História - Monte Santo (BA)

A região - habitada pelos índios Caimbé - fazia parte do grande Morgado da Casa da Torre, imenso latifúndio iniciado por Garcia d´Ávila, no século XVI. Apesar de ter sido a Fazenda Cassucá o primeiro ponto devassado, o povoado que originou a atual cidade de Monte Santo se formou em terras da Fazenda Soledade arrendadas, em 1750, a João Dias de Andrade. As terras da fazenda pertenciam à Casa da Torre de Garcia d´Ávila, desde o século XVII. No sopé da Serra de Piquaraçá, o arrendatário construiu sua casa e uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Conceição.

O Monte Santo era conhecido, primitivamente, como Piquaraçá (Pico Araçá), um lugar lendário, citado nas inúmeras crônicas dos antigos bandeirantes e em seus roteiros de viagens. Durante o século XVII, serviu como orientação e pouso aos aventureiros que se embrenhavam pelo sertão em busca de metais preciosos. A origem do Santuário de Santa Cruz do Monte Santo é atribuída ao frei Apolônio de Toddi, um capuchinho missionário que viajava pela região e, em 1785, considerou o topo da serra que domina a paisagem daquela área semelhante ao Calvário de Jerusalém.

Conta-se que o frei realizou seus trabalhos religiosos no sopé da serra e, no Dia de Todos os Santos, organizou uma procissão ao seu cume fincando cruzes de madeira em sua trajetória. Durante o cortejo, ocorreu uma tempestade com ventos muito fortes, que foi dominada pelas orações do capuchinho. No dia seguinte, ele seguiu viagem, mas os moradores atribuíram milagres ao local, o que determinou a substituição da denominação de Serra do Piquaraçá para Monte Santo. Ao longo de 1.969 metros da Via Sacra, as primitivas cruzes de madeira deram lugar a 25 capelas que abrigam imagens de grande devoção popular, no alto o santuário. Em 1791, as obras estavam concluídas. 

A partir de então, o Monte Santo passou a ser um local de peregrinação, atraindo fiéis de todo o sertão, especialmente durante as festas do Santo Sagrado Coração de Jesus e da Quinta-Feira Santa, quando ocorre uma grande procissão até o alto do morro. Como apoio à essa atividade, surgiu um pequeno comércio que atraiu outras atividades econômicas mais duradouras - pecuária, agricultura, e artesanato de couro, fibra e cerâmica. A freguesia foi criada em 1790, com o nome de Santíssimo Coração de Jesus e Nossa Senhora da Conceição de Monte Santo alterado, em 1837, para Vila do Coração de Jesus de Monte Santo. Em 1929, a vila foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de Monte Santo. 

Um século depois de frei Apolônio de Todi ter criado o monte sacro, um personagem famoso, o cearense Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio Conselheiro) vagou pelas terras compreendidas ao sul do rio Vaza Barris e ao norte do rio Itapicuru, realizando pregações, construindo igrejas e cemitérios. Conselheiro fundou, em terras então pertencentes a Monte Santo, em 1893, a cidade de Belo Monte (Canudos), cenário de um dos mais dramáticos episódios da história brasileira. Embora o Conselheiro conhecesse Monte Santo, foi por volta de 1892 que, acompanhado de milhares de seguidores, realizou uma série de reparos e melhoria na Via Sacra de Monte Santo. 

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