Numa pequena estampa, grandes momentos podem ser representados, eternizando rostos, gestos, cenários, objetos, paisagens e a arte. A imagem, capturada por um engenhoso mecanismo, pode registrar alguns dos detalhes mais significativos de um simples instante. Um processo artístico, que permite reproduzir as cenas que se refletem no fundo de uma câmara escura, transcendendo os limites do tempo, revivendo o que já se passou, num ato singelo de contemplar um retrato.

Por meio das fotografias, a identidade cultural de uma comunidade inteira está sendo resgatada. O projeto Retratistas do Morro - Preservação da Memória Visual do Aglomerado da Serra é uma iniciativa que, desde 2010, faz parte da ação cultural Memórias Vivas da Vila, na cidade de Belo Horizonte (MG). Com o objetivo de contribuir para a preservação da memória imagética dos moradores da Comunidade da Serra, a ação é uma das vencedoras da 30ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade. A cerimônia de premiação das oito ações vencedoras deste ano será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ), no dia 24 de outubro.

Memórias da Vila

Desde 1970, os registros do cotidiano da população do Aglomerado da Serra têm gerado importantes acervos fotográficos, que ajudam a resgatar e fortalecer a memória e a identidade cultural de seus moradores. As imagens da comunidade foram produzidas a partir de uma série de entrevistas e encontros com os moradores mais antigos da região. As narrativas do lugar, considerado a maior favela da capital mineira, são representadas pelos arquivos fotográficos dos retratistas João Mendes e Afonso Pimenta, que trabalham há quase 50 anos capturando a riqueza expressiva dos moradores da região.

João Mendes e Afonso Pimenta fazem parte de um intenso movimento de produção fotográfica, que ocorre dentro da própria comunidade. Os registros revelam versões da história das cidades e das populações de favela no Brasil, contadas a partir das próprias experiências e visão de mundo de seus moradores. Essa vivência fotográfica de quase meio século, acabou se tornando um dos poucos acervos de imagens, ainda preservados, que fazem parte da memória visual de Belo Horizonte. As fotos, conectam as histórias da vida dos moradores do Aglomerado da Serra à realidade cultural da capital.

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