Prêmio Arte e Patrimônio 2013

A seleção de 2013 priorizou artistas que, no conjunto de sua obra, estabeleceram o melhor diálogo entre as artes visuais contemporâneas e o patrimônio histórico e artístico nacional. Dentre as centenas de projetos enviados de todo Brasil, os 40 artistas selecionados foram aqueles que estabeleceram os melhores diálogos e deram maior visibilidade ao rico e diverso universo de bens, objetos, sítios e tradições culturais do país.

Ana Dalloz, por Caminhos Cruzados
Do Rio de Janeiro, a artista investiga através da fotografia a paisagem, seus desdobramentos e suas relações com a fabulação poética. Desta vez, ela convidou os fotógrafos Kitty Paranaguá, Renan Cepeda e Thiago Barros para cruzarem-se nos caminhos da antiga Estrada do Comércio, entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, bastante usada no início do século XIX e que acabou caindo em desuso poucas décadas depois, quando as estradas de ferro caíram nas graças do povo. O grupo construiu, através de imagens, um encontro artístico da estrada com as fábulas e os causos populares sobre ela.

Ana Holck, por Perimetral
A obra da artista do Rio de Janeiro trata de um sistema construtivo empírico, feito a partir de elementos pré-moldados. A viga de aço, as hastes de concreto armado, o cabo de aço e o gelo baiano (normalmente utilizado em bloqueios e separação de vias) são recortes de cenas da cidade em transformação.  O que se encontra é uma inversão do que seria uma estrutura: a viga está em repouso, apoiada sobre o chão, não sustenta nenhum vão, apenas ajuda os moirões, que, como pilares, encontram- se livremente na porção de ar superior do espaço da sala, destituídos de seu papel de sustentação.

Ana Hupe, por Componedor
A artista experimenta formas expandidas de escrita e realiza sua pesquisa por meio da procura pela revelação das invisibilidades das coisas. A instalação foi criada a partir de vivências nas gráficas da Gamboa, região portuária do Rio de Janeiro, onde ainda se utilizam máquinas mecânicas de impressão e reprodução, algumas consideradas obsoletas pelos bureaus digitais. O trabalho lida com ferramentas de escrita ali encontradas, com os órgãos dos livros, materiais que os compõem.

Ana Linnemann, por Cronoilógico
No centro do Rio de Janeiro, o relógio público — presente em inúmeras fachadas — parece fazer parte de uma tradição arquitetônica que atravessa estilos distintos, do colonial ao déco, moderno e contemporâneo. Esse projeto propõe colocar entre esses relógios outro, disfuncional, insubmisso, alusivo a um tempo não convencionado: um relógio cronoilógico.

Andrey Zignnatto, por Erosões
A instalação Erosões, produzida com o elemento básico de construções arquitetônicas, o “tijolo de barro”, apresenta uma estrutura geométrica com uma fenda de erosão, neste caso, previamente planejada. Assim, propõe uma reflexão sobre as complicadas relações entre estruturas urbanas e estruturas
da natureza, mas principalmente sobre a construção e preservação da própria história.

Beto Shwafaty, por A vida dos centros
O projeto fotográfico explora três regiões de São Paulo, consideradas como áreas centraispor diferentes motivos e em períodos distintos: o centro histórico, a avenida Paulista e a avenida Berrini. Guiado por testemunhos e relatos de pessoas que passaram grande parte de suas vidas profissionais nessas áreas, e pesquisando material iconográfico em arquivos diversos, o projeto reúne  observações sobre os ciclos históricos e fluxos de progresso que ocorreram nesses locais da cidade ao longo de um período de quase 40 anos.

Bruno Shultze, por Ivy Marae'y (Terra sem mal)
O ensaio contém 30 fotografias de uma região de singular importância para os índios Guarani. A cosmologia desse povo, com o qual o artista nascido na Alemanha e criado em São Paulo mantém contato há duas décadas, permeia a poética do trabalho. No mundo Guarani, confluem o incerto e a realidade (inclusive a do contato com a sociedade envolvente), e interessa ao artista a maestria que fomenta a vitalidade dessa cultura até os dias de hoje.

Caio Reisewitz, por Outros lugares que não existem
O artista procura estabelecer relações entre a construção do real e o registro do artificial. A exposição trata de um registro fotográfico de floresta virgem na beira do Rio Xingu, localizado no município de Altamira, no estado do Pará.

Camila Sposati, por Rio Subterrâneo
Rio Subterrâneo aborda a fragilidade do planeta Terra perante as catástrofes naturais. De acordo com a artista "as crateras e o subterrâneo são canais abstratos, bem como antropológicos, para se compreender e interagir com o interior da Terra." Para realizar a obra, Camila Sposati visitou a Amazônia, o Turcomenistão, o Uzbequistão, a Guatemala e o Japão.

Daniel Murgel, por Como é que devo construir as paredes da minha casa (sobre rendas e ruínas)
Desenvolvido entre os meses de setembro de 2013 e janeiro de 2014, o projeto produziu tijolos de adobe, feitos com a terra da Colônia, para a construção de uma casa, sem telhado, cuja planta foi inspirada em uma das variações das plantas das casas dos africanos escravizados pelos portugueses. As paredes foram construídas com esses tijolos, mas rejuntadas com cimento reforçado. A ideia é que, com o tempo e as chuvas, os tijolos desapareçam antes do rejunte, criando uma espécie de rendilhado de cimento. Na exposição do Prêmio Arte e Patrimônio, o artista mostrou registros do processo de construção.

Daniele Ferreira, por Série Minhocão (1/5)
A cearense Daniele Ferreira mora no Rio de Janeiro desde pequena. Seu trabalho reúne fotografia, vídeo e pintura. No projeto, ela se debruçou sobre o Minhocão, um dos prédios marcantes do Rio, localizado no bairro da Gávea. O projeto é produto de exaustivo exercício de observação em busca de pormenores que denunciem o uso e o desuso daquele lugar. Os registros trazem consigo uma narrativa que busca aproximar o observador, convidando-o às percepções sensórias ali possíveis.

Fernando De La Rocque, por Azulejos da série Colônias 5/5: Mulheres são flores, homens são borboletas
O título encerra ambiguidade, tanto com a composição que, vista em diferentes posições, lembra uma flor ou uma borboleta, quanto com o conteúdo, que apresenta uma figura masculina no meio de figuras femininas, em uma grande orgia. Uma obra que estimula a aproximação física do olhar e convida a um mergulho nas camadas profundas da psique. Esse é o quinto azulejo desta série. Todos são azuis, cada um de um tom diferente, e cada um tem sua edição limitadíssima (500 a 2 mil peças).

Fernando Lindote, por Tombo
A proposta consiste em duas pinturas e uma escultura. Brasília-Tanque é desenvolvida a partir da imagem do Congresso Nacional, sobre a qual foi aplicada em meia pasta perfis de tanques registrados durante a ditadura militar. A outra pintura tem como elemento referencial um fragmento de página da revista Zé Carioca, desenhada por Renato Canini para a Disney nos anos 1970. A pintura Zé do Canini posiciona a discussão sobre identidade nacional a partir da representação do papagaio. Já a escultura é constituída de quatro mil gibis sobrepostos e propõe a participação do público, que pode levar alguns exemplares dos gibis para casa, alterando, desse modo, a própria obra.

Fernando Piola Alves, por Guia de Ruas de São Paulo
O guia de ruas proposto pelo artista desperta estranheza não apenas pelas suas dimensões diminutas como também pelo seu conteúdo, que apresenta São Paulo em sua maioria vazio. Contraditoriamente, suas particularidades contrastam com a cidade superlativa que pretende representar. Mas é justamente a partir deste confronto que a natureza de sua cartografia aflora. Nesse guia, constam todos os “vazios” do guia de ruas da cidade, além de representações destoantes da imagem urbana que temos de São Paulo.

Gabriela Machado, pela série Vibrato
A produção escultórica se relaciona ao mesmo tempo com a tradição do fazer da porcelana e com as formas orgânicas, buscando criar um novo olhar para o universo de sua poética. O projeto propõe a realização de uma escultura inédita, pensada especificamente para ser instalada dentro de um pequeno lago existente no jardim do Museu do Açude (Museus Castro Maya), e traz consigo a ideia de tirar a peça de dentro do ateliê e estabelecer, então, um diálogo com o ambiente natural.

Gilberto Mariotti, por Interventor
O projeto aborda a dicotomia existente entre os conjuntos arquitetônicos da avenida Paulista e a arquitetura do Masp, um “vão livre” que constitui uma “resistência” aos monolitos padronizados erguidos na cidade. A obra tem por emblema a forma de uma peça de interdição de estabelecimentos que ganha o princípio de funcionamento do Masp. Ambos se emprestarão elementos mutuamente, potencializando o estranhamento de suas formas. Em tensão clara, a interdição e a passagem, o olhar que atravessa e o corpo que interdita.

Gisele Camargo, pela Cápsula D
As cápsulas representam pequenos registros de quem passa pela cidade, como se, numa viagem de trem ou ônibus, com a paisagem em movimento, o homem urbano visse apenas trechos das paisagens, seja o mar, o céu, a forma como a luz se projeta num prédio, um detalhe de concreto. No entanto, as obras são trabalhos que têm um tempo longo de execução, o que torna esse “instante” estendido e ao mesmo tempo comprimido. A Cápsula D é a quarta desta série, que representa uma mistura desses tempos.
 
Ícaro Lira, por Desterro Cidade partida - Campos de concentração no Ceará
A obra é fruto de uma investigação dos campos de concentração que, segundo Lira, foram criados supostamente para assentar sertanejos fugidos das secas que ocorreram na região em 1915 e 1932. No entanto, esses currais do governo se prestariam ao trabalho de manter longe de Fortaleza essa população. Em condições insalubres, os moradores eram utilizados como mão-de-obra barata para a modernização da cidade.

Jimson Vilela, por Ouro Preto
Essa é uma instalação de dimensões variáveis que tem como referência as igrejas barrocas pertencentes ao conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade de Ouro Preto (MG). A obra apresenta treze grupos de quatro livros brancos interligados por suas páginas em branco. A única diferença entre esses agrupamentos diz respeito às suas dimensões, tendo em vista que cada um deles corresponde proporcionalmente a uma igreja barroca de Ouro Preto.

João Modé, por Feira Livre
O projeto Feira Livre procura investigar o espaço democrático e sem hierarquias das feiras livres e também o quanto esta organização espacial propicia as relações que ali acontecem. As feiras livres fazem parte da cultura carioca desde a época colonial, quando uma grande variedade de produtos que chegavam de navio era comercializada informalmente na Praça XV.

José Spaniol, por Ao léu
O desenho faz parte da instalação Ao léu, idealizada para a Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo. O trabalho estabelece uma relação com a arquitetura do edifício, ao ocupar, por meio de tubos, o eixo vertical da sala, em toda a extensão do pé-direito. No plano de baixo do espaço, a massa e o volume plenos das mesas contrastam com a planaridade dos figurinos pendurados no alto. Ao léu ocupa o mesmo eixo das pinturas ascensionais de cúpulas de igrejas e de tetos de palácios. Coloca o público diante daquilo que é improvável e desestabilizador. Esse ponto de vista aéreo enfraquece as medidas, fragiliza os limites, provocando certa vertigem.

Kátia Maciel, por Mar Adentro
Em Mar adentro, a presença do visitante reconfigura a experiência da praia na medida em que é esta presença que ativa o ir e vir das ondas. Ondas são disparadas pela presença do espectador no espaço. Implicar o espectador no que se vê é, muitas vezes, um elemento estrutural nos trabalhos do artista, e isso não se deve apenas a circunstâncias interativas, mas à própria construção da imagem e à sua disposição no espaço instalado. Produzir imagens é retornar ao ver e ser visto, desviando e distorcendo essa operação sensível, simbólica e estética.

Laís Myrrha, por Estado transitivo #1
A instalação é configurada por uma pilha de cartazes, que mostra uma situação de demolição parcial em que resta apenas uma parede com uma lousa, e um grupo de quatro quadros que trazem, cada um, pequenos relatos junto a uma das quatro chapas de offset usadas para imprimir o cartaz oferecido ao público. A imagem do cartaz é muda, não leva legenda e nenhum tipo de referência ou inscrição. A imagem de offset é tênue, perecível. Assim, o trabalho duplica o trabalho do tempo, que muitas vezes acaba por dissociar texto e imagem, forma e conteúdo.

Luis Arnaldo, por Notícias de terras disciplinadas
O livro-objeto é composto por fotografias do interior das casas de Serra do Navio, núcleo urbano modernista, projetado pelo arquiteto paulista Oswaldo Arthur Bratke e construído na segunda metade da década de 1950, no interior do estado do Amapá, em meio à floresta amazônica, para abrigar os trabalhadores responsáveis pela extração de manganês, cujas jazidas foram descobertas naquele território na década de 1930. Muitas fotos compõem o banco de imagens do IPHAN-AP, e ilustram as inúmeras fichas de inventários dos bens imóveis, que, entre tantas coisas, avaliam o estado de conservação e manutenção do patrimônio cultural da cidade.

Luiz Netto, por São Francisco Submerso - O lago de Itaparica
O fotógrafo concentrou-se em cidades e vilas localizadas na região do Lago de Itaparica, resultado da construção da usina hidrelétrica de mesmo nome, construída pela Chesf na década de 1980 na divisa de Pernambuco e Bahia e que alagou uma vasta área do sertão desses estados, incluindo pequenos povoados como o Distrito de Barreiras, em Pernambuco, até cidades inteiras, como as antigas Petrolândia (Pernambuco) e Glória (Bahia). A exposição tem 40 imagens e aborda inclusive ruínas de povoados não identificados e nunca antes documentados, que foram encontradas e “descobertas” ao longo dos trabalhos dos últimos anos.

Luiza Baldan, por Pivô
A obra vencedora retrata o Pivô, um espaço cultural que ocupa três andares do prédio do Copan, em SP. Ela fotografou a obra de restauração do espaço, que permaneceu cerca de 20 anos fechado. Baldan registrou a recuperação de aspectos originais do projeto arquitetônico que, ao longo dos anos, foi sendo alterado por reformas clandestinas que o descaracterizaram.

Mabe Bethônico, por Um viajante depois do outro, um guia ou dois sobre a caatinga
Mineira, Mabe Bethonico se debruçou sobre a obra do geólogo, geógrafo e fotógrafo suíço Aubert de La Rüe, autor do livro Brésil aride: l avie dans la Caatinga, escrito a partir de sua visita ao país nos anos de 1953 e 54. O resultado é um “documentário performado”, vencedor do prêmio

Marcelo Noah, por Ditirambo, Teat(r)o Oficina
A obra propõe um mergulho no universo teatral através de um dos grupos mais instigantes, originais e revolucionários do planeta, a Companhia de Teat(r)o Oficina de São Paulo – Uzyna Uzona. Para tanto, foram consultadas mais de duas centenas de documentos sonoros, além dos registros diretamente produzidos para a obra feitos entre janeiro e fevereiro de 2014. Ela consiste em uma sala escura com um objeto-bigorna dourado (símbolo totêmico do grupo) iluminado em foco fechado ao centro. Ao redor, variados discursos surgem em áudios captados dentro do teatro. São seis horas de fragmentos das peças, ensaios, músicas, entrevistas, reuniões entre atores, conferências, improvisos, poemas e radiodifusões acumulados ao longo da trajetória do grupo para criar um tecido diverso, em que o som e a linguagem falada do universo teatral produzam a imersão em outro espaço e tempo, impulsionado pela imaginação dos participantes.

Marcelo Silveira, por Você se lembra da escada da felicidade?
A Escada da felicidade, construída em Gravatá em 1953, é uma obra que transcende os aspectos arquitetônicos. Desde seu pórtico ao último degrau, constrói-se um diálogo entre ela e o visitante. Já à entrada, uma promessa se anuncia: o encontro com a felicidade. Não como em um mapa que atende a todos igualmente, mas por outro meio, particular, que responde à fantasia que cada um experimenta ao ler o nome Escada da felicidade. Histórias de vivências e memórias afetivas, trazidas à tona por doze voluntários nascidos no lugar, ornam fotografias recentes e de época para contar a vida e os sentimentos por trás de um patrimônio perdido no tempo.

Mariana Lacerda, por Atlas Santa Marta
A obra é uma espécie de livro em que textos, desenhos, mapas, anotações e fotografias recuam e avançam no tempo desse morro e favela da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro, em especial a área denominada Pico, onde residem 52 famílias atualmente ameaçadas de remoção. Trata-se da criação e organização de um arquivo para inscrição permanente desse lugar cuja constituição narra a própria formação da capital carioca.

Matheus Rocha Pitta, por Estela #11 - Terra Prometida
A obra é uma investigação em um torno de uma determinada noção de messianismo brasileiro. Há uma reunião de imagens recortadas de jornal cujo tema é a ocupação e a distribuição de terra. A rígida estrutura compositiva, formada por dois quadrados em sequência horizontal, cria um pareamento entre as imagens e evoca uma ideia de retorno, reforçado pelo conteúdo das mesmas: vemos corpos simplesmente deitados sobre a terra, o cadáver de Antônio Conselheiro ao lado de sem-terra presos pela polícia, por exemplo. A técnica de emparedamento, em que as imagens não são adicionadas à laje pronta, mas dispostas junto com a feitura do cimento, parece petrificar o movimento das imagens, como se um álbum de fotografias fosse tocado pelo olhar da medusa.

Neco Tavares, pela série Signos urbanos
A obra apresentada foi desenvolvida pensando em apresentar a arquitetura de um período histórico, legado por uma geração de empreendedores que não pouparam esforços nem recursos financeiros para criar uma cidade no extremo sul do Brasil com características europeias, de acordo com a estética vigente no período. No que se refere aos processos de criação e de execução das obras, o artista parte da captação digital de imagens de esculturas e elementos ornamentais existentes nas edificações do século XIX e, com auxílio de programas de computação, realiza composições plásticovisuais arrojadas e originais, que retomam os processos da colagem e a colocam em novo contexto.

Paulo Almeida, por Black Market
Essa obra faz parte de uma série pinturas que retratam os roubos de obras de artes sacras brasileiras. A instalação é composta por 21 telas representando imagens roubadas, retiradas da lista de obras procuradas do IPHAN. Essa série visa tratar do mercado negro de obras de arte, o terceiro maior depois de drogas e armamento, mercado que constantemente lesa o patrimônio cultural e artístico nacional e mundial. Nessa série, pinturas e esculturas são tratadas não por seu valor como linguagem, mas por seu valor capital, retiradas de seu contexto original para abastecer um mercado clandestino.

Rafael Adorján, por Religare
O projeto é formado por uma seleção de imagens expostas que compõe uma publicação de livre criação, resultante dos períodos de convivência do artista na comunidade do Vale do Matutu, localizada dentro da APA Mantiqueira, em Aiuruoca, sul de Minas Gerais. O intuito foi o de viver em harmonia a delicadeza de um tempo-espaço próprio, após firmar uma aproximação de confiança com o Daime do Matutu.

Rafael RG, por Dito Escuro - Projeto Arquivo Mestiço
O projeto tem como ponto de partida uma série de fotografias encontradas durante pesquisas no Arquivo Público do Estado de São Paulo – Fundo Última Hora. O conjunto de fotografias está ligado a assuntos noticiados no jornal carioca Última Hora, relacionados a casos de racismo na cidade do Rio de Janeiro. Apesar de serem considerados “bens públicos”, grande parte dos materiais relativos a tal arquivo, por questões de direitos autorais, não podem ser reproduzidos, nem difundidos. Nesse caso, só é autorizado o uso dos versos das fotografias, ou então das imagens cujos autores não foram identificados.

Regina Vater, por Trono de Babalorixá
Obra em homenagem ao Mestre Didi, grande sacerdote-artista de origem ioruba. Algo que a artista ouviu do Mestre Didi, para nunca mais esquecer, e que é importante deixar aqui lavrado é que, no culto dos ancestrais do qual ele era Babalorixá, só podiam “baixar” para vir comemorar com os vivos os Eguns daqueles que em vida fizeram o bem para os humanos e para o seu entorno.

Ricardo Bugarelli, por Clevelândia do Norte
Trabalho baseado na Colônia Penal instalada no Oiapoque nos anos 20 em resposta à eclosão das greves e revoltas. O presídio foi palco de horrores experimentados por expatriados, isolados do mundo e das coisas. Busca-se construir um diálogo sobre a violência dos sistemas prisionais e da crueldade dos regimes de opressão, onde no campo de embate ideológico se observa a tentativa de hegemonização de uma verdade. O artista atravessa o desterro através de seu silêncio, se inserindo no episódio através de pegadas que nunca se firmaram, fósseis da tentativa de construção de uma integração nacional e da afirmação do progresso através da barbárie.

Sergio Romagnolo, por Dom João VI e Carlota Joaquina
O projeto foi pensado a partir do prédio do Paço Imperial. Considerando-se que foi a primeira casa do rei de Portugal e que temos poucos retratos dos reis, a ideia foi juntar três retratos de cada um, sobrepondo-os em apenas uma pintura. As pinturas com sobreposições têm várias referências, desde Duchamp com suas pinturas de 1911 e 1912, sobre reis e rainhas, e mesmo o Nu descendo uma escada, até a noção de que as imagens se sobrepõem na memória. Ao mesmo tempo, essas imagens são como pequenas ilusões que se armam e desarmam de acordo com o olhar do observador.

Solange Pessoa, por Fontes e Tanques
Conjunto de sete esculturas de pedra-sabão lavradas, de dimensões variadas, alguns vazios, outros contendo águas minerais, provenientes de pedreiras dos entornos de Santa Rita de Ouro Preto (município de Ouro Preto/ MG), microrregião onde há ocorrência dessas rochas. O projeto envolveu pesquisa de material, construção, memória e paisagem, em uma condensação de tempo e espaço, investigando a pedra-sabão como material potente para novas pesquisas escultóricas contemporâneas.

Valéria Costa Pinto, por Longe ao sul
A obra é uma videoinstalação com três projeções distintas e complementares. O vídeo privilegia o olhar estrangeiro da poetisa americana Elizabeth Bishop sobre o Brasil e, em especial, sobre Ouro Preto, cidade onde viveu nos anos 1960. As imagens filmadas em janeiro de 2014 na cidade histórica mineira foram entrelaçados fragmentos de três poemas de Bishop escritos no Brasil: “Questões de viagem”, “Chegada em Santos” e “Pela janela: Ouro Preto”.

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