Patrimônio Arqueológico - AP
O Amapá possui um vasto e diversificado patrimônio arqueológico, que vem sendo explorado desde o final do século XIX, quando, em 1895, foram encontrados pela expedição do naturalista Emílio Goeldi sítios arqueológicos com artefatos cerâmicos depositados em poços funerários. A partir daí, ocorreram pesquisas de forma esporádica, destacando-se a realizada por Aureliano Lima Guedes no setor estuarino do Amapá e a passagem de Curt Nimuendajú, na década de 1920, pela costa norte do Estado. Em 1957, o casal Meggers e Evans trabalhou na região, introduzindo a moderna arqueologia histórico-culturalista no nordeste amazônico.
Pesquisas arqueológicas mais recentes têm conferido uma significativa visibilidade ao patrimônio arqueológico do Estado. Os resultados demonstram que ocupações antigas se deram por populações heterogêneas que apresentavam uma diversidade cultural bem marcada, como pode ser observado nas cerâmicas e urnas funerárias de Maracá, nos megalitos de Calçoene, na presença da fase Koriobo, ou ainda nas cerâmicas Marajoara encontradas no Estado. Existem sítios arqueológicos registrados em todos os municípios do Amapá, e esse patrimônio apresenta grande diversidade.
Alguns desses sítios são da época colonial e marcam o início da chegada dos primeiros europeus à região. Os mais conhecidos são os da Fortaleza de São José de Macapá e a antiga Vila de Mazagão Velho. As regiões de Maracá, Calçoene, Oiapoque e Pacuí são algumas das áreas pesquisadas. No município de Calçoene, estudos autorizados pelo Iphan e realizados pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) revelaram um monumental sítio megalítico formado por imensas placas de granito em cuidadosa disposição circular. Este sítio parece indicar uma preocupação astronômica, um centro de observação. Também foram localizados poços escavados e urnas funerárias, o que pode sugerir que o local foi um complexo centro cerimonial.
Há aproximadamente 2.000 anos, o Estado foi densamente ocupado por grupos que fabricavam vasilhas de cerâmicas e vestígios desses grupos são encontrados no município de Mazagão. Os principais achados foram em grutas naturais, onde os habitantes da região depositavam urnas funerárias diretamente no solo, em disposições específicas. Essas urnas possuem a forma de homens e mulheres sentados em bancos, e têm sido classificados pelos arqueólogos como cultura Maracá. Nessa região, também são encontrados outros tipos de sítios arqueológicos, como cavernas com pinturas rupestres e sítios de habitação.
Forte de Cumaú - A Superintendência do Iphan - em parceira com Iepa, a Universidade Federal do Amapá (Unifap) e o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) - realizou o Projeto de Pesquisa Histórica e Arqueológica para Identificação do Forte Cumaú, localizado na região do Igarapé da Fortaleza, município de Santana, e construído por colonos ingleses, em 1631. No mesmo período, ao saber da existência do Forte, Portugal ordenou um ataque para destruí-lo e expulsar os ingleses da região. Por volta de 1680, os portugueses iniciaram a construção de um novo forte no mesmo local, chamado Forte de Santo Antônio. Nas escavações foram encontrados pedaços de tigelas e pratos europeus, junto à cerâmica indígena. Com a pesquisa foi possível observar que havia uma grande aldeia indígena ao redor do Forte, indicando uma convivência próxima e intensa entre europeus e indígenas.