Concurso Sílvio Romero - Edição 2011
Ao todo, 22 monografias foram recebidas na edição 2011 do Concurso Sílvio Romero. Dessas, três foram desclassificadas por não cumprirem os pré-requisitos do concurso. Como previa o edital, dois trabalhos foram premiados e três receberam menções honrosas.
1º lugar: Eric Brasil Nepomuceno (Universidade Federal Fluminense) - Carnavais da Abolição – Diabos e Cucumbis no Rio de Janeiro (1879 - 1888)
O carnaval é uma festa plural, assim como o conceito de liberdade o é. Sempre que vivenciados, permitem vários significados, dependendo dos atores envolvidos e das relações sociais em jogo. A partir dessas premissas, esse trabalho pretendeu analisar a festa carnavalesca carioca na última década de vigência do regime escravista no Brasil. Nesse período e, sobretudo, nesse espaço urbano, o carnaval e a liberdade foram disputados intensamente por diversos grupos sociais.
2º lugar: Pedro de Moura Aragão (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) - O carteiro e cultura popular na Belle Époque: Alexandre Gonçalves Pinto e O choro
Esse trabalho propôs uma releitura do livro O choro: reminiscências dos chorões antigos, de Alexandre Gonçalves Pinto, a partir de ferramentas metodológicas da memória social e da etnomusicologia. O livro, lançado em 1936, se insere entre os primeiros discursos sobre a música popular urbana em um período marcado por intenso processo de solidificação da indústria fonográfica no Brasil, e aponta para a construção da memória musical do país, ao eleger uma prática musical – o choro – como fator de identidade de uma rede formada por diversos estratos sociais do Rio de Janeiro.
1ª Menção honrosa: Flora Moana Mascelani Van de Beuque - Entre a roda de boi e o museu: um estudo da careta de caxumba
Esse trabalho apresenta uma etnografia da produção, do uso e da circulação de uma máscara, a careta de cazumba. Seu ponto de partida foi a visão de que os objetos participam intensamente da vida social e cultural, ao agirem sobre a realidade por meio da ativação de diversos mecanismos de simbolização. Essa máscara, originalmente utilizada pelo personagem cazumba em uma das modalidades maranhenses da brincadeira do boi – o bumba-meu-boi encontrado na região da Baixada –, transita por contextos sociais exteriores à festa, sendo utilizado em “performances” teatrais, figurando em paredes de residências, compondo acervos de museus, etc.
2ª Menção honrosa: Jorge Maurício Herrena Acuña (Universidade de São Paulo) - Entre as rodas de capoeira e círculos intelectuais: disputas pelo significado da capoeira no Brasil (1930-1960)
O objetivo dessa dissertação foi analisar a forma pela qual a capoeira baiana passou a ser imaginada como símbolo da identidade brasileira por intelectuais e capoeiristas entre as décadas de 1930 e 1960, buscando responder a duas questões principais: quais foram os aspectos que levaram alguns intelectuais do período a se debruçarem sobre a capoeira baiana, selecionando, para isso, certos traços, especialmente sua característica musical, na busca de interpretá-la como um símbolo de identidade regional e nacional? Como alguns dos principais capoeiristas baianos exploraram as relações e interpretações destes intelectuais e representantes do poder, confirmando ou contrariando suas ideias?
3ª Menção honrosa: Luiz Gustavo Freitas Rossi (Universidade Estadual de Campinas) - O intelectual “feiticeiro”: Edison Carneiro e o campo de estudos das relações raciais no Brasil
O trabalho investigou a trajetória social e intelectual de Edison Carneiro (1912-1974). Não se trata, contudo, de uma biografia ou interpretação da totalidade da obra do autor. Antes, o foco do trabalho recaiu sobre os aspectos da prática e produção intelectuais de Edison Carneiro que dão conta de seu envolvimento com o campo de estudos ao qual ele esteve sensivelmente ligado, a saber, o campo de estudos das relações raciais e das culturas de origem africana na sociedade brasileira.
Comissão julgadora:
Maria Elizabeth da Silva Lucas, doutora em Etnomusicologia, professora do Programa de Pós-Graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Rosilene Alves Melo, doutoranda em Antropologia, pelo Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ, professora assistente da Universidade Federal de Campina Grande/PB; Simone Sayuri Takahashi Toji, mestre em Antropologia Social, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisadora da Superintendência Regional do Iphan/ São Paulo; Daniel Bitter, doutor em Antropologia Cultural, professor Adjunto 1 da Universidade Federal Fluminense; Sandra Maria Corrêa de Sá Carneiro, doutora em antropologia, professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.