Tiradentes (MG)
O conjunto arquitetônico e urbanístico de Tiradentes - tombado pelo Iphan, em 1938 - representa um dos mais importantes episódios de interiorização e consolidação da colonização do território brasileiro. O patrimônio tombado compreende, além das edificações tipicamente coloniais, os vestígios da forma de ocupação da cidade, o modo como os lotes se subdividem, a formação das quadras, as relações entre as áreas mais densas e as de menor ocupação, assim como as áreas verdes contíguas ao sítio urbano tradicional.
A cidade apresenta um dos acervos arquitetônicos mais importantes de Minas Gerais, constituído por construções setecentistas religiosas, civis e oficiais. Na arquitetura civil, destaca-se a harmonia do casario térreo, caracterizado pela simplicidade de suas linhas que se alongam em lances contínuos pelas ruas principais da cidade. Algumas peculiaridades também se sobressaem na paisagem urbana, como as casas térreas com número ímpar de janelas, vergas abatidas e vedações em guilhotinas e treliçados, cuidadosamente elaboradas.
Os sobrados, em menor número, caracterizam-se tanto pelo tratamento requintado da cantaria nos vãos (incluindo, em alguns casos, pinturas policromadas), quanto pelos acabamentos internos de extrema riqueza, particularmente nos forros pintados e apainelados marcados por composições policromadas com figuras e elementos decorativos do barroco. Entre as construções assobradadas de maior porte, destaca-se a Prefeitura Municipal, além de outras edificações oficiais como o prédio do Fórum.
A Igreja Matriz de Santo Antônio distingue-se como um dos mais importantes exemplares de arquitetura religiosa colonial mineira, com risco de autoria de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. A igreja construída dentro dos padrões das grandes matrizes de Minas Gerais possui riquíssima ornamentação da nave e da capela-mor, e das diversas sacristias ricamente decoradas, além da excepcional composição do coro e belíssima decoração do órgão, considerado uma peça única em Minas Gerais.
Em Tiradentes, destacam-se os vestígios da interação entre processos naturais e sociais, produzidos a partir do século XVIII, em território desbravado pelos colonos que buscavam riquezas, superando as resistências e tirando partido das condições naturais. A cidade ocupou os terrenos altos e de pouca declividade, entre os córregos e o rio das Mortes, evitando o solo frágil que se abre em voçorocas e as encostas mais íngremes. Nas áreas de baixada - alagadiças e inadequadas para a ocupação urbana -, era feita a extração de ouro e realizados alguns serviços urbanos.
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