Olinda (PE)
Olinda foi a segunda cidade brasileira a ser declarada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1982, após Ouro Preto (MG), e seu conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico havia sido tombado, pelo Iphan, em 1968. Destacam-se, na cidade, excepcionais exemplos de arquitetura religiosa dos séculos XVI e XVII, como o Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e o Convento de Nossa Senhora das Neves que integra o conjunto arquitetônico do Convento de São Francisco.
Vizinho a Recife, capital de Pernambuco, o centro histórico de Olinda abrange uma área de 1,2 quilômetro quadrado e cerca de 1.500 imóveis, os quais testemunham diferentes estilos arquitetônicos: edifícios coloniais do século XVI harmonizam-se às fachadas de azulejos dos séculos XVIII e XIX e às obras neoclássicas e ecléticas do início do século XX. O traçado urbano é característico dos povoados portugueses de origem medieval, com seu encanto intensificado pela paisagem e localização.
Olinda - uma das mais antigas cidades do Brasil - é predominantemente residencial, marcada por espaços exíguos, pelo casario e seus quintais arborizados com muitas espécies frutíferas trazidas pelos colonizadores. Os espaços maiores foram reservados aos largos e praças que, definidas pelos edifícios religiosos, são responsáveis em grande parte pela estruturação da malha urbana.
Apesar da fragilidade geológica do território e consequente dificuldade para sua conservação, a cidade manteve-se bastante íntegra. O informal e sinuoso traçado urbano, a riqueza de igrejas e conventos barrocos, como a Igreja da Sé (1537), somam-se ao casario singelo com fachadas de azulejos e balcões de treliça, os muxarabis. Casas e muros definem as ruas tortuosas e ladeiras íngremes
As características essenciais do centro histórico estão expressas na forma e concepção do sítio, nos materiais empregados em suas edificações, na manutenção do uso residencial como predominante e na maneira de morar de seus habitantes, ao longo dos séculos, além do artesanato e tradições imbricadas entre o sagrado e o profano. Essas características são atestadas no mais antigo documento existente sobre Olinda, a Carta do Foral que registra o primeiro plano diretor da cidade, e pela cartografia holandesa e gravuras de Frans Post (século XVII).
A cidade conserva, com muita fidelidade, a trama urbana, a paisagem e o sítio da vila fundada em 1535, por Duarte Coelho Pereira. Merecem destaque especial os raros exemplares de edifícios sacros remanescentes desse século. Seu acervo representativo de várias épocas integra-se de maneira exemplar ao sítio físico, formando um conjunto peculiar, cuja atmosfera é garantida pela presença do mar e da vegetação. O caráter próprio e diferenciado de Olinda está nessa ambiência paisagística, que a identifica ao longo da história.
Configura-se, ainda hoje, pela sua ocupação como uma pequena vila com vultosas igrejas no cume dos montes, sobrados imponentes e um grande conjunto de casas singela assentadas em um tecido urbano que se amolda à topografia acidentada, definindo perspectivas visuais que revelam a sua relação com o porto (ilha do Recife), pelo istmo, mantendo e expressando uma ambiência que é capaz de rememorar o que fora a antiga vila de seus primórdios até sua consolidação, no século XVIII.
Fundada em 1537, a então capital da capitania de Pernambuco viveu, nessa época (século XVI), o período áureo da economia da cana de açúcar e se consolidou como sede da capitania de Pernambuco. Em 1630, foi invadida pelos holandeses e incendiada, um ano depois. Com a cidade destruída pelo incêndio, houve a transferência da capital para Recife. Após 25 anos de guerra, consolidou-se o domínio português, mas a hegemonia de Olinda confrontava-se com o crescimento do Recife. A cidade perdeu definitivamente o título de capital para Recife, em 1837.
Sua reconstrução se deu ao longo do século XVIII, com novas igrejas e restauração das antigas atingidas pelo incêndio. Durante esse século, sediou conflitos de motivação nativista e libertária contra a Coroa Portuguesa, que ocorreram no processo da Independência do Brasil. Após atravessar uma fase refluxo no mercado açucareiro, passou a exercer outros papéis urbanos e ganhou estatura aristocrática e se tornou um local voltado para recreação, estudo, tratamento da saúde e devoção religiosa.
Monumentos e espaços públicos tombados: Convento e Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Convento de Nossa Senhora das Neves, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Igreja do Rosário dos Homens Pretos de Olinda, Igreja do Carmo (importante monumento religioso setecentista), Observatório do Alto da Sé, Museu Regional, Parque do Carmo e Sítio de Seu Reis (o mais importante espaço público do núcleo histórico de Olinda), Fortim, Beco Bajado, Largo do Cruzeiro, Largo do Varadouro, Largo do Cruzeiro de São Francisco, Largo da Conceição, Largo do Rosário, Parque do Carmo, Bica do Rosário e Rua Saldanha Marinho, entre outros.
Igreja de Nossa Senhora da Graça e Seminário de Olinda - Localizada no alto do Morro do Seminário, foi uma das primeiras a serem construídas no Brasil, a partir de 1551, por ordem de Duarte Coelho, para catequizar os indígenas. O incêndio de Olinda, em 1631, danificou o complexo seriamente. A igreja e o colégio foram reerguidos, entre 1661 e 1662. Atualmente, a fachada apresenta desenho renascentista, singelo e despojado. O teto em duas águas com forro de caibros aparentes de madeira ainda é do século XVII.
Ordem dos Carmelitas - Instalou-se em Olinda, na ermida de Santo Antônio e São Gonçalo, por volta de 1580 quando teve início a construção do Convento e Igreja de Santo Antônio, a primeira da Ordem, na América Latina. Quando Olinda foi destruída pelos holandeses, em novembro 1631, a igreja e o convento sofreram sérios danos. A partir de 1654, com a expulsão dos invasores, os frades voltaram ao convento em ruínas e iniciaram a reconstrução.
Convento de São Francisco - Datado de 1585. Com a invasão holandesa, em 1631, o edifício foi seriamente danificado e abandonado. Após sua reconstrução, no século XVIII, tornou-se um dos mais belos conjuntos do Brasil. O convento é parte de um conjunto arquitetônico barroco de excepcional importância, que inclui a Igreja de Nossa Senhora das Neves, a Capela de São Roque, o claustro e uma belíssima sacristia franciscana. A igreja, contígua ao convento, tem nave única e capela lateral. O interior da nave é composto por forro em gamela, com pintura sobre painéis e paredes decoradas por azulejos em azul e branco.
Forte de São João Batista do Brum - O atual Museu Militar começou a ser construído em 1629, no istmo de Olinda, e o projeto continuado pelos holandeses, após invadirem a região, em 1630. Após a retomada portuguesa do forte, em 1654, foi elaborada uma planta para sua reconstrução, que incluiu o fosso inundado protegido pelo muro. Refúgio, durante a Revolução Pernambucana, para o governador e capitão-general da Província de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, e de cárcere para prisioneiros de guerra na Confederação do Equador e Insurreição Praieira.
Obras do PAC Cidades Históricas
Restauração:
Casarão Hermann Lundgren (implantação do Centro da Memória de Olinda)
Igreja do Bonfim
Igreja de São Pedro
Mosteiro de São Bento
Bicas de Olinda - dos 4 Cantos, do Rosário e de São Pedro
Fortim de São Francisco
Palácio dos Governadores - etapa final
Sobrado do Arquivo Público Municipal Antonino Guimarães
Cine Teatro Duarte Coelho - implantação da Escola de Cine Animação
Requalificação:
Área do Fortim - implantação do Mercado de Peixes, Moluscos e Crustáceos
Largo do Amparo e São João
Largo e Adro da Igreja de Nossa Sra. do Monte
Adro do Convento Franciscano
Praça do Museu de Arte Moderna (Mac) e área das ruínas do Senado de Olinda
Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE