Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Cabo Frio (RJ)

Capela de Nossa Senhora da Guia (o tombamento abrange o Morro da Guia, onde está situada a capela), Convento e Igreja de Santa Maria dos Anjos, Capela e Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco (cruzeiro e adro fronteiro, e o Largo de Santo Antônio até a orla do canal), Forte de São Matheus (inclusive o penedo em que ele se assenta e toda a ponta da praia), faixa do litoral situada entre a Av. Parque Litorâneo e o mar, além do Morro do Telégrafo, entre outras áreas.
 
Forte de São Matheus (remanescentes) - Localizado no ponto extremo da Praia do Forte - uma ilhota rochosa junto à entrada da barra da Lagoa de Araruama -, foi erguido, em 1617, no mesmo local onde havia outra fortaleza portuguesa. Dali, era possível vigiar o mar aberto por onde os navios inimigos poderiam aproximar-se, o próprio Canal de Itajuru, e o acesso às terras interiores. Construído em pedra e cal, com sete canhões e uma edificação onde estavam instalada a casa de pólvora, o quartel dos soldados, a sala do comandante, a cozinha e a prisão. Entre 1617 a 1632, período em que Portugal e Espanha formavam um só reino e governo, consolidou-se a ocupação militar de Cabo Frio. 

Sob o comando de Martim Corrêa de Sá, responsável pela defesa do sudeste brasileiro, foi iniciada a construção do Forte São Matheus na ilhota rochosa ao sul da barra de Araruama. Havia, em toda a costa, um total de 88 postos de vigia da Marinha - entre Cabo Frio e a cidade do Rio de Janeiro -, que se comunicavam por meio de tiros. Assim, as cidades eram avisadas do número de naus que iam atacá-las e da aproximação das embarcações. No início do século XVIII, o forte foi guarnecido, rearmado e, até 1760 - quando os jesuítas foram expulsos do Brasil -, os índios da Aldeia de São Pedro auxiliavam na sua guarnição. 

O núcleo original da localidade foi constituído por 500 índios catequizados, trazidos do Espírito Santo, da Aldeia de Rerigtiba (atual Anchieta), onde viveu o padre José de Anchieta. Após a extradição desses religiosos, a defesa da capitania passou a contar com um terço da infantaria. Entre 1820 e 1920, várias epidemias atacam a região, e com a permissão do Ministério da Guerra, o Forte São Matheus foi transformado em um local destinado ao isolamento dos doentes de moléstias infecto-contagiosas. Com o desuso, a ação do tempo e o vandalismo, o forte se transformou em ruínas. Atualmente, abriga exposições culturais administradas pela Prefeitura Municipal de Cabo Frio. 

Convento e Igreja de Nossa Senhora dos Anjos (Capela e Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco) - Atual Museu de Arte Religiosa e Tradicional e Escritório Técnico do Iphan. É uma obra representativa da arquitetura franciscana do século XVII, cuja arquitetura obedece aos princípios fundamentais da Ordem Franciscana: a fraternidade (pelos ensinamentos da catequese e do ensino de primeiras letras) e a menoridade (renúncia dos bens materiais). Compõe o conjunto: Igreja de Nossa Sra. dos Anjos, os remanescentes do Convento Franciscano, a Capela dos Terceiros, o claustro e o cemitério. Todas as dependências se agrupavam ao redor do claustro: salas de estudo, biblioteca, refeitório, celas (dormitórios individuais), etc. Os franciscanos levantaram uma imensa cruz - o Cruzeiro - que determinava o tratamento do espaço fronteiro à igreja, onde ocorriam as procissões. 

A construção do conjunto franciscano ocorreu entre 1684 e 1696, quando o frei Cristóvão da Madre de Deus Luz inaugurou a igreja, o cemitério destinado às sepulturas na igreja, e a Via Sacra. A partir de 1707, funcionou, também, como Casa do Noviciado onde foram ministradas aulas de "primeiras letras" (ler, escrever e contar) às crianças do local e aulas de gramática. Os franciscanos construíram, em 1740, uma capela dedicada a Nossa Senhora da Guia, no alto do Morro da Guia. Em 1906, o convento foi considerado res nillius (que a ninguém pertence) e fechado.  

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan, IBGE, Prefeitura Municipal de São Pedro da Aldeia, e o estudo Conjunto Paisagístico de Cabo Frio (Marta Raquel da Silva Alves - Prourb/UFRJ)

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