Porto Alegre (RS)

O primeiro tombamento em Porto Alegre, pelo Iphan, ocorreu em 1938, com a proteção da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Anos mais tarde, foram tombados os acervos museológicos do Museu Júlio de Castilhos e o Palácio Farroupilha. O reconhecimento dos bens representativos das áreas de imigração ocorreu a partir dos anos 1980.  A Vila de Santo Amaro, de influência luso-brasileira, e o Sítio Histórico das Praças da Matriz e da Alfândega, no centro da cidade, também são representativos do Patrimônio Cultural Brasileiro, no Rio Grande do Sul.

A capital do Estado é conhecida como capital dos Pampas - região de fauna e flora características, formada por extensas planícies que dominam a paisagem do extremo sul do Brasil, parte da Argentina e do Uruguai. Nos pampas, está o berço do gaúcho - figura histórica de espírito guerreiro - resultado de lendárias batalhas e revoltas por disputas de fronteiras entre os Reinos de Portugal e Espanha, a partir do século XVI. A cidade acolheu imigrantes de todo mundo, entre os séculos XVIII e XX, e o conjunto de múltiplas expressões e origens étnicas e religiosas transformou-a em uma cidade multicultural.

O povoado nasceu de uma pequena colônia de açorianos que se estabeleceram na região, por volta de 1752.  Oficialmente fundada em 1772, como Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, em referência aos casais açorianos que povoaram a região, e elevada a capital da Província, em 1773, com o nome Madre de Deus de Porto Alegre.  Nos anos seguintes - com a construção das Praças da Matriz e a da Alfândega, da sede de governo e um cemitério, prisão, teatro e a Igreja Matriz -, começava a surgir a Porto Alegre atual.

A partir de 1821, elevada por dom Pedro II à categoria de cidade, desenvolveu-se com as exportações de trigo e charque, por sua localização estratégica às margens do rio Guaíba e da lagoa dos Patos. Esse período se estendeu até a deflagração da Revolução Farroupilha (Guerra dos Farrapos), de 1835 a 1845, entre a Província de São Pedro do Rio Grande do Sul e o Governo Imperial do Brasil.

Entre 1856 e 1858, foi edificado um novo cais, composto por paredões, trapiches, escadarias, parapeitos e assentos. Em razão dos serviços de que dispunha e com a região mais uma vez em conflito com a Guerra do Paraguai (1864-1870), houve uma nova fase de crescimento econômico, acentuada pela imigração, principalmente de italianos e alemães. Ganhou importância como centro comercial, administrativo e militar, graças ao escoamento da produção vinda de terras cultivadas pelos imigrantes, pelo porto no rio Guaíba.

Na virada do século XIX para o XX, o desenvolvimento industrial da cidade foi acompanhado pelo crescimento populacional. A fase de prosperidade - entre 1900 e 1930 - viu surgir a Avenida Independência que se consolidou como a preferida pelas elites de comerciantes e industriais para construção das suas residências. O mesmo aconteceu com a Rua Duque de Caxias e, mais tarde, a continuidade da Av. Independência no bairro Moinhos de Vento. A infraestrutura anteriormente exclusiva da área do centro foi estendida para essa região pela administração municipal, como o calçamento de paralelepípedos, em 1925.

A construção dos palacetes caracterizou uma mudança na arquitetura, com a adoção do ecletismo em substituição à arquitetura do período colonial. Pouco a pouco, os palacetes foram sendo construídos com materiais importados e mão de obra mais qualificada, também para construção de prédios públicos. Porto Alegre ganhou importância como centro comercial, administrativo e militar, graças ao escoamento da produção vinda de terras cultivadas pelos imigrantes, pelo porto do rio Guaíba.

Nessa época, foram construídos grandes casarões coloniais portugueses e outros prédios administrativos no mesmo estilo, além de estruturas importantes como o Mercado Público Municipal. O Theatro São Pedro é um exemplar da florescente vida cultural e política da capital gaúcha, nesse período. A década de 1940, com a urbanização de outros bairros, inicia a degradação dos palacetes da região, que passam a ser ocupados por pensões, comércio ou substituídos por prédios de apartamentos.

Monumentos e espaços públicos tombados: Igreja Nossa Senhora das Dores, Solar dos Câmara, Antiga Sede dos Correios e Telégrafos, Portão Central e armazéns laterais do Cais do Porto, Palacete Argentina, Observatório Astronômico, Faculdade de Direito, Palácio Piratini, Pinacoteca de Porto Alegre, Biblioteca Pública do Estado, Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Memorial do Rio Grande do Sul, e as praças da Alfândega e da Matriz.

Igreja de Nossa Senhora das Dores - Construção em estilo eclético, iniciada em 1833, sobre edificação anterior, utilizada como capela mor, conservando-se a imagem de sua padroeira. Concluída, em 1901, pelo arquiteto de origem alemã, Júlio Weise, sua decoração interna e as talhas dos altares são obra do mestre português João do Couto e Silva. As pinturas dos forros foram feitas por Germano Traub. Em seu projeto original, possuía torres barrocas com cúpulas arredondadas, ao gosto português.

Solar dos Câmara - Construído entre 1818 e 1824, José Feliciano Fernandes Pinheiro, primeiro Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul para sua residência. A casa, além de se tornar um marco da paisagem porto-alegrense, também serviu como cenário para importantes reuniões e encontros políticos. Concebida inicialmente em estilo colonial português, passou por grande reforma em 1874, atendendo ao estilo neoclássico. Durante a ampliação do prédio, os ambientes internos receberam requintes como veludos, lustres, tapetes e cristais. É o remanescente mais antigo de arquitetura residencial do século XVIII, em Porto Alegre.

Antigo prédio dos Correios e Telégrafos (Memorial do Rio Grande do Sul) - Sua construção foi iniciada em 1910 e concluída em 1913, tendo como executores do projeto o engenheiro Rodolfo Ahrons e o arquiteto Teodor Wiederspahn. O estilo arquitetônico é marcado pela tendência às formas abarrocadas e as principais esculturas retratam temas relacionados às famílias de imigrantes. Havia, nesse período, uma política de incentivo à imigração e sua integração à economia colonial.

Pórtico Central e Armazéns do Cais do Porto - A levíssima estrutura de ferro do Pórtico era a porta de entrada da capital para os viajantes que, nos anos 1920, chegavam a bordo dos paquetes. O pórtico, de origem francesa, construído entre 1911 e 1922, descortina 3,2 mil metros de calçadas de pedra, onde se alinham 17 armazéns.

Palacete Argentina - A edificação construída em 1901, pelos irmãos Tomatis, para Sebastião de Barros. A partir de 1940, abrigou o Grupo Escolar Argentina, sendo desapropriada pelo governo estadual, em 1971. O requintado sobrado urbano, com características ecléticas, integrava o conjunto de edificações da Avenida Independência do qual restam poucos exemplares. Possuía paredes pintadas com padronagens geométricas ou com motivos florais, executadas com cores fortes e barras decorativas junto aos forros. Destaque para os vitrais art nouveau, art déco e elementos trabalhados em jacarandá.

Observatório Astronômico da UFRGS - Projeto do engenheiro Manoel Barbosa Assumpção Itaqui, construído entre 1906 e 1908. Segundo especialistas, é o mais completo exemplar da arquitetura art nouveau existente em Porto Alegre. Suas fachadas são ricas em elementos decorativos de inspiração animal e vegetal. No ponto mais elevado da edificação, está a cúpula giratória, construída em ferro e revestida com madeira. Merecem destaque, ainda, a pintura mural existente no terceiro pavimento, representando Saturno, o Deus do Tempo e a requintada caixilharia em madeira com acabamentos rendilhados.

Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Criada em 1900, foi a primeira do gênero no sul do Brasil e um dos marcos do ensino humanístico na universidade. Sua arquitetura monumental e simétrica é definida pela regularidade do seu volume em forma de prisma retangular, dotado de um frontão clássico. No interior, observa-se a monumentalidade do conjunto, com suas escadarias de mármore e corrimão em estuque veneziano, pinturas decorativas nos tetos e paredes, e os vitrais representando a Justiça, a Doutrina e a Ciência. Convém destacar, ainda, o magnífico mural de Ado Malagoli presente no auditório.

Sítio Histórico da Praça da Matriz - Localizada no coração da cidade de Porto Alegre, em 1770, a praça era conhecida como Alto da Praia. Com poucas edificações era apenas um terreno com declive acentuado, marcado pela erosão. Entre 1772 e 1773, ergueu-se, na área da atual Catedral Metropolitana, uma Igreja Matriz, em homenagem a Nossa Senhora de Madre de Deus. A área passou a ser chamada de Largo ou Praça da Matriz. A região só ganhou destaque em 1858, com a inauguração do Theatro São Pedro. As obras de ajardinamento, arborização e calçamento começaram a partir de 1881.

Sítio Histórico da Praça da Alfândega - A história da Praça da Alfândega está ligada às suas atividades no século XVIII, no antigo porto fluvial da cidade, no rio Guaíba. Em julho de 1782, um cais de pedra foi construído para facilitar o embarque e desembarque de passageiros e mercadorias. Em 1804, o local ganhou um trapiche de grandes dimensões, com 24 pilares de cantaria adentrando o leito do rio. Em 1866, a Companhia Hidráulica Porto-Alegrense instalou um chafariz de ferro bronzeado na praça e deu início à arborização. A praça é cercada por importantes construções, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli e o Memorial do Rio Grande do Sul.

Ponte do Imperador - Localizada sobre o rio Feitoria, no município de Ivoti, teve sua construção iniciada em 1855. Recebeu este nome em homenagem ao imperador Dom Pedro II, que governava o Brasil nessa época. Construída em cantaria de pedra grês, possui 88 metros de comprimento, 14 metros de altura e 14,2 metros de largura, com três arcos plenos para a passagem de água e de saídas laterais com rampas de acesso às residências. Uma obra notável para a época, em função de suas grandes dimensões, substituiu uma ponte de madeira. Ligava a região colonial e a capital da Província, por onde passava toda produção dos imigrantes a caminho do mercado consumidor, em Porto Alegre.
 
Coleção arqueológica, etnográfica, histórica e artística do Museu Júlio de Castilhos - Criado em 1903, por decreto do Presidente da Província Dr. Borges de Medeiros e instalado na casa construída em 1887, pelo comandante da Escola Militar do Estado, Catão Augusto dos Santos Roxo. A partir de 1897, a casa funcionou como residência do Presidente do Estado, Júlio Prates de Castilhos. O acervo do Museu reúne a principal coleção referente à história do Rio Grande do Sul. Contém peças arqueológicas das primeiras ocupações humanas no Estado e da ocupação espanhola, na região das Missões Jesuítico-Guarani, além de objetos de diversos períodos históricos gaúchos e de sua capital, principalmente de fatos políticos.

Obras do PAC Cidades Históricas

Requalificação:
Praça da Matriz e restauração do Monumento a Júlio de Castilhos

Finalização da requalificação:
Praça da Alfândega

Finalização da restauração:
Casarão da Pinacoteca Rubem Berta
Palacete Argentina e anexo - Iphan

Restauração:
Museu Júlio de Castilhos
Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Antiga sede dos Correios - Memorial do Rio Grande do Sul
Arquivo Histórico do Estado
Mercado Público

Etapa final da restauração:
Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa

Fontes: Arquivo Noronha Santos/Iphan e IBGE

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