Casarão em ruínas é recriado como ponto de cultura, em Belo Horizonte (MG)
Rua Manaus, 348, Belo Horizonte, em Minas Gerais. A localização indica um dos edifícios que outrora compôs o cenário arquitetônico e a história cultural da capital mineira. Um antigo casarão, que por 20 anos ocultou em sua estrutura, sob os seus vãos selados, décadas de histórias e memórias. O abandono e o descaso esconderam no breu de cada cômodo, narrativas e vivências que precisavam ser redescobertas e recontadas.
Desde 2013, essas memórias do passado voltaram a estar presentes na vida dos belo-horizontinos, quando um grupo de artistas, ativistas, educadores, produtores culturais, entre outros, rompeu as portas do casarão com a missão de transformar aquele lugar num espaço comum, com gestão em regime democrático, onde todos os envolvidos poderiam participar das decisões. Assim, além de abrigar a cultura, o uso do imóvel antigo trouxe significados novos, agregando valor ao espaço e às suas características arquitetônicas.
Por aplicar um conjunto de ações preservacionistas, focado no compromisso social, na mobilização comunitária e investimento no potencial humano e comunitário, a ação Patrimônio em Processo – Restauração do Espaço Comum Luiz Estrela é um dos vencedores da 30ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade.
A inciativa é uma das oito ações vencedoras que receberá o prêmio de R$ 30 mil. A cerimônia de premiação das oito ações vencedoras deste ano será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ), no dia 24 de outubro.
Ocupação Cultural: Do abandono ao uso coletivo
A própria biografia do casarão da Rua Manaus, 348, fornece importantes elementos para a compreensão da formação de Belo Horizonte. Construído em 1914, o edifício foi destinado a funcionar como Hospital da Força Pública de Minas Gerais. Erguido com investimentos do governo do estado, inaugurado de forma solene e com finalidade nobre, o bem foi tombado em esfera municipal ,e ao longo de seus cem anos, teve seus usos profundamente alterados. Chegou a ser utilizado, por anos, como hospital psiquiátrico, selando o destino do casarão como lugar de esquecimento, e em 20 anos, chegou ao ponto de total abandono.
Na contramão desse processo, o Núcleo de Memória e Restauração do Espaço Comum Luiz Estrela desenvolveu um projeto que pretendia não apenas levantar os cem anos de história da edificação, como também, manter preservada toda a memória desse período como Espaço Comum Luiz Estrela.
A iniciativa foi impulsionada pelo exemplo dos fortes movimentos de ocupação urbana que se estruturaram na cidade em 2013, tendo como princípio fundamentar os debates em torno da função social da propriedade privada, com uma crítica contundente ao processo de especulação financeira do território urbano. A intenção era instituir naquele antigo prédio um espaço de uso coletivo, que abrigasse atividades de formação e expressão cultural, versando sobre lógicas e princípios distintos dos tradicionais mecanismos de incentivo e de organização cultural sedimentados no país.
Homenagem a Luiz Estrela
O projeto Espaço Comum Luiz Estrela leva esse nome em homenagem ao artista de rua Luiz Estrela, morto no dia 26 de junho de 2013, em Belo Horizonte. Estrela era poeta, performer, intelectual, morador de rua. Trazia consigo, a luta do artista pela arte e a luta do cidadão pelo direito à vida e à própria cidade.
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