Capela de Nossa Senhora da Ajuda, em Cachoeira (BA), é reaberta após restauração
publicado em 12 de agosto de 2015, às 16h32
Restaurada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Capela de Nossa Senhora da Ajuda reabre suas portas nesta quarta-feira (12) para receber a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, dando início a um dos mais importantes festejos da cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Na quinta-feira, a programação da Festa da Irmandade da Boa Morte prossegue com cortejo saindo da capela pelas principais ruas da cidade histórica e o festejo se prolonga até o dia 17 de agosto. Para garantir a conservação e restauração da Capela tombada pelo Iphan em 15 de setembro de 1939, foram investidos R$ 244 mil. As principais intervenções foram no piso e no madeiramento de sustentação da cobertura.
Primeira igreja da cidade de Cachoeira
A Capela, primeira ermida construída em Cachoeira ainda no século XVII, foi uma homenagem a Nossa Senhora do Rosário. Somente em 1637 é alçada à condição de matriz, em louvor a Nossa Senhora da Ajuda.
A Capela está localizada numa pequena colina, no meio da cidade, cujo acesso se faz por três ladeiras. Seu frontispício está voltado para o poente e dele se avista o Rio Paraguaçu. Envolto por uma forte áurea sagrada e mística, o local atrai grande número de romeiros imbuídos de fé no poder milagroso de Nossa Senhora.
Construção de relevante importância arquitetônica abriga as imagens de Nossa Senhora da Ajuda, São Francisco de Assis, São Benedito, Santa Luzia, São Caetano e São Pedro. Nesta Igreja encontra-se a Irmandade de Nossa Senhora da Ajuda. Na restauração, a capela que possuía nártex fechado, foi substituído por um alpendre aberto, com cobertura em três águas. Sua planta é simples, nave única com coro, capela-mor coberta por cúpula, justaposta por sacristia e sala da Irmandade. A fachada principal é do tipo empena com óculo central e duas janelas, precedidas por alpendre e ladeada por pequena torre piramidal com vãos sineiras. O edifício destaca-se pela singeleza de suas proporções.
Festa da Boa Morte
A Festa da Boa Morte é uma das mais expressivas manifestações do sincretismo religioso do Recôncavo Baiano, que reúne elementos das religiões católica e de matriz africana. Com belas vestimentas, as mulheres que integram a Irmandade da Boa Morte percorrem as principais ruas, numa demonstração de fé e devoção. A festa acontece sempre durante a primeira quinzena de agosto.
A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte surgiu em Salvador no início do século XIX, na Barroquinha, e foi transferida para a cidade de Cachoeira. É composta por mulheres descendentes de escravos africanos, todas com mais de 50 anos. O ritual é um sinal de fé e humildade e faz parte do compromisso religioso da entidade fundada há mais de 200 anos.
As diferentes faces da Nossa Senhora apresentada ao público estão diretamente ligadas a entidades femininas representativas da religião de matriz africana como Nanã, Oxum e Iemanjá.