Iphan recebe pedido de registro das Cavalhadas a Patrimônio Cultural do Brasil
Nesta segunda-feira, dia 19 de agosto, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recebeu das mãos de prefeitos goianos e do governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado, o pedido do Registro das Cavalhadas a Patrimônio Cultural do Brasil. A cerimônia que aconteceu na sede do Instituto, em Brasília, contou com a presença de autoridades locais, de dirigentes do Iphan, como a presidente, Kátia Bogéa, o diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial, Hermano Queiroz, e a superintendente do Iphan-GO, Salma Sadi, além da coordenadora de Cultura da Unesco, Isabel de Paula.
Durante a entrega, o governador de Goiás ressaltou a importância das atividades do Iphan desenvolvidas Estado, sendo o primeiro a concluir todas as obras do PAC-Cidades históricas, trazendo benefícios inestimáveis para a memória local e nacional. O governador também demonstrou sua expectativa de que a tramitação do processo de registro das cavalhadas tenha um desfecho favorável. “Nessa hora nós vamos fazer um grande evento em Goiás porque isso aumenta ainda mais as credenciais do nosso Estado perante o turismo a partir do reconhecimento do Iphan a esta tradição que possui uma beleza impar”, concluiu.
Assistindo a tudo na plateia estava o seu Iedo Lobo, que já foi rei da Cavalhada de Santa Cruz por 36 anos e se orgulha muito disso. “O que o Iphan fará pelas Cavalhadas de Goiás, caso a titulação aconteça, é de suma importância para reforçar o apoio a nossa manifestação cultural”, disse. Também destacando a relevância da prática ser reconhecida pelo Iphan, o secretário especial de cultura, Henrique Medeiros Pires, disse ser inegável a importância da preservação desse patrimônio cultural cultivado pelas comunidades goianas.
Cristiano Pedroso, diretor de cultura do município goiano de Santa Cruz de Goiás, explica que a celebração das cavalhadas é um movimento da comunidade, passado de geração a geração, no qual todos estão envolvidos. “É um trabalho coletivo, sendo também de extrema relevância que o governo do Estado de Goiás continue nos dando esse suporte”. Para ele, o pedido Registro desse bem como Patrimônio Cultural é uma iniciativa muito importante por ser a Cavalhada um marco histórico da cidade de Goiás.
Cavalhadas
As cavalhadas são celebrações que encenam batalhas medievais entre mouros e cristãos, quando o exército muçulmano, depois de conquistar Portugal e Espanha, resolve invadir a França. A festa une religiosidade, fé, cultura, turismo e valorização de tradições que misturam elementos sagrados e símbolos pagãos atraindo milhares de turistas às cidades, que movimentam a economia local, mobilizando os moradores e visitantes a reviverem toda a história. As Cavalhadas são para muitos, o maior espetáculo da celebração e reúnem o maior público de todos os eventos que a compõem. Para a comunidade local e para os cavaleiros representam também um ato de devoção e renovação da fé. A cavalhadinha complementa a festa, sendo realizada essencialmente por crianças. É a reprodução mirim dos festejos e o momento máximo de socialização e transmissão, para uma nova geração, dos valores culturais.
O processo de registro
O registro, instituído pelo Decreto 3.551/2000, é um instrumento legal de preservação, reconhecimento e valorização do Patrimônio Imaterial do Brasil, composto por bens que contribuíram para a formação da sociedade brasileira. Quando um pedido de registro é recebido pelo Iphan, a documentação passa por uma análise da equipe técnica do órgão, que avalia se cumpre os requisitos necessários. Em seguida, o processo é encaminhado para a análise da Câmara do Patrimônio Imaterial, que delibera pela pertinência ou não da solicitação, conforme os critérios do Decreto-lei nº 3551/2000.
Uma vez considerada a solicitação pertinente, o processo é instruído com documentação e informações sobre o bem cultural, oriundas de extensa pesquisa. O dossiê elaborado será posteriormente apreciado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que delibera se o bem pode ser reconhecido nos termos da política federal. Nessa instância, o bem ganha o título de Patrimônio Cultural do Brasil. O processo detalhado para obtenção de registro como Patrimônio Cultural do Brasil encontra-se na Resolução 01/2006 do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
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