História - Lençóis (BA)
O povoamento da cidade de Lençóis - situada na Chapada Diamantina, no sopé da Serra do Sincorá - teve início em 1845, com a descoberta de minas de diamantes no local. As notícias sobre as pedras preciosas logo atraíram garimpeiros, senhores de engenho com escravos, negociantes e todos os que buscavam um enriquecimento rápido. A região de Lençóis ficou conhecida como um importante centro de mineração de diamantes e entreposto comercial e, em pouco tempo, as terras foram ocupadas por exploradores e comerciantes de diversos lugares do Brasil.
Para a formação da cidade contribuíram dois grupos: os garimpeiros (vindos do Serro Frio e do Alto Sertão) e os comerciantes da capital e do Recôncavo Baiano, que financiavam a mineração e controlavam sua exportação com comerciantes franceses, ingleses e alemães. Segundo versão popular, nessa época podia-se ver, do alto da serra, os tetos das barracas estendidas, como se fosse uma verdadeira “cidade de lençóis”, que terminou por denominar a nova povoação. Os garimpeiros também utilizavam as grutas das vizinhanças como habitação e, atualmente, ainda são encontradas algumas destas grutas na região.
Lençóis nasceu como um núcleo de mineração, mas logo arrebatou à Vila de Rio de Contas a condição do mais importante entreposto comercial regional, onde era reunida e exportada para a Europa toda a produção mineral, distribuídos os produtos do litoral e os artigos de luxo importados. A povoação do local ocorreu a partir do povoado de Mucugê, onde havia grande contingente de garimpeiros e comerciantes. A mineração seguia o curso dos rios e, quando foram descobertos os ricos garimpos do rio Lençóis (1845), imediatamente houve o interesse dos compradores de diamantes instalados em Mucugê. Em 1851, foi iniciada a construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição que, mais tarde, cedeu lugar à nova igreja matriz.
Anos mais tarde (1856), foi desmembrada do município de Santa Isabel do Paraguaçu (atual Mucugê) e transformada na Comercial Vila de Lençóis (em referência aos grandes comerciantes de pedras e mercadores, inclusive estrangeiros, que proliferavam na região). A vila foi elevada à categoria de cidade em 1864. São desta fase as construções mais elaboradas da cidade, como a Capela de Nosso Senhor dos Passos e a exibição da riqueza: nos saraus (encontros das famílias e amigos onde se ouvia música ou liam-se poesias), era comum que os participantes usassem diamantes como joias e aplicações em seus trajes.
Entretanto, a descoberta de minas de diamantes na África do Sul (1865) e a simultânea escassez de pedras na região levaram ao abandono do comércio e do garimpo, por seus exploradores, e a um período de decadência e grande crise econômica. A cidade floresceu até 1871, quando o mercado internacional se voltou para os diamantes africanos. A partir de então, Lençóis começou a decair e para isto contribuiu a ida dos garimpeiros para as faisqueiras de Salobro (Canavieiras).
O esgotamento parcial dos solos da região e a concorrência de pedras preciosas africanas ocasionou um período de extrema pobreza e escassez de recursos. Muitos encontraram uma alternativa econômica na lapidação de pedras preciosas, outra importante atividade de Lençóis, e há registros da existência de três destas oficinas na cidade, a mais antiga datada de 1880. A plantação de café e, mais tarde, a extração do carbonato (de mesma composição do diamante, porém menos concentrado) ajudaram a retomar, em parte, a economia local. Assim, uma nova fase de desenvolvimento ocorreu, pouco depois, com a repentina valorização do carbonato como abrasivo industrial.