Significado do acarajé no candomblé
Os bolinhos de feijão fradinho, destituídos do recheio utilizado para o comércio, são, inclusive atualmente, oferecidos nos cultos às divindades do candomblé, especialmente a Xangô e Oiá (Iansã). Para sua comercialização são utilizados vatapá, caruru e camarão seco como recheio e o tabuleiro no qual é vendido também é composto por outros quitutes tais como abará, passarinha (baço bovino frito), mingaus, lelê, bolinho de estudante, cocadas, pé de moleque e outros.
A feitura das comidas de baiana constitui uma prática cultural de longa continuidade histórica, reiterada no cotidiano dos ritos do candomblé e constituinte de forte fator de identidade na cidade de Salvador. No universo do candomblé, o acarajé é comida sagrada e ritual, ofertada aos orixás, principalmente a Xangô (Alafin, rei de Oyó) e a sua mulher, a rainha Oiá (Iansã), mas também a Obá e aos erês, nos cultos daquela religião.
Mediadora entre a casa de santo e a rua, entre o sagrado e o profano a baiana de acarajé é uma das primeiras profissões femininas surgidas no país; e é importante símbolo de um complexo cultural rico, denso e contemporâneo na vida das várias cidades brasileiras, sobretudo em Salvador. A Abam é uma associação que já estava criada e se voltava para encaminhamentos das questões trabalhistas de milhares de mulheres nesta função.