Fortalezas de Santa Catarina recebem oficina para candidatura a Patrimônio Mundial
Duas fortificações simbólicas de Santa Catarina, a Fortaleza de Santa Cruz de Anhantomirim e a Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, são candidatas ao reconhecimento pela Unesco. As históricas edificações militares serão tema da Oficina de Preparação de Candidaturas a Patrimônio Mundial, promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Florianópolis (SC), em 13 e 14 de junho.
O Conjunto das Fortificações Brasileiras, que concorre ao título mundial, inclui 19 fortes e fortalezas em 10 estados. Além de representantes do Iphan, participam da oficina membros da Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Governo de Santa Catarina, Marinha, Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Prefeituras Municipais de Florianópolis e Governador Celso Ramos, entre outros representantes da região.
A oficina tem como propósito a formação do Comitê Técnico de Santa Catarina, que irá conduzir o processo de candidatura em âmbito estadual. O Comitê irá elaborar o dossiê de candidatura, apontando responsáveis pela gestão dos monumentos e outras estratégias para a sustentabilidade das fortificações que, juntas, devem concorrer ao título da Unesco.
Na terça-feira, 12 de junho, o grupo irá realizar uma visita técnica às fortificações catarinenses. Nos dias 13 e 14, haverá a oficina, no Auditório da Alfândega, em evento aberto ao público. Confira a programação completa e inscreva-se.
Conjunto de Fortificações Brasileiras
O Conjunto das Fortificações Brasileiras integra 19 monumentos que se destacam no território nacional e demonstram o histórico esforço para a sua ocupação, defesa e integração. Os bens tiveram significativa importância na definição das fronteiras marítimas e fluviais do país. Os fortes e fortalezas constam na lista indicativa do Brasil, e serão apresentados ao Comitê do Patrimônio Mundial em 2020.
A Fortaleza de Santa Cruz de Anhantomirim, em Governador Celso Ramos (SC), foi construída a partir de 1739, e era parte integrante da principal defesa da capitania de Santa Catarina. Ao longo dos séculos, exerceu novas funções como hospital, presídio, asilo de alienados e posto de registro e fiscalização das embarcações que chegavam à cidade. O conjunto é composto por diversas fortificações, onde se destaca a Casa do Comandante, que já foi a residência do governador, o Quartel da Tropa e a portada em estilo oriental. No antigo Armazém da Praia funciona atualmente uma lanchonete.
A Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, em Florianópolis (SC), foi construída a partir de 1740. Era parte do sistema defensivo de apoio às lutas na região do Prata contra os espanhóis e auxiliou na consolidação do povoamento no sul do país. Tem quase a totalidade de suas edificações em um único terrapleno, voltadas para a Baía Norte e abraçadas pela mata nativa da Ilha de Ratones Grande. Possui uma portada com fosso seco e um sistema de captação de água de chuva inovador para a época.
Tombadas pelo Iphan em 1938, há 80 anos, as fortificações estão sob gestão da Coordenadoria das Fortalezas da Ilha de Santa Catarina, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e estão abertas à visitação do público.
Candidatos a Patrimônio Mundial
O dossiê de candidatura das fortificações ao reconhecimento da Unesco está em fase de elaboração, e deve ser concluído em 2019. Em abril de 2017, os ministérios da Cultura, Turismo e Defesa assinaram a Carta do Recife, documento que define as diretrizes de gestão dos fortes e fortalezas que compõem a candidatura, tendo em vista o seu reconhecimento como Patrimônio Mundial. Em 2018, o Iphan está constituindo Comitês Técnicos nos 10 estados brasileiros.
As fortificações que integram a candidatura brasileira são construções defensivas do território nacional, situadas em pontos estratégicos da ocupação territorial brasileira. Implantadas pelos europeus no Brasil, os fortes e fortalezas tiveram suas origens em um processo de ocupação do território de modo particular, diferenciado das outras potências coloniais. Baseava-se em um esforço descentralizado, oriundo de ações dos próprios moradores das diferentes capitanias que formariam o Brasil, sem uma maior intervenção da metrópole. Essa dinâmica resultou na construção de centenas de fortificações, espalhadas por todo o território brasileiro, edificadas para atender mais a interesses locais do que os de Portugal.
Os 19 monumentos que integram a candidatura marcam a ocupação territorial brasileira, desde o início da colonização. Além das Fortalezas de Santa Cruz de Anhantomirim e de Santo Antônio de Ratones, também fazem parte da lista indicativa:
Fortaleza de São José, em Macapá (AP) – Inaugurado em 19 de março de 1782, dia do seu padroeiro, São José, o Forte é hoje um espaço de cultura e lazer, administrado por uma fundação, o Museu Fortaleza de São José de Macapá, concebida para gerenciar e planejar a sua ocupação.
Forte dos Reis Magos, em Natal (RN) – Recebeu esse nome em função da data de início da sua construção, 6 de janeiro de 1598, dia de Reis pelo calendário católico. Desde 2014, a gestão do edifício foi transferida para o Iphan. Junto com a Igreja de Santo Antônio, a Catedral, o Museu de Sobradinho e o Palácio do Governo, a fortificação integra um conjunto urbanístico de grande expressão em termos artísticos e histórico-culturais na cidade.
Forte de Coimbra, em Corumbá (MS) – A partir de 1775, a Coroa Portuguesa ordenou que se construísse fortificações militares em alguns pontos do rio Paraguai, e o Forte Coimbra foi o primeiro a ser erguido. Também durante a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), o Forte Coimbra foi fundamental nas batalhas travadas ao longo dos tempos, tendo como pano de fundo as paisagens tranquilas do Pantanal. Atualmente o Forte é administrado pelo Exército, que decidiu pela visitação turística e tem como atrações a visita à parte alta do Forte com vistas panorâmicas do rio Paraguai ao lado de antigos canhões, o passeio à vila de moradores e a visita à gruta Buraco do Suturno.
O Forte de Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO) – Considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa no Brasil Colonial, fruto da política pombalina de limites com a coroa espanhola na América do Sul, definida pelos tratados firmados entre as duas coroas entre 1750 e 1777, foi inaugurado em 20 de agosto de 1783 com o intuito de consolidar a ocupação na região disputada com os espanhóis. Atualmente o Forte é ocupado pelas Forças Armadas, embora tenha ficado mais de 40 anos em estado de completo abandono.
Forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador (BA) – O forte tem a forma de um decágono irregular. Construído no lugar da segunda cidade lusitana de Salvador (1534), teve que ser evacuado por causa da resistência nativa e foi reconstruído em 1582, logo após a União das Coroas de Portugal e Espanha (1580-1640), com o aumento do risco de ataques por parte das potências europeias. O forte fazia parte das defesas adicionais de Salvador e teve lugar em combates contra os corsários ingleses e holandeses, que marcam a história da cidade no final do século XVI e início do século XVII. Atualmente funciona como um museu naval.
O Forte São Diogo, em Salvador (BA) – É parte do complexo da Barra de Salvador, junto com os fortes Santo Antônio e Santa Maria, Forte São Diogo, em Salvador (BA) - Parte do complexo da Barra de Salvador, junto com os fortes Santo Antônio e Santa Maria, o Forte São Diogo foi construído em 1625 e reconstruído em 1694, sob a forma de uma bateria semicircular. Tombado pelo Iphan desde 1954, o bem é propriedade do Exército.
Forte São Marcelo, em Salvador (BA) – Conhecido como Forte Nossa Senhora do Pópulo e Forte do Mar, o Forte São Marcelo foi construído fora da costa pelos portugueses, por medo de novas invasões holandesas. Com desenho circular, é o único exemplar ainda existente no País. Tombado desde 1938, o Forte pertence ao Iphan.
Forte de Santa Maria, em Salvador (BA) - Foi erguido logo após a reconquista da Bahia, em 1652, quando uma frota de soldados espanhóis, italianos e portugueses tentaram retomar a cidade de Salvador, ocupada pelas forças da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. A construção atual é resultado de uma reconstrução feita em 1694. O bem é tombado pelo Iphan desde 1938 e tem o Exército como gestor.
Forte de N. S. de Mont Serrat, em Salvador (BA) - Construído em 1582, é um Forte de transição com algumas características de um castelo medieval. Participou de combates contra os corsários ingleses e holandeses em 1587, 1599, 1604 e 1627, mas foi tomado pela frota da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em 1624, servindo como ponto de resistência holandês contra os moradores de Salvador. Tomada em 1625, foi novamente invadida pelos holandeses em 1638, participando também do encontro contra a frota da Companhia das Índias Ocidentais em 1647. Nestes tempos de conflito, sempre foi guarnecida por moradores da milícia baiana. Atualmente é administrado pelo Exército.
Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói (RJ) – Começou a ser erguido em 1578, como principal defesa da cidade do Rio de Janeiro. No início do século XVIII, tornou-se o maior forte da América Portuguesa, sendo sua construção irregular um testemunho de diferentes estilos e programas defensivos. A fortaleza ainda está em uso pelo exército, que tem seu próprio programa de visitação turística.
Forte de Santa Catarina, em Cabedelo (PB) – Em alvenaria de pedra e cal, o Forte foi concluído em 1597 sob a invocação de Santa Catarina de Alexandria, padroeira da Capela do Forte, e em homenagem a Dona Catarina de Portugal, Duquesa de Bragança. O imóvel, de propriedade da União, é administrado desde 1992 pela Fundação Fortaleza de Santa Catarina.
Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro (RJ) – Foi erguida no local onde os colonizadores de São Vicente fundaram a cidade do Rio de Janeiro, em 1565, para lutar contra os franceses calvinistas, que se estabeleceram na Baía de Guanabara dez anos antes. O Forte foi construído ao longo de quase 300 anos (entre 1602 e 1864) e conta com três detalhes característicos: traço italiano, uma bateria irregular e canal de navegação. Ainda em uso pelo Exército, funciona hoje como museu.
Forte de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá (SP) – Construído a partir de 1584, quando Portugal e Brasil fizeram parte da União Ibérica (1580-1640), foi desenhado pelo arquiteto italiano Bautista Antonelli. O Forte, principal defesa de Santos, foi mantido em operação até 1908. Protegido pelo Iphan desde 1964, funciona como museu municipal.
Forte São João, em Bertioga (SP) – Originalmente construído em 1532 para impedir que os povos indígenas utilizassem o canal Bertioga para atacar as cidades de Santos, foi o posto militar em que serviu o artilheiro alemão Hans Staden, autor de um dos primeiros relatos da conquista da América. A partir daí os moradores de São Vicente o usaram para expulsar os calvinistas franceses que haviam encontrado um assentamento no Rio de Janeiro em 1555. O Forte atual foi erguido em 1750 no contexto de fixação das fronteiras com a América espanhola. Tombado desde 1940, hoje funciona como museu municipal.
Serviço
Oficina de Preparação de Candidaturas a Patrimônio Mundial
Data: 13 e 14 de junho
Horário: 9h às 16h
Local: Casa da Alfândega
Endereço: R. Conselheiro Mafra, 141 - Centro, Florianópolis/ SC
13 de Junho (quarta-feira) |
14 de Junho (quinta-feira) |
9:00h – Abertura Oficial do Evento com Autoridades Locais. 10:00 – 11:00h - Apresentação geral dos conceitos e princípios e demais procedimentos para apresentação de candidatura a Patrimônio Mundial. Marcelo Brito - Diretor do Departamento de Cooperação e Fomento – DECOF/IPHAN/BSB. 11:00 – 12:00h – Apresentação das ações e gestão e administração das Fortalezas de Santa Cruz de Anhatomirim e Santo Antônio de Ratones pela UFSC –Universidade Federal de Santa Catarina. Salvador Gomes – Coordenador do Projeto Fortalezas na UFSC. 12:00h – Intervalo. 14:00 – 15:00h – Apresentação dos projetos contratados pelo IPHAN para as Fortalezas de Santa Cruz de Anhatomirim e Santo Antônio de Ratones no âmbito do PAC Cidades Históricas. Julia Callado – Servidora do IPHAN/SC. 15:00 – 16:00h - Apresentação das premissas defendidas para a inclusão do “Conjunto de Fortificações do Brasil” na Lista Indicativa do Patrimônio Mundial – COMPONENTE LOCAL DO BEM SERIADO DA CANDIDATURA. Marcelo Brito - Diretor do Departamento de Cooperação e Fomento – DECOF/IPHAN/BSB. 16:00h – Debate. |
9:00 – 10:00h -
Estratégia para a sustentabilidade do componente local do bem. Ações previstas, em curso e necessárias para a preparação, acondicionamento apresentação do componente local do bem seriado.Candice Ballester – Servidora do DECOF/IPHAN. 10:00 – 12:00h - Definição quanto aos encaminhamentos para a candidatura – MATRIZ DE RESPONSABILIDADES e CRONOGRAMA DE TRABALHO. 12:00 – 14:00h – Intervalo. 14:00 – 16:00h - Definição do Comitê Técnico local e do Comitê Estratégico local para a candidatura. |
Mais informações para a imprensa
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Fernanda Pereira – fernanda.pereira@iphan.gov.br
Helena Brandi – helena.brandi@iphan.gov.br
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