Os Doces e o Charque de Pelotas (RS)

Charqueada de São João em Pelotas (RS)Doces de Pelotas (RS)

O sal e o açúcar, o material e o imaterial, o rural e o urbano são so elementos responsáveis pela interligação de opostos e formam o fio que escreve as mais variadas histórias, no Rio Grande do Sul. Uma dessas histórias, responsável pela formação da identidade do povo brasileiro, é a de Pelotas (RS) que surgiu no século XVIII, a partir de um pequeno povoado e se desenvolveu em função da produção do charque: pedaços de carne salgada secos ao sol.

A ocorrência das tradições doceiras nesses locais remonta à chegada, ao Sul do Brasil, do açúcar produzido no Nordeste por meio das trocas que resultavam da exportação do charque. O açúcar se associou, fortemente, aos costumes trazidos pelos imigrantes portugueses, gerando uma arte doceira que se complementava à riqueza baseada no sal, matéria-prima fundamental para desidratar a carne dos animais abatidos em larga escala.

O charque também possibilitou a chegada, ao Sul do país, de uma riqueza nacional: o açúcar. Assim, além de ser considerada a “cidade do charque”, Pelotas recebeu o título de Capital Nacional do Doce, especialmente em função da produção doceira, oriunda do intercâmbio charque-açúcar. Os navios que levavam o charque para o Nordeste traziam de volta grandes quantidades de açúcar, transformados, no interior dos casarões pelotenses, em doces finos. Verdadeiras iguarias, os doces eram confeccionados geralmente à base de ovos, conforme a melhor tradição portuguesa.

Com a implantação das primeiras charqueadas, a economia regional prosperou e integrou o Rio Grande do Sul ao mercado nacional, dando à cidade de Pelotas o título de uma das mais importantes do interior do Brasil, durante o século XIX. A região doceira - Pelotas e Antiga Pelotas - abrange o atual município, um território que corresponde à região onde se formou o núcleo charqueador e outros quatro municípios (Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo e Turuçu). O Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) sobre a produção de doces tradicionais pelotenses foi realizado no período de 2006 a 2008. 

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