Sítio Roberto Burle Marx (RJ) avança mais um passo para se tornar Patrimônio Mundial

Especialista do Icomos, órgão assessor da Unesco, esteve no Brasil para missão de avaliação da candidatura do sítio


Legado do paisagista brasileiro que criou o conceito de jardim tropical moderno, o Sítio Roberto Burle Marx (SRBM), no Rio de Janeiro (RJ), está mais próximo do reconhecimento como Patrimônio Mundial. Ao longo dessa semana, especialista do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) esteve na região do monumento e arredores para avaliar o valor universal excepcional que apresenta. 

A candidatura será apreciada na próxima reunião do Comitê da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Fuzhou, na China, em 2020. A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, esclarece que a preparação do Sítio para a chancela tem sido elaborada nos últimos anos e chega agora a um momento crucial. “Foi uma candidatura construída coletivamente – o único modo que poderia ter sido feita – e que valoriza tanto o jardim como laboratório botânico e local de pesquisa, quanto a sua vocação paisagística e cultural", complementa.

A propriedade foi doada pelo paisagista ao Iphan em 1985. O espaço funciona, atualmente, como um centro cultural, que recebe cerca de 30 mil visitantes por ano. Laboratório da criatividade incessante do artista, é o maior e mais importante registro da obra de Roberto Burle Marx.
 
A 50 km do centro do Rio de Janeiro, em Barra de Guaratiba, o Sítio tem 400 mil metros quadrados de área florestal, por onde passa um riacho, com viveiros de plantas, sete edificações, cinco espelhos d’água e um acervo museológico de mais de três mil itens. Sua coleção botânica, com mais de 3.500 espécies de plantas tropicais cultivadas, é única no mundo. Guarda tanto espécies em extinção como plantas extintas em seus locais de origem - uma fonte preciosa de pesquisa deixada pelo paisagista.

O diretor de Cooperação e Fomento do Iphan, Marcelo Brito, destaca o potencial para a economia de valorizar os equipamentos turísticos brasileitros. “O reconhecimento como Patrimônio Mundial impulsiona o turismo cultural, que além de gerar renda, estimula a transmissão de conhecimentos e de saberes embutidos no patrimônio”, avalia.

Na mesma sintonia, a diretora do Sítio Burle Marx, Claudia Storino, ressalta que além do propósito de transmitir, preservar, pesquisar e difundir a obra de do paisagista, tem a responsabilidade de ser uma instituição de cultura em uma região do Rio de Janeiro muito desprovida de equipamentos culturais. “A gente procura, cada vez mais, intensificar a nossa interlocução com a população local de modo a ampliar o enraizamento social do Patrimônio Cultural”, pontua Storino. 

 

Sítio Burle Marx
 
Paisagismo moderno

“Em defesa da nossa identidade natural”, Burle Marx introduziu o uso de espécies nativas brasileiras em seus projetos paisagísticos. O conceito de jardim tropical moderno, seu modelo de inovação, foi um marco divisor na história do paisagismo mundial. Influência do movimento Modernista, o artista impactou de modo decisivo a criação de paisagens, as artes monumentais e o planejamento urbano, mundo afora.

Especialista em patrimônio natural e amigo do artista, Carlos Fernando Delfim destaca que o SRBM está impregnado da presença do seu paisagista. Burle Marx tinha múltiplas habilidades, registradas em pinturas, esculturas, tapetes e azulejos expostos no Sítio. Além de funcionar como laboratório, a propriedade também foi a casa do paisagista. “É um lugar que explode de beleza e encantamento”, enaltece Delfim. 
 
Nascido em 1909, adquiriu o Sítio em Guaratiba no ano de 1949. Projetou mais de 2.000 jardins ao longo de sua vida, que marcam as paisagens urbanas por todo o Brasil, nos EUA, Alemanha, Venezuela e tantos outros países. Burle Marx assina o calçadão de Copacabana, onde recriou o mosaico de pedras portuguesas na década de 1970, alinhado o desenho às ondas do mar.
 
Etapas da candidatura

O processo de construção de candidatura começa com a inscrição na lista indicativa brasileira a Patrimônio Mundial, que aconteceu em 2015. O dossiê final do Sítio Burle Marx foi entregue à Unesco em janeiro de 2019. Após a missão de avaliação, o Icomos fará um relatório final que irá subsidiar a análise do Comitê do Patrimônio Mundial, em 2020, durante a sua 44ª reunião.
 
Em outubro de 2018, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 5,4 milhões para o projeto de requalificação do Sítio Roberto Burle Marx. Com o reconhecimento, espera-se que cada vez mais visitantes de todo o mundo cheguem para conhecer esse verdadeiro laboratório criativo do paisagista brasileiro.

 

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