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As comunidades quilombolas Custaneira e Tronco localizam-se no sudeste do estado do Piauí. Eram produtoiras de cana-de-açúcar durante o século XIX e primeiras décadas do XX. Atualmente, caracterizam-se pela extração do pó de carnaúba, matéria-prima para fabricação da cera abrigando os trabalhares - conhecidos por palheiros - que desenvolvem esse árduo trabalho.
Durante esse período as gerações que viveram naquelas comunidades criaram a Lezeira: dança, musicas, batucadas, repertório e resistência à escravidão. A Lezeira pode ser considerada uma negação do eito, ou uma forma de suportar o trabalho que, naquela região, sempre foi executado diante das condições mais adversas. Por isso, pode ser entendida como uma atividade de luta contra a escravidão, ou de resistência às atividades degradantes de extração da palha de carnaúba nos dias atuais.
Esta documentação audiovisual da Lezeira é pioneira, em mais de cem anos de existência dessa manifestação cultural. Este registro é uma forma de documentar uma forma de expressão que possui fortes ligações com outras manifestações culturais das comunidades quilombolas, mas que possui originalidade de repertório, ritmo e dança. Uma singularidade que faz da Lezeira uma expressão desconhecida em outras regiões e não repetida por outros grupos, mesmo do Piauí. Trata-se do cruzamento entre trabalho, a religião (de matriz africana) e o profano, cujo registro audiovisual concederá subsídios para a salvaguarda desse patrimônio cultural das comunidades quilombolas.