História - Porto Seguro (BA)

A colonização da região de Porto Seguro - região onde viviam os índios Tupiniquim - confunde-se com a própria história do Brasil. O Monte Pascoal foi o primeiro ponto da costa brasileira avistado e o local de desembarque dos portugueses, em 1500. A catequese dos índios e a efetiva ocupação da área começaram logo depois, em torno de 1503, quando dois franciscanos iniciaram a construção da primeira igreja do Brasil, no Outeiro da Glória, possibilitando o aparecimento da primitiva Aldeia de Santa Cruz. 

A esquadra de Pedro Álvares Cabral aportou no sul da Bahia, em 1500, e tomou posse da terra encontrada em nome de Portugal. A partir de então, foram enviadas algumas expedições exploradoras para combater a presença de piratas de outras nações europeias em busca de pau-brasil. Duas expedições são muito importantes para a história: em 1502, a expedição exploradora de Gonçalo Coelho estabeleceu o marco inicial da cidade de Caravelas; e, em 1526, Cristóvão Jacques comandou a esquadra guarda-costas que fundou uma feitoria onde se situa, atualmente, o município. 

Anos depois, em 1532, Martim Afonso de Souza percorreu parte da costa e do sertão da região e, por meio de seu irmão Pero Lopes de Souza, enviou a Portugal o resultado de suas observações que contribuíram para implantação do Sistema de Capitanias Hereditárias. No mesmo local, onde Cristóvão Jacques estabeleceu a feitoria, foi criada a Vila de Porto Seguro, na foz do rio Buranhém.

Em 1534, o primeiro donatário da capitania, Pero de Campos Tourinho, mandou fundar a Vila de Nossa Senhora da Pena (atual Porto Seguro) e a Aldeia de Santo Amaro (próxima ao Arraial da Ajuda), e transferiu a primitiva Aldeia de Santa Cruz, para sua localização atual. Dentro da velha tradição luso-portuguesa de cidade de dois andares, Porto Seguro ocupa - com Olinda e Recife - uma posição especial com dois núcleos razoavelmente afastados, desempenhando funções complementares. 

A economia de Porto Seguro fundamentava-se, sobretudo, na extração de pau-brasil e, partir de 1535, cerca de 600 colonos e alguns padres jesuítas que chegaram com Campos Tourinho começaram a se instalar na região. A capitania que dependia, até então, da extração e comércio do pau-brasil, começou a diversificar sua economia com a organização das entradas e bandeiras em busca de pedras preciosas e instalação de engenhos de açúcar. 

Tourinho foi preso e destituído da donataria, em 1546, sob acusação de heresia contra a Igreja Católica. Somente em 1549, Fernão de Campos Tourinho, seu filho, tomou posse da capitania. Nesse mesmo ano, os jesuítas fundaram residências como a de Salvador e a de São Mateus, ambas em Porto Seguro. Seguiu-se um período marcado por desordem entre os colonos e ataques dos índios Aimoré. Em 1553, os Aimoré incendiaram a Vila de Nossa Senhora da Pena, queimando quase tudo. Após a morte de Tourinho, Leonor de Campos Tourinho (sua irmã) vendeu a capitania a D. João de Lencastro, primeiro Duque de Aveiro e, com a morte do duque, em 1571, seu filho D. Pedro Dinis assumiu a capitania. 

Fernão Cardim, que passou por Porto Seguro em 1583, descreveu aquela vila como pequena e pobre. Em 1602, estava praticamente despovoada e os moradores apelavam ao governo português pelo retorno definitivo dos jesuítas e reestabelecimento da antiga residência, que foi reaberta pelos padres Mateus de Aguiar e Gabriel de Miranda, em 1622. Do início do século XVII a meados do XVIII, a vida econômica e social da Capitania de Porto Seguro esteve em crise, passou de herdeiro a herdeiro sem, praticamente, nenhum desenvolvimento. 

Tamanho fracasso foi atribuído ao Sistema de Capitanias Hereditárias e, para reverter a situação, criou-se um sistema de Governo Geral, com sede na Bahia. Com essa política inaugurada pelo futuro Marquês de Pombal, em Portugal, foram tomadas as seguintes providências: a expulsão dos jesuítas, em 1760; em 1761, a capitania foi incorporada à Coroa Portuguesa; e, em 1763, ocorreu a criação de novas vilas, a abertura de estradas e a reconstrução de edifícios públicos e religiosos. Em 20 de outubro de 1795, foi criado o distrito de Porto Seguro.

Após a incorporação da Capitania à Coroa Portuguesa, foram realizadas muitas obras na Cidade Alta, o que reforçou seu prestígio, como a construção da Casa de Câmara e Cadeia, da Igreja Matriz, e a restauração da Igreja da Misericórdia.  Os dois núcleos de Porto Seguro surgiram praticamente ao mesmo tempo, mas a parte alta - sede do poder político e ocupada pelas camadas sociais mais altas - manteve sua hegemonia até meados do século XIX, quando a situação se inverteu. 

Em 1802, o inglês Thomas Lindley foi preso por tentar contrabandear pau-brasil, ouro e diamantes e, em suas memórias, relatou a situação de pobreza da cidade: existiam 500 barcos cobertos que pescavam garoupas em Abrolhos (ilha no litoral do atual município de Caravelas), salgando-as e enviando-as para Salvador. Em 1891, a vila foi elevada à categoria de cidade.  No século XX, com a conclusão da rodovia BR-101 em 1972, Porto Seguro converteu-se em um importante centro turístico.

Compartilhar
Facebook Twitter Email Linkedin