Corumbá (MS)

O tombamento do conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico de Corumbá, no Estado de Mato Grosso do Sul, ocorreu em 1993. Situada em uma região de rara beleza, no pantanal sul-mato-grossense e à margem do rio Paraguai, Corumbá também é conhecida como a “Capital do Pantanal” e “Cidade Branca”, devido à cor de suas terras, ricas em calcário. O patrimônio tombado é o legado de uma época de grande prosperidade, quando a cidade testemunhou a construção dos seus belos casarões e sobrados em estilo europeu.

Esse conjunto foi construído durante o período do ecletismo e reúne mais de 200 edifícios preservados, edificados por construtores italianos e portugueses. Destaca-se o casario do Porto e seu entorno, localizado na cidade baixa, tombado pelo Iphan, e dois exemplos do modernismo: as escolas estaduais projetados por Oscar Niemeyer (1952) e Paulo Bastos (1969). A cidade também possui exemplares representativos da arquitetura art nouveau e art déco. Os edifícios do período colonial foram destruídos pelo incêndio que ocorreu em 1800.

Na época do seu apogeu, em Corumbá funcionavam 25 bancos internacionais e a moeda corrente era a libra esterlina. A expansão do comércio portuário e a ação dos mascates fluviais na zona pantaneira geraram riquezas que possibilitaram a construção de imponentes casas comerciais e prédios urbanos, retratos do prestígio político dos comerciantes da região. Entretanto, apesar desse crescimento, a vila enfrentava graves problemas no abastecimento de água potável, sanea-mento e saúde pública, além do alto custo de vida para a população local.

Os projetos e recursos para resolver esses problemas foram providenciados pelos próprios comerciantes importadores e exportadores. No final do século XIX, surgiu um plano de grandes avenidas, onde os traçados em xadrez sofreram influências do “urbanismo sanitarista", com a construção, no porto, de grandes armazéns, embarcadouros e o mirante. Esse urbanismo caracterizou o processo de construção das principais cidades brasileiras no início do século XX, quando foram realizadas obras de embelezamento e saneamento nos moldes europeus.

Muitos edifícios surgiram na Rua do Porto, às margens do rio Paraguai, próximos da Alfândega. As casas comerciais multiplicaram-se a partir de 1873, edificadas, em sua maioria, na Rua Delamare, o principal centro da parte alta da cidade. Ao mesmo tempo, ergueram-se as residências dos mais bem sucedidos negociantes, havendo, dentre eles, um grande número de estrangeiros. Pelo Porto de Corumbá chegava a riqueza, o progresso, os migrantes, o desenvolvimento e a cultura, principalmente da Europa e do Rio de Janeiro. O contato com a capital do Brasil, via rio Paraguai e Bacia do Prata, era feito por modernas embarcações.

História - Sua origem decorre da expansão e colonização do oeste brasileiro, onde foram implantados núcleos militares estratégicos para impedir o avanço dos espanhóis em busca de ouro. Segundo alguns historiadores, os espanhóis foram os primeiros a visitar o território do atual município de Corumbá, entre 1537 e 1547. Até fins do século XVIII, as fronteiras das possessões portuguesas e espanholas eram mal definidas e isso facilitou a ação do capitão general e engenheiro Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, governador da Capitania de Mato Grosso, que ocupou a região.

Após a violação do tratado de limites pelos espanhóis em 1774, o capitão general garantiu a posse de grande parte da margem direita do rio Paraguai e da esquerda do Guaporé, expandindo o território da Capitania sob seu governo. Portugal lutava contra o avanço espanhol e dos índios Paiaguás e Guaicurus e, em 1775, o capitão lançou as bases do Porto de Coimbra e, no ano seguinte, ergueu o Forte Coimbra. Em 1778, ordenou a ocupação do local onde está Corumbá, denominando-o Nossa Sra. da Conceição de Albuquerque, na margem direita do rio Paraguai.

O povoado de Albuquerque, em 1786, era um grande pátio retangular, fechado, com casas em círculo e um portão frontal, e cerca de 200 habitantes. O local funcionava como um posto avançado da Capitania de Mato Grosso. Em 1800, um incêndio destruiu o povoado, do qual restou apenas uma capela. A reconstrução se deu ao longo do tempo e o distrito de Corumbá foi criado em 1838, mas só recebeu atenção por volta de 1850 em função das relações diplomáticas entre o Brasil e o Paraguai.

O Governo Imperial do Brasil e o Governo da Província voltaram-se para os problemas na fronteira sul de Mato Grosso, determinando a livre navegação do rio Paraguai o que favoreceu a economia da região. Em 1853, o porto foi liberado para o comércio e, a partir de 1856, estabeleceu-se o livre trânsito de barcos brasileiros e estrangeiros no rio Paraguai. A Alfândega foi instalada em 1861 e o porto - com sua localização geográfica privilegiada - transformou-se no principal entreposto comercial e um importante centro econômico, rompendo o isolamento da região.

Em 1862, a povoação foi elevada à categoria de vila e, em 1878, à categoria de cidade. Nessa época, Corumbá era considerada um centro de influência na zona de fronteira entre o Pantanal (Brasil) e a região do Chaco (Bolívia e Paraguai).Durante a Guerra do Paraguai (1864 – 1870), a cidade foi invadida e destruída por Solano Lopez e a navegação comercial interrompida. Em 1864, o Forte Coimbra foi atacado pelo coronel paraguaio Vicente Barrios, com três mil homens embarcado. Após a guerra, Corumbá estava devastada, mas ainda mantinha o seu porto, o que favoreceu a sua rápida recuperação.

Os imigrantes europeus e de outros países sul-americanos estabeleceram-se na cidade, a partir de 1870, impulsionando o seu desenvolvimento. Corumbá se tornou, então, o terceiro maior porto fluvial da América Latina com intenso movimento de embarcações estrangeiras. Os primeiros anos do século XX, trouxeram um período de crescimento demográfico em função da alta rotatividade de negócios, gerando muito capital para os seus empreendedores. A cidade era muito importante para o desenvolvimento brasileiro e a ocupação das fronteiras, e o Governo Imperial concedeu isenção tributária para importação e exportação de mercadorias pelo seu porto.

Nesse período, Corumbá viveu seus dias de glória com o florescimento da economia e da cultura. Essa classe do "grande comerciante dos portos" só teve seu poderio derrubado em meados desse século, com a conclusão da ligação rodoviária Campo Grande-Cuiabá. Esse declínio acarretou um processo de decadência em grandes proporções, indicado no progressivo abandono do casario do Porto. A cidade passou a priorizar, comercialmente, a agropecuária, a exploração mineral e o turismo. Até a década de 1950, os rios eram os únicos meios de comunicação da região e a Corumbá vivia sob a influência dos países da Bacia do Prata, dos quais herdou grande parte dos seus costumes, hábitos e linguagem.

Monumentos e espaços públicos tombados: Casa Vanderley & Baís e Casa Vasquez (Museu do Homem do Pantanal), Hotel Galileo, Escadaria e Praça General Rondon, Porto Geral, Praça Generoso Ponce, Praça do Beco da Calendária, Travessa do Mercúrio, e estacionamento da Rua Domingos Sahid, entre outros.

Forte Coimbra: conjunto de edificações - Atual Grupo de Artilharia da Costa do Exército. O núcleo original do Forte - Presídio de Nova Coimbra - foi construído, em 1775, para a defesa da fronteira portuguesa com a América espanhola (atuais Paraguai e Bolívia). A sua localização às margens do médio Paraguai foi importante para facilitar o acesso e consequente povoamento da região. Até 1872, desempenhou importante papel na defesa das fronteiras. Em 1983, houve a implantação do Projeto Parque Histórico-Turístico Forte de Coimbra, às margens do rio Paraguai. Compõe o conjunto de edificações a capela, casa de pólvora, alojamento, pátios internos e a muralha com os baluartes. No local, há alguns canhões da Marinha.  

Obras do PAC Cidades Históricas

Restauração:
Prédio da Antiga Prefeitura
Prédio do antigo Hotel Internacional
Antigo Presídio - Casa do Artesão
Casarão da Comissão Mista
Casarão do ILA - Instituto Luiz de Albuquerque
Igreja Nossa Senhora da Candelária
Antigo Mercadão e Requalificação da Praça Uruguai

Requalificação:
Praça da República
Praça da Independência

Requalificação urbanística:
Ligação da parte alta e parte baixa da cidade (implantação de passarela)

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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