Fórum da Capoeira de Mato Grosso divulga documento com reivindicações
publicada em 03 de agosto de 2012, às 15h05
A Carta da Capoeira de Mato Grosso, assinada pelo Fórum da Capoeira de Mato Grosso e lançada em Cuiabá, apresenta as reivindicações de mais de 5.000 pessoas envolvidas diretamente com as rodas de capoeira na Baixada Cuiabana e em cerca de 30 municípios do Estado. O documento, transcrito a seguir, foi construído a partir das discussões do Fórum da Capoeira de Mato Grosso, que reuniu representantes de entidades da sociedade civil e foram realizadas com apoio do Departamento do Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPI/Iphan).
Carta da Capoeira de Mato Grosso
Tá no sangue da raça brasileira, capoeira é da nossa cor...
Somos uma organização da sociedade civil do Estado de Mato Grosso que reúne mais de 50 entidades, que fomentam a Roda de Capoeira no Estado, integramos o Fórum da Capoeira de Mato Grosso, criado em 2012 e coordenado pela Comissão Prol-Capoeira de Mato Grosso. A comissão é formada por seis grupos divididos pelos seguintes eixos: Capoeira e Educação; Capoeira, Identidade e Diversidade Cultural; Capoeira e Profissionalização; Capoeira, Esporte e Lazer; Capoeira Desenvolvimento Sustentável; e Capoeira, Política e Fomento.
Esses grupos desenvolvem discussões a partir das contribuições do encontro do Grupo de Trabalho Pró-Capoeira, realizado em 2010, em Brasília-DF, fomentado pelo Instituto Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Ministério da Cultura (MinC). Estamos presentes em 29 municípios do Estado, envolvemos diretamente 20 mil pessoas. Estamos em escolas, academias, praças, centros comunitários, institutos e associações vivendo uma arte que é Patrimônio Cultural do Brasil. Entendemos que a política de fomento à Roda de Capoeira precisa ser pautada no Estado de Mato Grosso e em todos os seus municípios.
“Onça pintada, matrinxã e mico-estrela já descobriram o que é a capoeira.”
Entendemos que capoeira é uma manifestação cultural afro-brasileira que promove o respeito étnico-racial, de gênero e de diversidade sexual, e combate à intolerância associada às praticas culturais de matriz africana.
Queremos a criação de um curso que nos dê o reconhecimento de tecnólogo, com interface na arte, na educação, no esporte e no meio ambiente, com uma formação interdisciplinar nas ciências humanas, sociais, da saúde e artes. O Ofício dos Mestres já é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil, mas, na realidade, não tem reconhecimento profissional do atual contexto.
No âmbito das políticas públicas do Estado e dos municípios, queremos uma política efetiva de incentivo à capoeira na educação, na cultura, no esporte e no meio ambiente, com a abertura de programas de ações e editais de incentivo à capoeira. As políticas públicas de incentivo à capoeira e as ações realizadas pela rede de capoeiristas do Estado precisam de uma sede, um centro cultural de referência da capoeira de Mato Grosso. Finalmente, desejamos que o Estado de Mato Grosso e seus municípios estejam articulados com a política pública federal de preservação e salvaguarda da Roda de Capoeira.
“A capoeira não é mato nem cerrado é uma luta de bailado, é uma dança guerreira...”
Fórum da Capoeira de Mato Grosso Cuiabá - 22 de julho de 2012.