Em Serranópolis (GO), estudos arqueológicos vão ampliar o conhecimento sobre o Brasil central

 

Testemunho das primeiras ocupações humanas do planalto central brasileiro, o sítio arqueológico GO-Ja-02, também conhecido como Diogo Lemes da Silva, localizado no município de Serranópolis (GO), será objeto de novos estudos. As atividades no sítio foram aprovadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da superintendência no estado de Goiás e do Centro Nacional de Arqueologia (CNA), após a apresentação do projeto de pesquisa Escavação do Sítio GO-Ja-02, Serranópolis Goiás: Novas Perspectivas.

De autoria dos pesquisadores Júlio Cezar Rubin de Rubin e Rosiclér Theodoro da Silva, do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), a ação representa a retomada das pesquisas arqueológicas na região, iniciadas ainda na década de 1970 pelo Programa Arqueológico de Goiás (PAG), sob coordenação de Pedro Ignácio Schmitz, arqueólogo pioneiro no estado.

Além de buscar uma correlação com os resultados das primeiras investigações desenvolvidas nas décadas de 1970 e 1980, as novas pesquisas no sítio arqueológico GO-Ja-02 também devem contribuir com os estudos bioarqueológicos, que tratam da reconstrução do passado através do estudo de remanescentes biológicos humanos recuperados em contextos arqueológicos.

Em nível regional, as pesquisas também pretendem traçar possíveis relações culturais e espaciais existentes entre os antigos habitantes do sítio GO-Ja-02 e os demais sítios existentes na região de Serranópolis e, de forma mais ampla, na região central do Brasil. Já em nível nacional, as escavações podem proporcionar a geração de novos conhecimentos acerca da ocupação humana no planalto central brasileiro, de modo a inseri-los no contexto das discussões referentes ao tema na América do Sul.

As pesquisas serão financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e executadas por equipe multidisciplinar composta por profissionais mexicanos, franceses, argentinos e colombianos. Segundo o IGPA, o sítio GO-Ja-02 foi selecionado não apenas por apresentar bom estado de conservação, mas por ser um sítio que possui alto potencial arqueológico, uma das referências no país nos estudos sobre o início da ocupação humana na América do Sul. Os trabalhos serão acompanhados pela equipe de arqueologia do Iphan em Goiás.

O projeto terá duração de três anos e contará com a participação de bolsistas de iniciação científica dos cursos de arqueologia e de biologia, além de discentes do curso de pós-graduação em história da PUC Goiás. Os coordenadores do projeto informam, ainda, que os resultados alcançados devem propiciar o desdobramento de outras pesquisas acadêmicas voltadas ao aprofundamento da análise dos dados coletados.

“Além de promover a ampliação do conhecimento sobre as populações que ocuparam a região, a pesquisa pode contribuir com as discussões sobre o início da ocupação humana na América do Sul”, avalia o arqueólogo do Iphan-GO, Sérgio Daher de Oliveira. “Por outro lado, os vestígios coletados em campo poderão fomentar vários outros projetos, colaborando com o desenvolvimento do ensino e pesquisa no meio acadêmico.”

Para o incentivo de mais pesquisas em Serranópolis, o Iphan-GO também tem estudado a destinação de recursos provenientes de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), de modo a gerar mais visibilidade para a região.

Sítios arqueológicos de Serranópolis

O complexo arqueológico de Serranópolis (GO) é um dos mais importantes e completos em se tratando de conjuntos de sítios arqueológicos do Brasil. São mais de 30 sítios de populações caçadores-coletores e agricultores-ceramistas que ocuparam a região. Serranópolis é referência na história do povoamento do cerrado brasileiro, tanto por sua importância científica, relacionada à ocupação do território goiano, quanto por sua beleza cênica. As pesquisas revelaram datações que recuam o início da ocupação na região a aproximadamente 11 mil anos antes do presente.

Entre os sítios cadastrados no Iphan, destacam-se os abrigos sob rochas, onde foram registradas mais de 1.100 figuras pintadas e 4.000 gravuras, distribuídas em 14 dos 26 abrigos estudados. Esses sítios arqueológicos em arte rupestre são patrimônios e monumentos singulares, de valor inestimável, uma vez que trazem representações da vida humana em tempos remotos.

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