História - Iguape (SP)

O litoral do Vale do Ribeira foi uma região estratégica para as expedições ao sertão, desde a chegada dos europeus ao continente sul-americano. As vilas de Cananéia e Iguape, construídas em pedra e cal, foram erguidas por ordem da Coroa Portuguesa para abrigar a administração pública, ocupar e proteger o território. Situada ao sul das terras delimitadas pelo Tratado de Tordesilhas, Iguape tornou-se ponto de passagem de portugueses, castelhanos e franceses durante o século XVI. Um reduto de aventureiros e exploradores em busca de riquezas.

O primeiro núcleo iguapense estabeleceu-se por volta de 1537, ao pé do Outeiro do Bacharel, no estuário do rio que deu origem ao seu nome (ygya-pe, na língua tupi). A fundação do povoado é atribuída ao aventureiro espanhol Ruy Garcia Moschera, em 1538, um ano após a construção de sua primeira igreja, em homenagem à Nossa Sra. das Neves. Moschera se encontrava na região, em companhia de outros castelhanos refugiados. 

Em meados do século XVII, para ali afluíram inúmeros aventureiros, e o local se tornou um ponto de convergência desses e das riquezas por eles exploradas. O núcleo se desenvolveu em função da descoberta do ouro de lavagem nos afluentes do ribeirão do Iguapé. O povoado foi elevado à vila com a denominação de Nossa Senhora das Neves de Iguapé, em 1635. No início do século XVIII, a maior parte das atividades mineradoras declinou e, em fins desse século, ocorreu o fechamento da oficina de fundição existente na cidade. 

Com o aumento da produção de arroz, Iguape ressurgiu, no século XIX, e voltou a ter participação direta na economia regional. Em 1849, a vila passou à categoria de cidade com a denominação de Bom Jesus da Ribeira e, em 1850, foi restabelecida a denominação de Iguape. O Porto do Mar Pequeno passou a ser o único meio de escoamento dos produtos vindos das regiões ribeirinhas. A riqueza obtida com a exportação do arroz possibilitou a construção de residências de grandes porte, engenhos, jornais, companhias de teatros, uma nova igreja matriz, e outros melhoramentos.

Imigração japonesa - O Japão iniciou, durante a segunda metade do século XIX, sua modernização na chamada Era Meiji e as transformações realizadas levaram a inúmeras revoltas camponesas e enormes deslocamentos populacionais do campo para os centros urbanos. A vinda para o Brasil era incentivada pelo governo japonês, como alternativa à superpopulação e com a perspectiva de ocupação expansionista, devido à limitação espacial de seu território.  Ao mesmo tempo, o Brasil tentava substituir a mão de obra escrava por assalariados e vivia-se a época da expansão cafeeira.

O primeiro passo para viabilizar a constituição das colônias japonesas no Estado de São Paulo foi dado em 1912, com um acordo firmado entre o governo estadual e o Japão. Houve o compromisso da doação de vasta extensão de terras na região, além da concessão de recursos financeiros e isenção de impostos. Em contrapartida, seriam introduzidas duas mil famílias no Vale do Ribeira, ao longo de um período de quatro anos.

A grande maioria dos imigrantes japoneses eram lavradores que cultivavam produtos agrícolas de seu cotidiano, como o arroz. Eles foram responsáveis pela diversificação da produção agrícola brasileira, principalmente com as frutas e hortaliças. O plantio do chá preto, no país, teve início em 1935, quando Torazo Okamoto, imigrante estabelecido na colônia de Registro, introduziu em suas terras a variedade assam, de origem indiana - mais produtiva e de maior qualidade. 

Okamoto tornou-se o principal produtor e exportador de chá preto do Brasil. Em Registro, as colinas suaves do município, abrigadas das cheias, ofereceram boas condições para o plantio chá, que marcou a paisagem da região. Os japoneses exploraram outro produto típico nas várzeas: o junco, usado para produzir as famosas esteiras e chinelos de fibra natural. O domínio da carpintaria também era uma habilidade de muitos japoneses, técnica secular de sua cultura. 

Eles empregaram seus conhecimentos e instrumental específico na construção das edificações, com ambientes internos simples (poucas divisórias e poucos móveis), onde se destacam-se a estrutura de madeira aparente, bem como o uso de tatames e camas de futtons. O telhado das igrejas tem o desenho curvo, como nos velhos templos orientais. 

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