100 anos do samba: Escolas carnavalescas (RJ) recebem homenagem do Iphan
Gremiações colaboraram para o reconhecimento das Matrizes do Samba (RJ) como Patrimônio Cultural do Brasil
No próximo dia 13 de janeiro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) completa 80 anos de atuação e faz uma homenagem às escolas de samba mais antigas do Rio de Janeiro pela contribuição ao estudo que resultou no reconhecimento das Matrizes do Samba carioca como Patrimônio Cultural do Brasil.
A pesquisa que resultou no dossiê para registro do samba de terreiro, partido-alto e samba-enredo em 2007 contou com a colaboração das escolas Mangueira, Portela, Salgueiro, Vila Isabel, Império Serrano, Estácio de Sá.
Assim, a Matrizes do Samba do Rio de Janeiro foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão após estudo orientado pelo Iphan que reuniu um conjunto de referências históricas: monografias, teses, livros, vídeos, reportagens, discografia da época e o testemunho de sambistas da velha guarda, como Monarco, Xangô da Mangueira, Nelson Sargento. Desde as reuniões em casa de Tia Ciata, no início do século 20, a pesquisa identifica o samba nos blocos, nos morros, nas ruas e quintais.
O pedido de registro foi feito pelo Centro Cultural Cartola, com apoio da Associação das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Nilcemar Nogueira, neta do compositor Angenor de Oliveira, o Cartola, e na época presidente do Centro, foi autora do requerimento ao Iphan, pois temia o enfraquecimento dessa manifestação cultural carioca.
Para a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, o samba é um componente da identidade nacional e um instrumento de coesão que tem ajudado a derrubar barreiras e eliminar preconceitos. “Valorizar o samba e as práticas culturais que o rodeiam é também uma maneira de minimizar as diferenças sociais”, afirma.
Em 2017, o carnaval da Mangueira levará para a Sapucaí elementos do Patrimônio Cultural, abordando a fé nacional com a temática Só com a Ajuda do Santo. A ação é uma das atividades que celebrarão os 80 anos, criado em 13 de janeiro de 1937.
Matrizes do samba
O samba de terreiro faz referência aos espaços de encontro e celebração dos sambistas, que ali dançam um samba livre com as marcas de sua ancestralidade. Nos terreiros, pátios das escolas de samba, são cantadas as experiências da vida, o amor, as lutas, as festas, a natureza e a exaltação das escolas e da própria música.
Já o partido-alto é marcado pelos versos de improviso. Nasceu das rodas de batucada, onde o grupo marca o compasso, batendo com a palma da mão, repetindo o refrão e inventando estrofes segundo um tema proposto. O refrão serve de estímulo para que um participante vá ao centro da roda sambar e, com um gesto ou ginga de corpo, convide outro componente da roda.
Com a criação das primeiras escolas , no final da década de 1920, o samba se adaptou às necessidades do desfile. Criou-se uma nova estética e uma nova modalidade: o samba-enredo. O compositor elabora seus versos com base no tema (enredo) a ser apresentado pela escola, descrevendo uma história, de maneira melódica e poética. De sua animação e cadência depende todo o conjunto da agremiação, tanto em termos de evolução como de envolvimento harmônico.
A partir do material pesquisado, o Iphan produziu, além do dossiê, um vídeo-documentário disponível também no canal do Youtube do Instituto.
Serviço:
Homenagem à Matriz do Samba
Data: 13 de janeiro de 2017
Horário: 11h
Local: Centro Cultural Paço Imperial
Endereço: Praça XV de Novembro, 48 - Centro, Rio de Janeiro