Conjunto Moderno da Pampulha - Belo Horizonte (MG)
O Conjunto Moderno da Pampulha, situado em uma das regiões mais tradicionais de Belo Horizonte (MG), recebeu o título de Patrimônio Mundial durante a 40ª Reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que aconteceu em Istambul (Turquia), no dia 16 de julho de 2016. A Pampulha é o primeiro bem cultural a receber o título de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno. O Iphan tombou todo o Conjunto, em 1997. Para a UNESCO, representa uma obra-prima do gênio criativo humano, e o próprio Oscar Niemeyer o considerou uma de suas obras mais importantes.
A candidatura, idealizada desde 1996 com a inclusão do Conjunto na Lista Indicativa do Brasil, concretizou-se somente em 2014, quando foi entregue ao Iphan o Dossiê de Inscrição na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, na tipologia Patrimônio Moderno. O Iphan favoreceu a constituição dos comitês técnico, estratégico e gestor, envolvendo diferentes atores de interesse em âmbito municipal e estadual, do setor público e da sociedade civil.
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Concebido como uma obra de arte total, integrando as peças artísticas aos edifícios e estes à paisagem, nele estão as quatro primeiras obras assinadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer, projetadas na década de 1940. Inspirado nas concepções do suíço Le Corbusier (pseudônimo de Charles-Edouard Jeanneret-Gris), criador dos Cinco Pontos da Nova Arquitetura – planta livre, fachada livre, pilotis, terraço jardim e janelas em fita –, Niemeyer planejou os edifícios e incorporou ao projeto a influência moderna.
Formado por uma paisagem que agrega quatro edifícios articulados em torno do espelho d’água de um lago urbano artificial, é composto pela Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube), bens construídos entre 1942 e 1943, e inaugurado na gestão do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitscheck. Completam esse patrimônio cultural os painéis em azulejos criados por Candido Portinari, esculturas de artistas renomados como Alfredo Ceschiatti e José Alves Pedrosa, e os jardins planejados pelo paisagista Roberto Burle Marx.
Burle Marx teve como influência os ideais do resgate da identidade nacional e as vanguardas europeias das artes. Segundo seus próprios depoimentos, o seu contato com a riqueza da flora brasileira em jardins botânicos de Berlim (Alemanha) o fez compreender como seria importante resgatar espécimes nativas nos jardins do país. Comparados a telas de pintura, seus jardins se transformam com o passar dos anos, criando novas e livres maneiras de combinação cromáticas e harmonias entre espécimes.
A área que abriga o Conjunto era parte de uma antiga fazenda, responsável pelo abastecimento agrícola de Belo Horizonte. Loteada e urbanizada na década de 1940, tornou-se um empreendimento modernizador que atraiu a atenção de intelectuais e artistas por promover uma interação entre arquitetura, artes plásticas e paisagismo. Suas formas curvas e as qualidades plásticas do concreto armado materializaram um momento histórico para a arte e a arquitetura. Nessa época, ocorreu, no Brasil, uma intensa produção cultural com novas linguagens de expressão arquitetônica, impulsionada pelas ideias revolucionárias e vanguardistas do modernismo, que influenciou as gerações posteriores.