História - Paracatu (MG)

O território era conhecido desde o final do século XVI pelos bandeirantes que vinham da Vila de São Paulo, nas bandeiras de Domingos Luiz Grou (1586-1587), Antônio Macedo (1590), Domingos Rodrigues (1596), Domingo Fernandes (1599) e Nicolau Barreto (1602-1604). No testamento de Martins Rodrigues, membro desta última bandeira, está o primeiro registro que faz referência ao nome mais tarde atribuído ao município "neste sertão e rio de Paracatu, eu, Martim Francisco, determinei fazer cédula de testamento, estando são e de saúde em todo o meu siso e juízo perfeito". 

O nome Paracatu é originário do Tupi-Guarani e significa "rio bom". O rio Paracatu é o mais importante do município e também o mais caudaloso afluente do rio São Francisco - que nasce em Minas Gerais e segue em direção ao Nordeste onde está sua foz, entre os estados de Sergipe e Alagoas. O antigo povoado surgiu entre 1690 e 1710, no ponto de convergência dos diversos caminhos que ligavam o litoral - Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro - às “minas gerais” e aos sertões do Brasil. 

Era o caminho de ligação entre os primeiros achados de ouro em Minas e, mais tarde, nas terras de Goiás. Era, também, pouso de tropeiros que transportavam o ouro de cidades goianas como Vila Boa de Goyaz (atual Goiás), Luziânia, Pirenópolis, Corumbá, Jaraguá e Pilar de Goiás, para o litoral.  Em 1670, a expedição de Lourenço Castanho Taques, o Velho, chegou aos sertões de Paracatu. Documentos existentes na Igreja Matriz registram que, em 1734, existiam casas edificadas entre o córrego Rico e o córrego Pobre.  

Em 1744, a descoberta de ouro na região de Paracatu - pelo bandeirante Felisberto Caldeira Brant e seus irmãos - foi anunciada, ao governador Gomes Freire de Andrada, por José Rodrigues Frois. Assim, em meados do século XVIII, nasceu o Arraial de São Luiz e Sant' Anna das Minas de Paracatu, em função da extração do ouro que, durante algum tempo, foi abundante e era retirado dos depósitos aluviais locais. 

As minas de Paracatu foram as últimas jazidas descobertas em Minas Gerais, no momento em que a extração do ouro chegava ao fim em outros locais. Diante disso, a cidade ganhou importância no cenário nacional, na primeira metade do século XVIII e conquistou o título de “Princesa do Sertão”. O arraial foi elevado à Vila de Paracatu do Príncipe, por alvará de D. Maria, rainha de Portugal, em 1798. A Câmara Municipal, instalada em 1799, dinamizou o desenvolvimento do antigo arraial, calçando ruas, construindo pontes, chafarizes, entre outras edificações. 

Com o início da queda da produção do ouro aluvial, houve o confronto entre a exploração da jazida primária (no topo da montanha) e o minerador dos cursos d’água (descapitalizado, sem a técnica e os equipamentos que a nova fase exigia). A mineração entrou em declínio no início da década de 1820, quando Paracatu viveu um período de estagnação econômica, que durou até a década de 1950, época em que Brasília começou a ser construída. 

Ao mesmo tempo, a cidade iniciou sua vida política estruturalmente organizada e, nas últimas décadas do século XIX, a efervescência cultural fez com que o município possuísse duas bandas de música, um teatro, diversos jornais - como o Luzeiro (primeiro jornal paracatuense) e o Paracatu (fundado em 1896). Paracatu tornou-se ponto de referência do noroeste mineiro influenciando as regiões do Alto Paranaíba, do Triângulo Mineiro e do sudoeste goiano. 

Na segunda metade do século XX, a mudança da capital do país - do Rio de Janeiro para o Centro-Oeste - alterou a vida pacata da cidade e trouxe muitas modificações. Até então, Paracatu era uma espécie de "oásis dentro do sertão mineiro, uma testemunha silenciosa de séculos áureos dentro da extensa campina, criada sozinha num canto do sertão", como a descreveu o escritor Afonso Arinos.

A partir da década de 1970, a atividade agropecuária e mineral, associada às mais modernas tecnologias mundiais, reinscreveram o nome de Paracatu no cenário nacional. A exploração mineral tecnificada e a agropecuária em bases empresariais são, atualmente, os setores econômicos que mantêm Paracatu como grande produtor de ouro, zinco, grãos, leite e derivados. 

Compartilhar
Facebook Twitter Email Linkedin