Notícia: Ações de Salvaguarda para o Complexo Cultural do Bumba meu Boi do Maranhão - IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Ações de Salvaguarda para o Complexo Cultural do Bumba meu Boi do Maranhão

publicada em 25 de novembro de 2019, às 16h36

Ação de Salvaguarda - Projeto O boi vai à escola O processo de salvaguarda de um bem cultural tem início antes mesmo do registro como Patrimônio Cultural, pois a própria pesquisa e documentação produzidas para compor o dossiê são, em conjunto com a mobilização dos detentores, ações de preservação. Nesse documento são apresentados levantamentos das demandas dos detentores e propostas de medidas de salvaguarda.

Desde o registro do Complexo Cultural do Bumba meu Boi do Maranhão, em 2011, diversas ações foram realizadas seguindo os quatro eixos de atuação da Política de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial: Mobilização social e alcance da Política; Gestão participativa no processo de salvaguarda; Difusão e Valorização, além de Produção e Reprodução Cultural.

Dentre elas estão a criação do Comitê Gestor de Salvaguarda do Bumba meu boi, composto por instituições públicas federais, estaduais, municipais e entidades da sociedade civil que representam os grupos de Bumba meu boi e realização de visitas técnicas, oficinas, fóruns e seminários. Também foram lançadas publicações como cartilhas e livros; produções de documentação fotográfica e videográfica; composição de acervo documental sobre o Bumba meu Boi, além de execução de projetos educativos e apoio a eventos sobre esse universo cultural.

A Coordenação-Geral de Promoção e Sustentabilidade do Departamento de Patrimônio Imaterial (CGPS/DPI/Iphan), em conjunto com as Superintendências do Iphan, I Fórum Bumba meu Boi do Maranhão - 2011 é responsável por, em estreita relação com os detentores de bens registrados e demais parceiros, desenvolver os processos de salvaguarda para cada bem reconhecido. Para a coordenadora da área, Rívia Bandeira, o trabalho de salvaguarda após o reconhecimento do bem cultural é promover o apoio e o fomento para que detentores e instituições parceiras analisem os contextos locais e verifiquem quais são os problemas que precisam ser superados para sua preservação, assim como quais são as experiências positivas que devem ser replicadas, com isso, é possível elaborar um Plano de Salvaguarda para a atuação em longo prazo.

No âmbito local, a execução mais direta dessas ações está a cargo da Superintendência do Iphan no Maranhão. O superintendente Mauricio Abreu Itapary ressalta que a cultura do boi é um fator de desenvolvimento socioeconômico para as comunidades brincantes como contribui para fomentar o turismo no Estado. . “Atuamos na salvaguarda do Bumba-meu-boi buscando a sustentabilidade dos grupos porque acreditamos no potencial dessa manifestação cultural como fator de incremento da economia, sem que haja a descaracterização do nosso bem cultural”, afirma.

Ação de Salvaguarda - Projeto O boi vai à escola A técnica em ciências sociais, Izaurina Nunes, enfatiza que o trabalho realizado junto com os grupos de detentores foi iniciado logo após o registro, com a criação do Comitê Gestor de Salvaguarda e teve prosseguimento ao longo de oito anos com ações em vários campos, com destaque para o projeto de educação patrimonial O Boi vai à Escola, de 2015 a 2020; a campanha de valorização do sotaque de Costa de Mão O Ano dos Bois de Costa de Mão, realizada de 2018 a 2019; e as oficinas de transmissão de saberes destinadas aos detentores dos grupos de Bumba-meu-boi dos sotaques da Baixada, em 2012, e de Costa de Mão, em 2019.

Política de Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial
A Política desenvolvida no Brasil é considerada exemplar desde sua origem no ano 2000 e preza pela valorização da diversidade cultural do país, incentivando a pesquisa, a documentação e a realização de ações que viabilizem a melhoria das condições de sustentabilidade dos saberes e práticas culturais coletivas dos diferentes povos que conformam a nação. A salvaguarda desenvolvida pelo Estado brasileiro também tem como fundamento a Convenção Para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial da Unesco de 2003.

Essencialmente, para além do apoio à continuidade de saberes e práticas tradicionais, a política busca, por meio da gestão compartilhada, o desenvolvimento da cidadania e o fortalecimento das comunidades, grupos e segmentos de detentores. Com esta perspectiva, todo o trabalho desenvolvido pelo Iphan tem como fundamento a participação, o diálogo, o consenso e o incentivo ao protagonismo dos detentores dos bens culturais registrados na gestão de seu Patrimônio Cultural.