Um lugar que é testemunha da história de uma cidade, de seu povo e sua cultura; que é abrigo para a memória e para a expressão cultural do mato-grossense. Assim é a Casa Barão de Melgaço, atual sede do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso (IHGMT) e da Academia Mato-Grossense de Letras (AML), entregue aos cuiabanos no dia 06 de maio, com toda sua estrutura restaurada e pronta para receber novas histórias e personagens.

A obra foi feita com recursos do PAC Cidades Históricas e é a primeira do Programa a ser entregue no Mato Grosso. Totalizando R$ 690 mil em investimentos na restauração geral do edifício, a obra amplia as condições de uso da Casa Barão de Melgaço enquanto biblioteca e arquivo dos acervos das duas instituições culturais mais antigas do Estado ainda em atividade. A restauração incluiu a cobertura do edifício, pintura da fachada, revitalização de estruturas danificadas como madeiramento de telhados, pisos e esquadrias, reparo nas alvenarias, substituição de instalações sanitárias e elétricas, instalações de combate a incêndio e isolamento térmico da cobertura.

A cerimônia para entrega da obra de restauração aconteceu na noite do dia 06, com a presença da presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, do diretor do PAC Cidades Históricas, Robson Antônio de Almeida, da Superintendente do Iphan-MT, Amelia Hirata, do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, dos representantes do IHGMT e da AML, e demais autoridades e membros das instituições. Na ocasião, Kátia Bogéa reforçou o empenho do Iphan em valorizar e preservar o Patrimônio Cultural mato-grossense, destacando as ações do PAC Cidades Históricas em Cuiabá. "Nosso desejo é de que essa Casa seja um farol, que vai, a partir de agora, iluminar os caminhos para a dinamização do centro histórico de Cuiabá por meio da preservação", destacou.

As anfitriãs da Casa, Elizabeth Madureira e Marília Figueiredo Leite, presidentes do IHGMT e da AML, respectivamente, também fizeram discursos emocionados, agradecendo em nome das instituições pela chance de verem e participarem da realização de um verdadeiro sonho. O prefeito, por sua vez, enalteceu os grandes nomes da cultura cuiabana, a exemplo do próprio Barão de Melgaço e de Marechal Rondon, e destacou a importância da parceria com o Iphan para a preparação da cidade de Cuiabá para a comemoração de seus 300 anos (que serão inteirados em 2019). A cerimônia de entrega contou ainda com a participação dos músicos Bolinha e Vera Capilé, que comoveram os participantes ao entoarem o Hino de Cuiabá.

Com a conclusão dos trabalhos, a Casa Barão de Melgaço volta a receber a população para o acesso aos arquivos e biblioteca das instituições, com mais de 8 mil títulos e um raro acervo de periódicos, além de arquivos institucionais e privados de famílias da região. A Casa possui ainda um auditório para 225 pessoas e um salão social que recebe, frequentemente, solenidades e eventos, consolidando-se como um importante espaço de cultura para a cidade de Cuiabá e todo o Estado.

Uma casa de cultura
Construída entre 1775 e 1777, a casa da antiga Rua do Campo, nº 3869, passou a ser, a partir de 1843, residência do francês naturalizado brasileiro Almirante Augusto João Manoel Leverger. Casado com a cuiabana Ignez de Almeida Leite, o militar defendeu o Brasil durante a Guerra do Paraguai e recebeu de Dom Pedro II o título de Barão de Melgaço. Após cinco mandatos como governador do Mato Grosso, ele ficou conhecido como o político que passou mais tempo na gestão do Estado e também por seus trabalhos enquanto historiador, geógrafo, pesquisador e escritor. 

Com a morte do Barão, a residência passou por herança a seus descendentes e foi desapropriada ainda em 1926. Em 1930, passou a ser a sede do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso e da Academia Mato-grossense de Letras. Foi também a sede da primeira Faculdade de Direito de Cuiabá. O edifício é tombado individualmente pelo Estado de Mato Grosso e está localizada na área de entorno do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Cuiabá, tombado pelo Iphan. 

PAC Cidades Históricas
No Mato Grosso, a capital Cuiabá foi contemplada pelo PAC Cidades Históricas, com a previsão de R$10,49 milhões em recursos para a execução de 16 ações, incluindo importantes espaços urbanos da cidade, e edifícios que compõem seu centro histórico e possuem relevantes funções sociais. Além da Restauração da Casa Barão de Melgaço, outras seis ações já foram iniciadas.

O PAC Cidades Históricas está presente em 44 cidades de 20 estados brasileiros, totalizando R$1,6 bilhão em investimentos em 424 ações. O Programa é uma linha exclusiva do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criada em 2013 para atender os sítios históricos urbanos protegidos pelo Iphan, proporcionando a revitalização das cidades históricas, a restauração dos monumentos e a promoção do patrimônio cultural, com foco no desenvolvimento econômico e social e no suporte às cadeias produtivas locais.

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