Monumentos e Espaços Públicos Tombados - Pelotas (RS)
Os bens que compõem o Conjunto Histórico de Pelotas (RS), tombado pelo Iphan, apresentam valor histórico diretamente relacionado a, pelo menos, dois momentos de desenvolvimento econômico regional: o do charque (1800 a 1900) e o do início da industrialização (1900 a 1930). Além das praças José Bonifácio, Coronel Pedro Osório, Piratinino de Almeida, Cipriano Barcelos, estão protegidos: Theatro Sete de Abril, Catedral de São Francisco de Paula, Grande Hotel, Biblioteca, Paço Municipal, Mercado Municipal, Casa Nº 2, Casa Nº 6 (Museu da Cidade de Pelotas), Secretaria de Finanças, Fonte das Nereidas, Largo do Mercado, Beco das Artes, Beco dos Doces e das Frutas, Parque Dom Antônio Zattera, Charqueada São João e a Chácara da Baronesa.
Theatro Sete de Abril - Inaugurado em 1834, foi construído com dois pavimentos a partir de projeto do engenheiro militar alemão Eduardo Von Kretschmar e passou, posteriormente, por duas reformas. A primeira reforma ocorreu no final do século XIX (1895) e a segunda, em 1916, em estilo art nouveau, suprimindo o pórtico e a varanda. Sua sala à italiana, com decoração sóbria, possui galerias protegidas com gradis metálicos. A Sociedade Scenica do Theatro Sete de Abril foi criada em 1831, para festejar a abdicação de D. Pedro I. O teatro mantém-se em funcionamento desde sua fundação, recebeu inúmeras companhias de ópera europeias e abrigou a Filarmônica Pelotense.
Caixa d'água - Atual reservatório de água da cidade. Exemplar de arquitetura industrializada em ferro, com estruturas importadas da Casa Fouila, Fréres & Cia. (de Paris), pela Cia. Hidráulica Pelotense, em 1872. Sua construção foi concluída em 1875, pouco depois de iniciado o abastecimento de água potável. Construída com elementos pré-fabricados de ferro, tem forma cilíndrica, com diâmetro de 15 metros. Apoia-se em 45 colunas esbeltas, com 8 metros de altura e decoradas com detalhes em ferro fundido.
Casas à Praça Coronel Pedro Osório 2, 6 e 8 - O conjunto é formado por três casarões em estilo eclético, construídos por volta de 1880, por charqueadores e políticos de famílias tradicionais como Viana, Moreira, Albuquerque Barros e Antunes Maciel. Os interiores apresentam requintados forros em gesso e em marmorino, pinturas e barras decorativas nas paredes e esquadrias com vidros de cristal trabalhados. Nos exteriores, há gradis de ferro fundido, além de platibandas decoradas com estátuas e jarrões de louça. Sua arquitetura utilizou projetos, materiais e elementos decorativos importados da Europa.
Obelisco Republicano (Monumento Republicano) - Com alvenaria pintada em branco, possui 8m71cm de altura e está assentado sobre base quadrangular, circundada por gradil de ferro. As placas de bronze apresentam inscrições sobre Domingos José de Almeida (1884) e o Centenário da Pacificação Farroupilha, comemorado em 1945, além de outras inscrições históricas. Em relevo, o escudo da República Rio-Grandense (proclamada pelos farrapos), o Barrete Frígio e o emblema da Fraternidade, símbolos do Movimento Republicano. Construído pelo Partido Republicano de Pelotas, em homenagem a Almeida, mineiro que se fixou na cidade, aos 22 anos. Rico proprietário de charqueada e dono de um estaleiro, estava entre os financiadores da Revolução Farroupilha (1835-1845), foi Ministro da Fazenda do governo provisório e defensor da Proclamação da República. O Obelisco é o único monumento brasileiro erigido ao ideal republicano durante o período da monarquia brasileira (1822 a 1889).
Charqueada de São João - Construída em 1810 por Antônio José Gonçalves Chaves, natural de Vila Verde do Ouro em Portugal. Gonçalves Chaves se instalou no Rio Grande do Sul, em 1805, para trabalhar como caixeiro. Fez rápida fortuna, a ponto de dez anos mais tarde, ser considerado um dos homens mais ricos da província. Representante dos interesses da Vila de São Francisco de Paula na Câmara de Rio Grande, membro do Conselho Geral da Província (1828), vereador da primeira Câmara Municipal de Pelotas (1832), e membro da Assembleia Legislativa Provincial. Com Domingos José de Almeida, José Vieira Viana e Bernardino José Marques Canarim, importou dos Estados Unidos, em 1832, uma máquina a vapor que permitiu o estabelecimento da navegação entre Pelotas e Rio Grande. Em 1837, durante a Revolução Farroupilha, estabeleceu uma charqueada em Montevidéu e, nesse mesmo ano, faleceu vítima de um naufrágio.
A charqueada está localizada à margem direita do arroio de Pelotas e dela resta apenas a residência-sede e algumas ruínas da área de produção. É uma construção térrea com pátio interno, formada a partir de ampliações sucessivas, com forma retangular. Em uma segunda etapa, teriam sido construídas as alas leste e sul, desenhando uma espécie de C, com pátio de serviço aberto ao centro. A última ampliação serviu para fechar o pátio central, com a construção de um depósito. Ao contrário das outras residências de charqueadas, o interior mantém-se em ótimo estado de conservação. Na fachada principal há três portas e quatro janelas do tipo guilhotina.