Gestão de patrimônio moderno é tema de seminário internacional

Igreja São Francisco de AssisEngana-se quem pensa que patrimônio é sinônimo de passado. O Patrimônio Moderno está no centro das atenções no evento que será realizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Belo Horizonte (MG). A capital mineira recebeu, de 16 a 19 de agosto, o Seminário Internacional Desafios da Gestão do Patrimônio Cultural Moderno. A escolha da cidade não foi por acaso. Em 2016, o Conjunto Moderno da Pampulha tornou-se Patrimônio Mundial pela UNESCO, o que gerou o compromisso do Iphan junto ao Comitê de Patrimônio Mundial de se realizar, no local, um seminário internacional referente às questões da gestão deste tipo de patrimônio.

Com o intuito de aprofundar as discussões relativas ao reconhecimento de bens patrimoniais da arquitetura e do urbanismo relacionados ao movimento moderno, em especial aos aspectos de proteção, conservação e gestão desses bens, o Iphan propôs a realização de um evento abrangente sobre o tema. As atividades aconteceram no Auditório do Museu de Arte da Pampulha, com entrada franca mediante inscrições prévias realizadas no portal do Iphan.

A programação foi dividida em dois momentos relacionados às temáticas específicas dos bens brasileiros declarados Patrimônio Mundial e que são emblemáticos na representação da expressão brasileira ao movimento internacional: o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), que celebra um ano de reconhecimento pela UNESCO, e o Conjunto Urbanístico de Brasília (DF), que há 30 anos figura na Lista do Patrimônio Mundial. O evento fez parte das atividades de celebração dos 80 Anos do Iphan e das discussões relativas ao futuro da atuação Institucional - Iphan +80. Em especial destaca-se, também, os 70 anos de tombamento da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, o primeiro bem moderno protegido no Brasil.

Seminário Internacional Gestão do Patrimônio Cultural ModernoAs apresentações das experiências internacionais de sítios reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio Mundial Moderno, especialmente os casos dos sítios urbanos da Cidade Branca de Tel Aviv (Israel), de Le Havre (França), e do Campus Central da Cidade Universitária Nacional Autônoma do México – UNAM (México), além dos bens nacionais, serviram de subsídios para avançar nas discussões mais abrangentes da gestão dos bens brasileiros modernistas que são acautelados pelo Iphan. Atualmente são protegidos pela legislação Federal de Tombamento 46 bens representativos do movimento moderno em todo o território nacional, entre eles, o Palácio Gustavo Capanema, antigo Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro, que figura na Lista Indicativa ao reconhecimento pela UNESCO, desde o ano 1996.

As questões referentes ao patrimônio são objeto de debate e de programas internacionais do Centro do Patrimônio Mundial e do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS). Sítios e conjuntos urbanos construídos no âmbito do movimento modernista, reconhecidos e valorados pelo Iphan como Patrimônio Cultural Nacional, apresentam questões particulares do ponto de vista da conservação e gestão, tanto pelas técnicas e materiais empregados distintos ao que tradicionalmente eram utilizados anterior às concepções de futuro e modernidade associadas às rupturas do movimento moderno. Dessa forma, as discussões quanto aos critérios de intervenção, à relação com as tecnologias empregadas, à relação e o contexto com o entorno urbano, aos bens móveis integrados, e tantas questões específicas da arquitetura e do urbanismo do início do século XX, abrangem o campo internacional e são de grande interesse à instituição.

O encontro visou impulsionar os debates e aprofundar a percepção sobre esse patrimônio cultural reconhecido, observando conjuntamente os aspectos de conservação, preservação e gestão, considerando, por outro lado, o potencial turístico desses bens. Nesse sentido, a aproximação com casos internacionais permite a obtenção de informações e troca de experiências quanto ao desafio da gestão do Patrimônio Cultural Moderno, promovendo ações de fortalecimento institucional por meio da ampliação da cooperação internacional junto aos países com casos similares de patrimônios culturais reconhecidos pela UNESCO relacionados à bens modernistas. O resultado foi a Carta da Pampulha, desenvolvida após as reuniões dos grupos de trabalho, no último dia da programação.

Modernismo
Os 14 andares do Palácio Capanema erguem-se sobre pilotis de dez metros de altura.A arquitetura e o urbanismo brasileiros tiveram uma contribuição preponderante ao Movimento Moderno em âmbito internacional. Muitos foram os casos paradigmáticos: construção do prédio do Ministério da Educação e Saúde – Palácio Gustavo Capanema; as obras de Lucio Costa dentro do regionalismo e da cor local do neocolonial expresso em exemplares como o Museu das Missões; a obra de Niemeyer no conjunto da Pampulha; a escola paulista com as construções de Warchavchik e de Vila Nova Artigas, Reidy e os Irmãos Roberto, no Rio de Janeiro, o projeto e a construção de Brasília que espacializou os preceitos modernistas da Carta de Atenas de 1933, como observados na concepção do planejamento urbano do Plano Piloto de Lucio Costa e nas construções monumentais de Niemeyer.

A construção do campo do Patrimônio Cultural no Brasil está intrinsicamente relacionada aos modernistas e ao movimento moderno da semana de 1922, razão pela qual a criação do Iphan, em 1937, trouxe contribuições do ponto de vista conceitual e de valores patrimoniais que ainda não eram trabalhados internacionalmente, com uma visão prospectiva sobre o Patrimônio Nacional, como será abordado na exposição que ocorrerá durante o evento.

Programação
Além dos debates, o Seminário Internacional Desafios da Gestão do Patrimônio Cultural Moderno contou com outras atividades. No dia 16, a partir das 18h, foi realizada uma projeção sobre os bens modernos tratados no evento, que teve fotos e textos explicativos sobre os exemplos dos países que participarão do seminário. 

Também no primeiro dia de programação, houve o lançamento do Emblema do Patrimônio Cultural Brasileiro e seu manual de aplicação, um novo marco para a promoção, difusão, sinalização e proteção do Patrimônio Cultural. Os bens reconhecidos em nível nacional terão uma identidade visual única e comum, a exemplo do que ocorre com o Patrimônio Mundial, da Unesco, o Patrimônio Cultural do MERCOSUL e o Patrimônio Cultural Europeu. O emblema foi selecionado por concurso público, contando com mais de 280 propostas inscritas.

No último dia, sábado, 19 de agosto, foi aberta a exposição O Iphan em Minas Gerais, que ficará em cartaz até o final do ano, na Superintendência do Iphan-MG, na Rua Januária número 130, Centro (BH). A mostra poderá ser visitada de segunda a sexta-feira, das 11h às 16h. As visitas deverão ser agendadas previamente pelo telefone (31) 3222-2440.

 

Mais informações para a imprensa
Assessoria de Comunicação Iphan

comunicacao@iphan.gov.br
Fernanda Pereira – fernanda.pereira@iphan.gov.br 
Michel Toronaga – michel.toronaga@iphan.gov.br
(61) 2024-5511- 2024-5513 - 2024-5531
(61) 99381-7543
www.iphan.gov.br
www.facebook.com/IphanGovBr | www.twitter.com/IphanGovBr
www.youtube.com/IphanGovBr

Compartilhar
Facebook Twitter Email Linkedin