História - Diamantina (MG)

A formação da cidade se deu com a descoberta e exploração do ouro no vale do córrego do Tijuco, pela bandeira liderada por Jerônimo Gouveia. Os bandeirantes partiram do Serro, acompanharam o curso do rio Jequitinhonha até atingir a confluência dos rios Pururuca ("cascalho grosso", em tupi-guarani) e Grande, onde acamparam, em 1691. Entretanto, não existia, naquele sítio, abundância de ouro, como a princípio se pensava.

As origens do famoso Arraial do Tijuco (ou Tejuco) - como era chamada Diamantina - remontam a 1713, com a atividade dos bandeirantes que permaneceram na região. Nesse local, denominado Burgalhau (atual Rua do Burgalhau, Rua do Espírito Santo e Beco das Beatas), se fixaram os primeiros povoadores. O fracasso inicial ameaçava o desenvolvimento da povoação, quando os diamantes foram descobertos, em 1720, por Bernardo da Fonseca Lobo e fizeram convergir, para as áreas do Tijuco, a ambição dos habitantes das terras vizinhas, transformando o arraial em lugar de esplendor e grande luxo. 

Pequenos arraiais espalhados ao longo dos cursos d’água, em direção ao núcleo administrativo do Tijuco, levaram à formação do conjunto urbano com suas primeiras vias. Entretanto, entre 1731 e 1738, Portugal resolveu implantar o regime de contratos para a extração de diamantes, o que provocou conflitos entre garimpeiros, escravos e os representantes do governador das Minas, D. Lourenço de Almeida. 

O resultado da decisão de Portugal para controlar a exploração dessas riquezas foi a criação de uma condição administrativa especial para garantir a hegemonia da Coroa Portuguesa na mineração. Isto se refletiu na evolução da cidade, desfavorecendo a formação de um espaço urbano arquitetônico na forma de uma praça representativa do poder político e religioso, como era então regra geral nas outras cidades mineiras. 

O Tijuco cresceu em ritmo acelerado e se desenvolveu especialmente na época dos contratadores de diamantes Felisberto Brant (1748‐1751) e João Fernandes de Oliveira (1759‐1771), este último uma figura lendária na história do município devido ao seu romance com a célebre Chica da Silva. Foram estimuladas as construções, o comércio floresceu, surgiram as primeiras igrejas, e o arraial conheceu tempos de grande prosperidade. 

Entretanto, os garimpeiros viveram dias de grande opressão durante o regime dos contratos: o poder dos contratadores era tão grande que os transformava em verdadeiros carrascos na execução das ordens de Portugal. O célebre Livro da Capa Verde, código que controlava os atos da população em vários aspectos, era seguido fielmente pelos intendentes. Depois de luta incansável, os tijucanos conseguiram, em 1821, a reforma do código para diminuir o poder dos intendentes.

No início do século XIX, o arraial rivalizava em tamanho com Vila Rica (atual Ouro Preto), a então capital de Minas Gerais. Na década de 1820, o Tijuco recebeu ilustres visitantes internacionais, como Spix, Von Martius, Saint-Hilaire, Eschwege, John Mawe, dentre outros. A partir de 1828, a povoação viveu novo período em seu desenvolvimento, com a organização da sociedade, o interesse pela cultura e, em consequência, se tornou um dos arraiais mais importantes da época. Em 1831, o Tijuco foi elevado à categoria de vila, com o nome de Diamantina e, em 1838, à cidade com o mesmo nome. 

No final do século XIX, a Serra dos Cristais era uma importante área de lazer da comunidade e, atualmente, a plataforma onde se localiza o cruzeiro luminoso (Igreja de Nossa Senhora Aparecida) e a Praça Jardim da Serra (via de calçamento de pedra) forma um importante ponto turístico pela vista privilegiada que oferece da cidade, especialmente da área tombada. O interesse pelo teatro, música e artes em geral tornou-se característica marcante da sociedade local. 

O arraial ficou conhecido, pela exploração de diamantes e a enorme quantidade de pedras que eram extraídas da localidade, tornando-se a maior lavra de diamantes do mundo ocidental, no século XVIII. Tanta riqueza deu origem a uma aristocracia opulenta e uma das mais requintadas do período colonial mineiro, que ergueu um rico patrimônio arquitetônico. Tornou-se lendária na imaginação popular por ter abrigado o romance entre o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira e a escrava liberta Chica da Silva. É, também, a terra de Juscelino Kubistchek, Presidente da República nos anos 1950 e idealizador de Brasília.

Suas festividades religiosas e populares são atração para os que visitam a cidade, além da arte da tapeçaria, trazida à região pelos portugueses no século XVII, com influências hispano-mouriscas, indianas e renascentistas, transformando-a em uma tradição local com a confecção dos conhecidos tapetes arraiolos. Devido à estreita ligação que Diamantina sempre teve com as pedras preciosas, os artesãos de Diamantina se tornaram mestres nos trabalhos de ourivesaria e lapidação. Atualmente, as atividades de mineração ainda constituem a base de sua economia. 

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