História - Rio de Contas (BA)

A colonização da região teve início no final do século XVII, quando escravos foragidos se instalaram na margem esquerda do rio de Contas Pequeno, onde surgiu a atual cidade de Brumado que, em pouco tempo, tornou-se ponto de pouso para viajantes oriundos das Minas Gerais e Goiás que seguiam em direção a Salvador. Como por ali passava um caminho que ligava o Vale do Rio São Francisco ao litoral, fundaram o povoado de Creoulos. Neste local foi edificada uma capela, sob a invocação de Nossa Senhora de Santana, cujos alicerces ainda existiam no início do século XX. 

Subindo o rio Brumado, o paulista Sebastião Raposo descobriu ouro na década de 1710, surgindo nas proximidades da lavra a povoação de Mato Grosso, onde, segundo a tradição, os jesuítas construíram a Igreja de Santo Antônio. Os mesmos paulistas fundaram, em 1715, uma povoação rio abaixo onde foi construída a Capela de Nossa Senhora do Livramento. Como forma de evitar a evasão do “quinto” (imposto cobrado por Portugal sobre o ouro extraído) e controlar as desordens, o Conde de Sabugosa encarregou o sertanista baiano Pedro Barbosa Leal de fundar vilas na região. 

O povoado cresceu em função da mineração e, em 1718, criou-se a freguesia de Santo Antônio de Mato Grosso, a primeira do alto sertão baiano. Nessa época, os jesuítas construíram uma igreja, a 12 quilômetros abaixo do povoado de Creoulos, dedicada a Nossa Senhora do Livramento. Em 1724, o Vice-Rei Dom Vasco Fernandes encarregou o coronel Pedro Barbosa Leal de criar a Vila de Nossa Senhora do Livramento do Rio de Contas. Em 1726, ficou determinado que se estabelecessem casas de fundição na região. A descoberta de veios e cascalho aurífero atraiu para região bandeirantes paulistas, e a descoberta de minas na região favoreceu a ocupação deste trecho da chapada quando, em 1745, ocorreu a transferência da antiga vila para o novo sítio, denominado Vila Nova de Nossa Sra. do Livramento e Minas do Rio de Contas. A transferência da vila obedeceu à necessidade de melhor controlar as lavras de ouro aluvional. 

A estagnação de Rio de Contas iniciou-se em 1800, com a queda da produção de ouro, agravando-se a partir de 1844, com a emigração de grande parte da população para as minas de diamantes recém descobertas em Mucugê. Mas a cidade não entrou propriamente em decadência. A criação de Casa de Fundição trouxe para a cidade a técnica da joalheira gerando uma metalúrgica artesanal, que se transformou na base da economia local. 

Não é sem razão que os maiores recolhimentos do “quinto” tenham se registrado nos anos imediatos à criação da Vila de Rio de Contas. Rico em ouro de aluvião, o município estendia seus limites até o Estado de Minas Gerais e cresceu rapidamente. A descoberta de ouro, no leito do rio Brumado, atraiu à região grande número de garimpeiros que, subindo o rio, fundaram a povoação denominada Mato Grosso. Mesmo com a queda da produção de ouro, Rio de Contas continuava sendo uma escala obrigatória no Caminho Real, que levava de Cachoeira a Goiás e Mato Grosso, e por onde passavam as romarias dos religiosos que seguiam para Bom Jesus da Lapa. Durante o século XIX, todo o tráfego para o sudoeste da Bacia do Rio São Francisco era feito por esse caminho. 

Em 1868, foi criado o distrito de Vila Velha, anexado à Vila de Minas do Rio de Contas, e elevado à condição de cidade com a denominação de Minas do Rio de Contas, em 1885. Em 1931, o município de Minas do Rio de Contas passou a se chamar Rio de Contas. Quando as jazidas começaram a se esgotar, desenvolveu-se o artesanato e uma agricultura baseada no café, cana-de-açúcar, cereais e tubérculos. No século XX, novas corridas de ouro ocorreram em 1932 e 1939.

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