Teatro Oficina pode se tornar patrimônio cultural do país

publicada em 22 de junho de 2010, às 13h34

 

Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural irá definir sobre o tombamento federal do teatro paulistano que é espaço de vanguarda há quase meio século

Desde 1961, o Teatro Oficina funciona em um casarão do bairro Bexiga, em São Paulo. No ambiente, alimentado pela antropofagia dos modernistas, sob a direção do polêmic.o José Celso Martinez Corrêa, o grupo teatral promove estudos de linguagens que revolucionam as artes cênicas no Brasil. Na próxima quinta-feira (24), o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vai definir os rumos da preservação desse espaço. Se admitido, o tombamento irá reconhecer a singularidade da atuação do Oficina na cena cultural brasileira.

Desde 1984, o local foi transformado em teatro público, sob administração do Grupo Oficina. A proposta é preservar o prédio e todo o seu lote, que é de propriedade do Estado de São Paulo. Seu pedido de preservação, no entanto, vai além do espaço físico do imóvel e pretende resguardar, principalmente, o ambiente de criação artística, a paisagem local no tradicional bairro paulistano. O parecer de tombamento produzido pelo Iphan evidencia a intenção de reconhecer o valor das práticas lá desenvolvidas.

O estudo sobre o antigo imóvel à Rua Jaceguai, centro de São Paulo, ressalta o caráter artístico do espaço de vanguarda, referência da história do teatro brasileiro e expoente da resistência durante o regime militar no Brasil. Já bem diferente de suas feições originais, o prédio foi reconstruído em 1986, com base em projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, em que se manteve a fachada simplória de uma casa do Bexiga, mas ergueu-se no interior arquitetura de desenho moderno, cuja marca é a parede envidraçada de 150m².

O tombamento determina os padrões para a preservação das características do espaço que abriga as atividades do Oficina, estabelecendo como entorno sua área de proteção visual (ver mapa). A vegetação existente também deve ser protegida, para que permaneça emoldurando a visão externa existente a partir do interior do teatro. Qualquer construção realizada no lote vizinho deverá respeitar os parâmetros predefinidos.

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Formado por 22 conselheiros, especialistas em diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia, é presidido pelo presidente do Iphan Luiz Fernando de Almeida. Ao Conselho Consultivo compete examinar, apreciar e decidir sobre questões relacionadas ao tombamento, ao registro de bens culturais de natureza imaterial e à autorização de saída temporária do país de patrimônio cultural protegido por legislação federal e opinar acerca de outras questões relevantes do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.  

As outras propostas de tombamento que serão discutidos na reunião do dia 24 de junho, no Rio de Janeiro, são: Bens da imigração Japonesa no Vale do Ribeira, em São Paulo e Paisagens Sagradas do Sagihengu e Kamukwará, dos índios do alto-Xingu, em Mato Grosso.   

Cronologia
Anos 1950 – O imóvel residencial à Rua Jaceguai, bairro Bexiga, de propriedade de Luís Cocozza, foi adaptado para abrigar também atividades teatrais. Lá se encenavam peças espíritas, psicografadas.
1961 – A casa é alugada por José Celso Martinez Corrêa. A estréia da peça A Vida Impressa em Dólar, de Clifford Odetts, marca o início do funcionamento, no local, do Teatro Oficina, grupo formado em 1958.
1966 – O teatro pegou fogo e foi reconstruído um ano depois.
1982 – O prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico - Condephaat, órgão estadual.
1984 – Desapropriação do imóvel, de propriedade da Família Cocozza, pelo estado de São Paulo. Transformação do local em teatro público, sob administração do Grupo Oficina.
1986 – Restauração do lugar, com recursos do Iphan, com base em projeto da arquiteta Lina Bo Bardi.
2003 – Pedido de tombamento federal entregue ao Iphan.
2010 – Agendada a reunião do Conselho Consultivo para tombamento do Teatro Oficina.

Serviço:
Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
Data:
24 de junho de 2010
Horário: de 10h às 18h
Local: Paço Imperial, na Sala dos Archeiros, 2º andar - Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro

Mais Informações:
Assessoria de Comunicação
Helena Brandi
(11) 9173-3084

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