Iphan lança catálogo de produtos da Renda Irlandesa

publicada em 24 de novembro de 2014, às 12h11

 

No próximo dia 26 de novembro vai acontecer em Sergipe o lançamento da publicação Catálogo de Produtos da Renda Irlandesa. O artefato, cada vez mais conhecido nacionalmente, tem aberto novas oportunidades para as rendeiras, como a participação em feiras de turismo e artesanato, eventos de arte e design.

A exposição cada vez mais frequente trouxe a necessidade de criar uma publicação que mostrasse o trabalho feito pelas rendeiras.  Assim, surgiu o catálogo que foi produzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com a contribuição das produtoras de Renda Irlandesa do estado. São 40 páginas recheadas de fotos que permitem ao público conhecer as inúmeras possiblidades de uso da Renda Irlandesa, considerada parte da identidade de Sergipe.

O lançamento faz parte do Plano de Salvaguarda de bens registrados, que tem ações de proteção, organizadas em eixos com metas de curto, médio e longos prazos, e resultados monitorados.  O evento é uma iniciativa do Iphan, em parceria com o Instituto Banese e a Prefeitura Municipal de Divina Pastora. O apoio é das Prefeituras de Laranjeiras, Maruim e Santa Rosa de Lima e da empresa Itaguassu Agro Industrial.

Renda Irlandesa
O Modo de Fazer Renda Irlandesa, tendo como referência este ofício em Divina Pastora, no Estado de Sergipe, é relacionado ao universo feminino e vinculado, originalmente, à aristocracia. A partir, especialmente, da metade do século 20, a confecção da renda surgia como uma alternativa de trabalho, e hoje essa tarefa ocupa cerca de trezentas artesãs, além de ser uma referência cultural. O Modo de Fazer Renda Irlandesa, tendo como referência este ofício em Divina Pastora/SE, foi inscrito no Livro de Registro dos Saberes, em 2009.

Constitui-se de saberes tradicionais que foram re-significados pelas rendeiras do interior sergipano a partir de fazeres seculares, que remontam à Europa do século XVII, e são associados à própria condição feminina na sociedade brasileira, desde o período colonial até a atualidade. Trata-se de uma renda de agulha que tem como suporte o lacê, cordão brilhoso que, preso a um debuxo ou risco de desenho sinuoso, deixa espaços vazios a serem preenchidos pelos pontos. Estes pontos são bordados compondo a trama da renda com motivos tradicionais e ícones da cultura brasileira, criados e recriados pelas rendeiras.

O “saber-fazer” é a qualidade mais característica da produção da Renda Irlandesa, a qual é compartilhada pelas rendeiras sob a liderança de uma mestra reconhecida pelo grupo. As mestras traçam o risco definidor da peça, que é apropriado coletivamente. Fazer Renda Irlandesa é, portanto, uma atividade realizada em conjunto, o que permite conversar, trocar ideias sobre projetos, técnicas e pontos. Neste universo de sociabilidades, são reafirmados sentimentos de pertença e de identidade cultural, possibilitando a transmissão da técnica e o compartilhamento de saberes, valores e sentidos específicos.

A cidade de Divina Pastora se tornou o principal polo da renda irlandesa em razão de condições históricas de produção vinculadas à tradição dos engenhos canavieiros, à abolição da escravatura e às mudanças econômicas que culminaram na apropriação popular do ofício de rendeira, restrito originalmente à aristocracia. A renda irlandesa é um tipo de renda de agulha, dentre as muitas existentes no Brasil. Combina uma multiplicidade de pontos executados com fios de linha tendo como suporte o lacê, produto industrializado que se apresenta sob várias formas, sendo o fitilho e o cordão os mais conhecidos na atualidade

Serviço:
Lançamento do Catálogo de Produtos da Renda Irlandesa
Aberto ao público
Data:
26 de novembro de 2014
Horário: 19h
Local: Átrio do Museu da Gente Sergipana

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