Letras carregadas de histórias e tradição
Os barcos que deslizam pelos rios do Pará levam consigo uma tradição familiar. Seus nomes são desenhados pelos chamados abridores de letra’ artistas que, ao estamparem nomes nos barcos, criaram uma tradição. Letras que Flutuam é o projeto que retrata essa atividade e é um dos oito ganhadores da 31ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O projeto se desenvolveu nas regiões de Santarém, Marajó, Foz do Tocantins e Belém, Pará. A partir desses locais, se estendeu para municípios próximos, realizando o inventario e catalogação da arte e dos artistas. A ação abordou as prováveis origens, a história dessa arte, as influências que recebeu, a relação com o modo de vida ribeirinho e os desdobramentos e transformações a partir do desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas de trabalho. Com um processo de construção conjunto com as comunidades, em 2017, o documentário Marajó das Letras: os abridores de letras da Amazônia Marajoara foi apresentado como segunda etapa da pesquisa.
A curiosidade abriu espaço para ações de salvaguarda
Abrir letra de barco é um saber popular tradicional de várias comunidades ribeirinhas da Amazônia, ainda pouco percebido como atividade cultural. O artista recebe encomendas de donos de barcos com o objetivo de identificá-los, mas sobretudo, torná-los únicos.
A curiosidade da designer Fernanda Martins com as diferentes tipos das letras expressas nas embarcações de Belém acabou levando-a a buscar mais informações sobre essa arte e seus artistas. O projeto teve início em 2004 e, em 2008, uma monografia de especialização realizada na pela Universidade Federal do Pará (UFPA) aprofundou a pesquisa. Desde então, Letras que Flutuam identificou, registou e entrevistou os calígrafos de barcos da região, proporcionando um conhecimento a respeito de suas técnicas e forma de aprendizado.
O projeto já identificou mais de 100 abridores de letras e entrevistou cerca de 80 desses artistas. Letras que Flutuam também promoveu ações de salvaguarda e sustentabilidade desse saber por meio da realização de palestras, elaboração de souviniers e objetos inspirados por essa estética, além de oficinas realizadas por artistas que ensinaram suas técnicas a crianças, jovens e adultos.
31ª Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade
Instituído pelo Iphan em 1987, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade tem como objetivo o reconhecimento a ações de proteção, preservação e divulgação do Patrimônio Cultural Brasileiro e é uma homenagem ao primeiro dirigente da Instituição. A participação foi aberta a empresas, instituições e pessoas de todo o país. Depois passarem pelas comissões estaduais – compostas por representantes das diferentes áreas culturais, presididas pelo superintendente de cada estado – as 94 ações selecionadas em 25 Estados e no Distrito Federal passaram pela Comissão Nacional de Avaliação.
Em consonância com a proposta do Iphan de levar a cerimônia de premiação para todas as regiões do Brasil, a festa, este ano, será em Belém, capital do Pará. A escolha da cidade se deu em razão de, em 2018, o Instituto estar voltado para a promoção do Patrimônio Cultural do Norte brasileiro. Marcada para novembro, a celebração do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade será em ritmo de carimbó, bem registrado pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil, e contará com apresentações de outras expressões tradicionais do Norte, como o Boi-Bumbá de Parintins.
O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898, em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil e, na política, foi chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. O grupo era formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922. Rodrigo Melo Franco de Andrade comandou o Iphan desde sua fundação, em 1937, até 1967.
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