A Romaria de Carros de Bois, que faz parte da celebração religiosa, também não será realizada em virtude da pandemia

O final do mês de junho é o tempo em que os carreiros da Romaria de Carros de Bois, reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural Brasileiro, se colocam a caminho da Festa do Divino Pai Eterno de Trindade (GO), uma das maiores celebrações religiosas do país. Mas, em função da pandemia do novo coronavírus, pela primeira vez, em 180 anos, a manifestação não será realizada para evitar aglomeração de pessoas e propagação do vírus.

A Festa estava programada para acontecer no período de 26 de junho a 05 de julho. Neste período, milhares de fiéis estariam em Trindade, em devoção ao Divo Pai Eterno, participando das comoventes missas e novenas, dos encontros de jovens, do acolhimento dos carreiros, do desfile de Carros de Bois e de outros festejos.

Tradição e devoção

 Tradição relacionada às antigas práticas cotidianas da vida rural, a Romaria de Carros de Bois é símbolo de entrega, cultura e religiosidade. Em devoção ao Divino Pai Eterno, os fiéis saem de diversas localidades de Goiás e de outros estados do Centro-Oeste e Sudeste e seguem até a cidade de Trindade para pagar promessas, buscar a paz, fortalecer a fé e agradecer pelas bênçãos recebidas.

Os carros de bois têm resistido aos avanços do tempo e contribuído para manter viva uma tradição familiar que passa de geração a geração.  Para a peregrinação, os carreiros se preparam meses antes: tudo é pensado nos mínimos detalhes, desde a escolha e o cuidado com o boi, os equipamentos, até a comida levada na longa caminhada até Trindade. É assim que os carreiros, candeeiros e demais participantes da Romaria de Carros de Bois se colocam na posição de herdeiros, guardiões e transmissores de costumes da vida rural. A Romaria também atrai devotos em caminhadas a pé e em veículos. São milhares de pessoas durante os dias de novenas e missas com demonstrações de fé ao Pai Eterno.