison Carneiro
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
Departamento de Patrimônio Imaterial/Iphan
Promoart +Cultura
Ministério da Cultura

Informações
Setor de Difusão Cultural 
(21) 2285-0441, ramais 204, 205 e 206
difusão.folclore@iphan.gov.br, www.cnfcp.gov.br 
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular 
Rua do Catete, 179 (metrô Catete), Rio de Janeiro, RJ 22.220-000

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