Pelotas (RS)

Pelotas possui um dos maiores acervos de estilo eclético do Brasil, em quantidade e qualidade, com 1300 prédios inventariados. Data de 1955, o primeiro tombamento realizado pelo phan, no município: o obelisco construído em homenagem a Domingos José de Almeida, por sua participação na Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), entre 1835 e 1845.  

Às belezas naturais da região somam-se o belo e imponente casario, acervo arquitetônico de uma época de glória e opulência, construído sob forte influência europeia. O município de Pelotas está situado às margens do Canal São Gonçalo, que liga as lagoas dos Patos e Mirim, as maiores do Brasil. As bacias contribuintes de ambas recebem 70% do volume de águas fluviais do Estado do Rio Grande do Sul.

A primeira referência histórica do surgimento do município data de 1758, quando Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela, doou ao coronel Thomáz Luiz Osório, as terras que ficavam às margens da lagoa dos Patos. Fugindo da invasão espanhola, em 1763, muitos dos habitantes da Vila de Rio Grande (no extremo sul do Brasil) buscaram refúgio nas terras de Osório. A eles vieram juntar-se os retirantes da Colônia do Sacramento, entregue pelos portugueses aos espanhóis em 1777, cumprindo o tratado de Santo Ildefonso assinado entre os dois países.

Em 1780, o português José Pinto Martins, que abandonara o Ceará em consequência da seca, funda às margens do Arroio Pelotas a primeira charqueada, valendo-se da abundância de gado a esmo pelos campos. A prosperidade do estabelecimento, favorecida pela localização, estimulou a criação de outras charqueadas e o crescimento da região, dando origem à povoação que demarcaria o início da cidade de Pelotas.

Fundada em 1812, por iniciativa do padre Pedro Pereira de Mesquita. A Freguesia de São Francisco de Paula passou a vila em 1832. Três anos depois, foi elevada à categoria de cidade com o nome de Pelotas, em homenagem às rústicas embarcações feitas com couro animal e quatro varas corticeiras, para a travessia dos rios.  A cidade prosperou devido às charqueadas e aos curtumes.

Tanto o charque quanto o couro eram exportados, principalmente para a França, pelo seu porto localizado à margem do Canal São Gonçalo que liga as lagoas dos Patos e Mirim, o que gerou enorme riqueza. Pelotas prosperou, transformando-se, nas primeiras décadas do século XIX - de incipiente povoação que era ao final do século XVIII - em verdadeira capital econômica da região, mantendo-se durante todo aquele século como uma das mais ricas e adiantadas cidades da Província.

Habitaram a cidade nove barões, dois viscondes e um conde, o que rendeu à sua sociedade a pecha de “aristocracia do charque” ou os “barões da carne-seca”. Ao longo do século XX, a região de Pelotas se consolidou como a maior produtora de pêssego para a indústria de conservas do país, além de outros produtos como aspargo, pepino, figo e morango. O município também se destaca por sediar o maior parque agroindustrial de conservas alimentícia e pela maior capacidade de abate de bovino no âmbito estadual, tornando-se um grande beneficiador de peles e couros.  

Monumentos e espaços públicos tombados: Teatro Sete de Abril, Catedral de São Francisco de Paula, Grande Hotel, Biblioteca, Paço Municipal, Mercado Municipal, Casa Nº 2, Casa Nº 6, Secretaria de Finanças, Fonte das Nereidas, Praça Coronel Pedro Osório, Largo do Mercado, Beco das Artes, Beco dos Doces e das Frutas.

Teatro Sete de Abril - Inaugurado em 1834, foi construído a partir de projeto do engenheiro militar alemão Eduardo Von Kretschmar e passou, posteriormente, por duas reformas. Possui dois pavimentos. A primeira reforma ocorreu no final do século XIX (1895) e a segunda, em 1916, sob influência do art nouveau, suprimindo o pórtico e a varanda. Sua sala à italiana, com decoração sóbria, possui galerias protegidas com gradis metálicos. A Sociedade Scenica do Theatro Sete de Abril foi criada em 1831, para festejar a abdicação de D. Pedro I. O teatro mantém-se em funcionamento desde sua fundação, recebeu inúmeras companhias de ópera europeias e abrigou a Filarmônica Pelotense.

Caixa d'água - Atual reservatório de água da cidade. Exemplar de arquitetura industrializada em ferro, com estruturas importadas da Casa Fouila, Fréres & Cia. (de Paris), pela Cia. Hidráulica Pelotense, em 1872. Sua construção foi concluída em 1875, pouco depois de iniciado o abastecimento de água potável na cidade. Construído com elementos pré-fabricados de ferro, tem forma cilíndrica, com diâmetro de 15 metros. Apoia-se em 45 colunas esbeltas, com 8 m de altura, decoradas com detalhes em ferro fundido.

Casas à Praça Coronel Pedro Osório 2, 6 e 8 - O conjunto é formado por três casarões em estilo eclético, construídos por volta de 1880, por charqueadores e políticos de famílias tradicionais como Viana, Moreira, Albuquerque Barros e Antunes Maciel. Os interiores apresentam requintados forros em gesso e em marmorino, pinturas e barras decorativas nas paredes e esquadrias com vidros de cristal trabalhados. Nos exteriores, há gradis de ferro fundido, além de platibandas decoradas com estátuas e jarrões de louça. Sua arquitetura utilizou projetos, materiais e elementos decorativos importados da Europa.

Obelisco Republicano (Monumento Republicano) - Com alvenaria pintada em branco, possui 8,71 m de altura e está assentado sobre base quadrangular, circundada por gradil de ferro. As placas de bronze apresentam inscrições sobre Domingos José de Almeida (1884) e o Centenário da Pacificação Farroupilha, comemorado em 1945, além de outras inscrições históricas. Em relevo, o escudo da República Rio Grandense (proclamada pelos farrapos), o Barrete Frígio e o emblema da Fraternidade, símbolos do Movimento Republicano. Construído pelo Partido Republicano de Pelotas, em homenagem a Almeida, mineiro que se fixou em Pelotas, aos 22 anos. Rico proprietário de charqueada e dono de um estaleiro, foi um dos financiadores da Revolução Farroupilha (1835-1845), Ministro da Fazenda do governo provisório e defensor da Proclamação da República. É o único monumento brasileiro erigido ao ideal republicano durante a monarquia, em 1885.

Obras do PAC Cidades Históricas

Restauração:
Theatro Sete de Abril
Galpões anexos à Estação Férrea - Centro Administrativo

Implantação:
Museu da Cidade de Pelotas (Casa 6)

Requalificação:
Praça Cel. Pedro Osório e travessias acessíveis (etapa final)

Etapa final:
Restauração da Casa 2 - Centro Cultural Adail Bento Costa
Obra do Antigo Grande Hotel

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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